XII

432 30 11
                                    

Depois de observa-la por longos segundos, sai do jogo dela e voltei a indagar:

-Falando sério... por que sumiu? Não respondeu minhas mensagens, não apareceu pra me dar carona, sabia que a passagem tá cara? -Perguntei tentando fazer com que ela me desse algum tipo de explicação.

-Ah é? Espera só então quando eu começar a cobrar! -Alexa falou brincando em uma tentativa falha de fugir do assunto.

Continuei a encarando séria afim de que ela me respondesse.

A morena revirou os olhos percebendo minha insistência e suspirou respondendo:

-Ayla, eu realmente não quero falar sobre isso. -Disse com um profundo pesar que fez com que meu peito apertasse tamanha angústia.

-Okay! -Falei baixo enquanto me levantava da bancada da cozinha e caminhava em direção ao sofá de 2 lugares, me tacando no mesmo sem hesitar.

Sentei em uma posição um tanto confortável, apoiando todas minhas costas no encosto e o pescoço também, fazendo com que eu ficasse olhando pro teto.
Estava me sentindo estranha, mal, o ambiente tava estranho, mesmo que na maioria das vezes eu me sentisse em casa.

Senti o lugar ao meu lado ser ocupado, mas permaneci no mesmo lugar, quieta.
Ayla também não falou nada por longos minutos, parecia estar em outro mundo e eu comecei a me sentir sozinha. Não que isso fosse ruim, mas agora era estranho.

-Você já amou, Ayla? - Alexa quebrou o silêncio, perguntando-me em um tom baixo e calmo.

Me venho à mente todos meus relacionamentos e como me sentia com eles, a forma da qual me relacionava, agia...

-Acho que não - Respondi duvidosa tentando lembrar de tudo que sentia e senti.

-Acha? - A morena perguntou.

-Acho que se eu tivesse amado, saberia. - Falei concluindo friamente. -Digo, não é algo que se esquece, sabe? -Expliquei.

Alexa se ajeitou do meu lado parecendo estar incomodada com algo, mas eu não fiz questão de sair da mesma posição de antes.

-Eu já amei. - Confessou-me em um suspiro como se parecesse algo impossível. E honestamente, era um pouco díficil de acreditar com tudo que falavam sobre ela e como ela agia diante outras meninas.

-Sério? - Perguntei, agora me ajeitando de lado no sofá em uma posição que ficasse olhando diretamente pros olhos dela, que também estava olhando pra mim.

-Urum. - Confirmou baixo. -Mas ela terminou comigo e se mudou pra outra cidade, pelo o que ouvi falar. Acho que eu nunca senti algo como aquilo, era incrivel... -Falou desviando o olhar do meu.

-Então você já namorou? - Perguntei solicita, demonstrando interesse. Eu não sabia dessa parte da história dela. Na verdade, ainda não sei muitas partes e isso só me faz querer conhecer mais.

-É, mais ou menos... é complicado.
Eu a amava e ela dizia me amar, mas não parecia. Acho que ela só me queria por perto pra saber que alguém estaria disponível pra ela, sabe? Só que muitas coisas aconteceram e eu não consegui mais ficar disponível. Então ela foi embora. - Alexa falou, me deixando um pouco remexida.

-Isso é injusto -Falei baixo tentando mostrar compreensão. -Apesar de eu nunca ter amado desse jeito, meus relacionamentos sempre foram muito honestos, mesmo já tendo sido traída, na época, nada foi escondido de mim, não é justo ser ruim pra alguém que só te quer bem.

-É, mas ta tudo bem agora... -Falou suspirando.

-Você sente saudades dela? -Perguntei enfatizando a duvida ao pronunciar "dela", qual era o nome dela, afinal?

-Rafaela. Acho que não sinto mais saudades dela em especifico, mas sim do que sentia com ela. -Respondeu sorrindo de lado ao perceber minha dúvida quanto ao nome, voltando a me olhar.

-Você está bem? - Perguntei a observando. Ela parecia sensível, vulnerável. Nua do corpo e vestida da alma.

A morena aproximou-se de mim e do meu rosto, a ponto da sua respiração bater lentamente sobre mim e seu hálito invadir minhas narinas, ela estava próxima demais e meu corpo entrou em estado de alerta. Meu coração batia rapidamente e minha boca havia secado.
Alexa encostou sua testa na minha, ainda me olhando nos olhos e disse em um fio de voz:

-Obrigada!

A palavra foi proferida com tamanha intensidade e sinceridade, que não pude encarar aquele momento com malícia. Continuei a sustentar seu olhar sobre o meu e seus olhos brilhavam com tamanha intensidade que poderia até mesmo ofuscar minha alma. Sua respiração estava calma e por mais que ela não parecesse esperar nenhuma resposta, respondi em um sussurro:

-Não há de quê!

Meu raio de sol - Romance LésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora