Capítulo 5

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Me viro e olho ao redor, deve ter por volta de vinte pessoas aqui. Mas não me parecem familiares.

Aqui é um pouco mais iluminado do que lá embaixo. As paredes são pretas mas há vários espelhos grudados nas paredes, um ao lado do outro.

 Há vários minis bar ao lado de sofás da mesma cor do sofá. O lugar é um pouco estreito mas ninguém parece se incomodar.

Será que eu posso entrar aqui?

Claro que posso. Quero ver quem vai me tirar.

Caminho reto, procurando um sofá desocupado e quando acho me jogo no assento, tomando mais um gole de vodca.

Ninguém nem parece notar minha presença ali, o que é bom. Mas o melhor ainda é o ar condicionado. Isso aqui é o céu, e lá embaixo é o inferno. Rio sozinha da minha comparação e levo minha garrafa a boca novamente, mas está vazia.

-Quer outra? – uma voz masculina pergunta mas não ergo meu olhar para vê-lo, eu não conheço ninguém de qualquer jeito.

Digo que sim e ele me dá outra, tão gelada quanto a última. Só que esta não está aberta.

-Abre – exijo, agora olhando para a pessoa que a havia me dado.

Um garoto moreno sorri tirando a tampa da garrafa. Sorrio de volta e ele senta ao meu lado sem ser convidado. Que diferença faz? Eu entrei aqui também sem ser convidada.

-Você é nova, não é? – ele pergunta divertido. Ele sabe que provavelmente eu não deveria estar aqui.

-É, um pouco, tenho só dezessete e você? – dou de ombros e ele gargalha.

-A mesma coisa. – assinto – Mas eu quis dizer no colégio. – Ele se acomoda mais no sofá, colocando seu braço no apoio atrás de mim.

-Sim, primeiro dia – respondo tomando um gole da vodca.

-E qual é o seu nome? – ele me encara relaxado

-Isabela e o seu? – olho-o e vejo seu sorriso de lado.

-Não posso dizer. – ele responde.

-Por que não? – pergunto indignada.

-Porque é segredo – ele responde rindo de leve, e resmungo.

-Me fala, por favor – faço beicinho e ele assente. Não tenho ideia do porque quero saber o nome dele.

-Só se você fizer uma coisa – ele tira seu braço do apoio e envolve minha cintura. Não me incomodo.

-O que?

Ele não responde. Seus olhos castanhos se aproximam dos meus e ele puxa meu lábio inferior com seus dentes.

-Olha quem está aqui! – Uma voz familiar e irritante diz. O anônimo a minha frente a olha irritado mas não mais que eu.

-Isabela, não é? – a loira da aula de filosofia sorri forçadamente.

-A própria –esboço meu sorriso mais falso e logo o desfaço.

-Você sabe que aqui não é para qualquer um, não é? – ela aponta para o espacinho vip.

-Não sei de nada- dou de ombros. Ela acha que eu ligo para o que ela fala?

-Pois é, você não pode ficar aqui – ela tenta parecer gentil pelo seu tom, mas sei que ela quer me fazer me sentir humilhada. Coitada

-E quem é que vai me tirar? – a desafio e ela ergue uma sobrancelha.

-Isso é o de menos – ela sorri de lado, piscando.

-Você pode ficar Isabela – o garoto ao meu lado responde. Sorrio docilmente e vejo a senhorita mando por aqui rolar os olhos, saindo do meu campo de visão.

-Obrigado – ele assente e me puxa para perto. Ele está próximo de mais, mas sinto uma certa ansiedade, não quero beija-lo, quero dançar!

Me levanto repentinamente, surpreendendo o garoto de blusa vermelha.

Uma música de batida ritmada com um cantor cantando no fundo começa a tocar. Movo meus quadris para os lados junto com a batida da música. Três garotas desconhecidas, e aparentemente bêbadas, começam a dançar perto de mim.

Uma delas colam atrás de mim, e outra à minha frente, rebolando no mesmo compasso com a música. As imito e ouço alguns assobios envolta e dou risada.

As garotas perto de mim riem e continuam dançando. A garota atrás de mim segura suas mãos do lado da minha cintura e me pressiona ainda mais entre ela e a garota a minha frente. 

Tudo parece uma alucinação. As luzes, as pessoas dançando, outros assobiando. Me sinto um pouco zonza, propensa a tropeçar a qualquer momento.

A garota minha frente mostra um sorriso malicioso e posiciona suas mãos um pouco mais acima do da garota atrás de mim, me fazendo rir descontroladamente.

Seguindo elas, dobro meus joelhos e escorregamos para baixo e depois subimos. Mais assobios e berros.

A música muda de batida e me sinto cansada e suada. Deixo as meninas dançando sozinhas, ouvindo seus protestos. Sento-me num sofá diferente, posto do lado oposto do outro ao qual eu havia me sentado.

Vejo várias andando para lá e para cá e isso me deixa tonta. Meu estômago doe e começo a sentir uma ânsia. Jogo minha cabeça para trás, fechando meus olhos e só ouço a música e pessoas falando.

Acho que quero ir embora. Mas não devia nem fazer uma hora que eu cheguei.

-Ei! Que horas são? – pergunto para uma garota de calças de couro preta e cabelos vermelhos atingidos.

Ela tira o celular do bolso de sua jaqueta.

-dez e meia – ela responde caminhando em direção a algum lugar que está fora do meu foco.

Fecho meus olhos novamente e suspiro.

Já passou mais duas horas e eu mal percebi. Eu não quero ir embora mas eu sinto um cansaço terrível.

-Ei, nós vamos jogar um jogo, vem também – a garota de cabelo raspado nas laterais sorri amigavelmente. Acho que ela é uma das garotas que dançava comigo.

-Ok – é tudo que eu digo e seu sorriso se alarga e ela me puxa pela mão para o fundo da área.

Quando passamos por algumas pessoas, vejo um sofá azul moldando as três paredes, em formato de U.

Várias pessoas já estão sentadas no estofado, entre garotas e garotos.

-Qual é o seu nome? – ela cochicha enquanto me puxa pela mão para eu me sentar no sofá ao seu lado

-Isabela – rio do garoto ao meu lado, ele dorme e com a boca escancarada.

Outras pessoas chegam e se sentam no sofá, e outras no chão, formando um círculo.

-Que jogo é esse? – pergunto para a garota ao meu lado.

-Verdade e desafio – rolo meus olhos. –Mas é uma verdade e desafio um pouco diferente. – ela pisca

-Como então? – Antes que ela pudesse responder, um cara alto de cabelos escuros traz uma garrafa de vidro vazia e a coloca no centro da roda.

-Você vai ver – ela ri animada.

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