cap 8

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-EU NÃO ACREDITO NISSO! – é tudo que consigo dizer quando vejo os cinco álbuns que mais amo no mundo na prateleira acima da cama de Lucas.

Ele me olha atônito, sem entender. Aponto para coleção de CD’s da banda The Strokes.

-Você gosta? – ele pergunta tirando os CD’s de lá, deixando somente os livros ali.

-É claro que gosto! – digo arregalando os olhos. Não era óbvio?

Tiro um dos CD’s de sua mão, o nome do álbum é Angles, o meu favorito. Sorrio ao abrir a caixa do CD, mas Luke o tira da minha mão.

-Eu gosto da banda tanto quanto você, e esse é um clássico, não posso deixar qualquer um abri-lo. – ele diz colocando os CD’s de volta na sua prateleira.

Reviro os olhos pela atitude tosca de Lucas. Sigo alguns passos em direção a cama de casal do quarto e me sento nela sem me importar se Luke irá se incomodar.

Seu quarto é limpo e organizado, o que é surpreendente, já que a maioria dos adolescentes desta idade parece desconhecer o significado da palavra “organização”.

O quarto todo é bem iluminado por luminárias que reluzem o cômodo com a cor branca. As paredes são largas e pintadas num tom bege pastel. Tudo decorado num estilo clássico e chique. Basicamente, parecia o quarto de uma pessoa mais velha.

-Já foi em alguns dos shows? - ele pergunta

-Não - nego com a cabeça, observando-o. -E você?

-Fui com meu pai quando era mais novo, acho que eu tinha onze anos - ele diz - quase não me lembro. O que é uma droga - ele diz e eu concordo. Ir ao show do The Strokes, e não se lembrar...é depressivo.

-Vai me contar o motivo de não ter falado nada sobre saber quem eu era? - pergunto olhando para um dos quadros pendurados na parede.

-Talvez porque eu não quisesse que você soubesse - diz tranquilo. Ele responde se sentando na cadeira, frente a escrivaninha.

-Por que não?

-Porque não faria sentido - ele diz, dando de ombros - Já imaginou o quão estranho seria eu chegar e você e dizer, "Oi, Bela, você não me conhece mas nossos pais vão se casar" - ele diz, imitando uma voz estranha.

É, por um lado ele estava certo, seria estranho, mas deixar que toda aquela situação tomasse o rumo que tomou, era ignorância da parte dele.

-Mas deveria ter dito alguma coisa na festa - solto de uma vez, me arrependendo em seguida ao ver seu rosto se contorcer em confusão.

-O que tem a festa? - ele pergunta seco.

Talvez agora eu esteja começando a lidar com o Lucas que é impaciente e arrogante.

-Você sabe...aquilo jamais teria acontecido se eu soubesse que você era filho da Vanessa -digo, esperando que ele me dissesse algo, que não fosse como eu parecia patética falando desse jeito.

Luke se levanta da cadeira, e prende seus dedos em seus cabelos loiros numa atitude nervosa. Ele suspira e fecha os olhos. Quando os abre, ele parece calmo novamente.

-Escuta - ele diz se sentando ao meu lado na cama - não tenho ideia do que você está falando - eu reviro os olhos e dessa vez, eu bufo em irritação.

Ele não lembra, e eu sim, ou seja, eu pareço uma otária falando essas coisas na frente dele. Maldito momento em que eu abri a boca.

-Mas do jeito que você fala ...-ele continua, agora me olhando -Não deve ter sido algo certo - ele dá uma pequena risada, desconfortável -Então, você simplesmente esquece, e eu...bom, eu obviamente já fiz isso.

Eu, por mais que seja idiota, me sinto decepcionada. Talvez eu ja esperava por isso, que ele fosse esquecer tudo, mas não consigo evitar de não ficar magoada. Se eu soubesse que ele era filho da Vanessa, nós jamais teríamos nos beijados, e eu não estaria me sentindo desse jeito.

Sorrio amarelo, meio que sem jeito para responde-lo

-Tudo bem -me levanto -Vou indo, meu pai está me esperando- digo e vejo-o assentindo enquanto coloca suas mãos dentro dos bolsos da calça.

-Até amanhã então -ele diz e eu me despeço.

XxXx

Quando desço as escadas ouço Vanessa e meu pai conversarem. Era bom que eles terminassem o papo deles de uma vez, pois eu não aguentava mais passar nenhum segundo aqui dentro

 -Meu bem, tenho certeza que a Bela vai adorar se mudar para cá. Aqui é mais espaçoso e tem um quarto ainda maior para ela. – A voz melosa fala com meu pai e assim que atravesso a porta eles me veem e meu pai se levanta do sofá num pulo

-Mudar? Que história é essa? – pergunto vendo Vanessa erguer drasticamente suas sobrancelhas. Se ela estava surpresa com a minha reação, ela não fazia ideia do quanto eu estava de vontade de arrebentar ela e essa casa.

-Filha, nós íamos falar com você sobre isso. – meu pai me dizia segurando meu ombro delicadamente. –Depois do casamento, eu e a Vanessa achamos melhor nos mudar para cá, já que nossa casa só dois quartos e é bem menor que esta.

-Seria mais fácil, Bela- Vanessa diz cruzando suas pernas. –É claro, se estiver tudo bem para você. – Ela me encara, esperando por uma resposta. Mas eu apenas reviro meus olhos e bufo.

-Melhor nós irmos, pai – digo olhando-o e então seu rosto transborda em decepção.

-Certo.

XxX

O caminho para casa é quieto e desconfortável. De qualquer forma, prefiro despejar minha raiva quando chegar lá.

Meu pai estaciona o carro em frente a nossa casa. Assim que saio do automóvel, reparo mais do que nunca nesta casa. Aonde eu cresci e convivi com minha mãe e meu pai. A minha infância feliz e as memórias intermináveis. Eu não poderia deixar aquela casa,

Seria terrível nunca mais poder andar pelos corredores pelos quais minha mãe caminhou. Aquela casa era ela, era a nossa família.

Meu pai diz que está um pouco cansado e vai se deitar, prometendo que nós conversaríamos amanhã, assim que ele chegasse do trabalho.

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Vou avisando para algumas aqui, que eu não irei mais escrever "De volta" :( Acabou ficando muito difícil ter ideias legais para o decorrer da história e eu demoro demais para escrever um capítulo. É chato mas é assim mesmo. De acordo com a Veronica Roth, autora de Divergente, é normal escrever vários originais, alguns com cem páginas e outros com duas, e não conseguir termina-las. Juro que lutei por "De volta" mas não deu muito certo. Me sinto mal comigo mesma, mas é a vida, acontece...MUITO OBRIGADA PARA AS LINDAS QUE LERAM <3 quem sabe vocês acompanham alguma outra história minha?

De voltaOnde histórias criam vida. Descubra agora