Luke conseguiu ser convincente o suficiente. Ele primeiro informou sua mãe sobre ter visto em uma loja online, presentes para seu casamento com a minha ajuda, só que a loja não envia produtos pelos correios, e ele gostaria de escolher o presente lá. Vanessa primeiro não teve uma boa resposta com a ideia, mas Luke disse que pretendia me levar para que ambos escolhêssemos presentes de acordo com os gostos de nossos respectivos pais.
Enquanto ele contava para sua mãe, eu conversava com o meu pai, que na hora achou uma boa ideia. Ele já estava acostumado comigo longe e também, ele devia achar que isso seria um empurrãozinho para que eu e Luke nos uníssemos mais como uma família. Não compreendo muito como meu pai pensa agora, sobre a Vanessa, o Luke, o casamento, a mudança...que ainda não estava resolvida e entre outras coisas. Ele só concordava com tudo, sem pestanejar.
Talvez ele tenha sido sempre assim e eu nunca reparei.
No sábado de manha, Luke comprou nossas passagens e insistiu em pagar a minha também, já que ele estava me usando para fazer um teste. Eu não soube dizer se me senti ofendida ou grata por não ter que gastar meu dinheiro com a viagem.
Nós embarcaríamos no domingo a noite e chegaríamos de manhã em NY. Eu comecei a arrumar minha bagagem no domingo de manhã e por algum motivo inconveniente, Luke me mandava mensagens no celular a cada cinco minutos, certificando-se de que eu não estava esquecendo nada mas eu é que o relembrava que nos ficaríamos só dois dias. Eu estava levando quase nada.
Enfim quando eram oito horas, todos nós, Luke, eu, meu pai e Vanessa fomos para o aeroporto juntos no carro do meu pai.
- Luke, não esqueça nada no hotel e por favor, nada de beber - ela pedia preocupada.
- Pode ficar tranquila, meu amor, a Bela sabe se comportar, com ela o Luke não vai aprontar - meu pai dizia com bom humor. A palavra "meu amor" pareceu me alfinetar na hora mas eu deixei passar. Era só a falta de costume.
Mas foi só quando o avião decolou que eu senti meu coração apertar pela segunda vez na vida. Eu me lembrei de como foi deixar meus pais naquela época, em um avião enorme e cheio de desconhecidos. Minha mãe estava chorando e sorrindo no dia que parti. A lembrança dela é tão vívida como da última vez que eu a vi. Linda e sorridente.
XxX
Algo insistente que parecia chacoalhar meu braço, me fez abrir os olhos. A janela do avião estava ao meu lado e sem a proteção, ou seja, o sol da manha quase me deixou cega.
Quando eu olhei ao redor, vi Luke de pé me encarando. E não era só ele que estava de pé, as pessoas já estavam caminhando pelo corredor, saindo do avião.
- Nós chegamos? - foi uma pergunta idiota mas eu tive que fazer assim que constatei que já estávamos no aeroporto.
- É um pouco óbvio - ele disse já com um sorriso de sarcasmo e olhos quase fechados e inchados de sono. Ele está acabado. Eu não devo estar nada melhor.
Nós saímos rapidamente do avião, fomos para dentro do aeroporto, pegamos nossas malas e Luke chamou por um táxi. Eu sabia que não ficaríamos em um hotel porque ele garantiu que tinha amigos "confiáveis" na cidade e nós passaríamos esses dois dias por lá.
VOCÊ ESTÁ LENDO
De volta
Ficção AdolescenteBela, uma garota que sofre com a morte de sua mãe, volta para casa nos EUA. Seu pai, de casamento marcado com uma nova mulher lhe assusta, mas sua vida não muda até quando ela conhece seus novos colegas de escola, sentindo um choque pela diferença...