Capítulo 1

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    Nasci de uma gravidez indesejada, me deram o nome de Mari, mas as vezes sinto que não tenho nenhum nome, nem gênero, me sinto uma absoluto nada. Não me lembro do rosto da minha mãe, mas tenho certeza que ela me odiaria se me visse hoje em dia, ela sumiu quando eu tinha entre 5 ou 6 anos, largou eu e minha irmã com meu pai, que não é muito responsável, quer dizer, se eu fosse ela não faria algo diferente. No dia que ela foi embora eu nem chorei, por não ter nenhum vínculo emocional com ela eu nem me importei, minha mãe me tratava como se eu fosse só uma filha de uma amiga que ela se propôs para cuidar por um dia, minha irmã, por outro lado, chorava e gritava, estava em prântos enquanto puxava sua mãe, não que isso adiantasse muita coisa, ela nem sequer olhou nos olhos dela, e nem de ninguém.

    Depois de um tempo passando por traumas e mais traumas, eu me impedi de sentir tudo, não sei o que é amor de verdade, não sei diferenciar um relacionamento tóxico para um normal, afinal, não tive nenhum. Depois de      repassar os últimos momentos que passei com a minha mãe ou me perguntando se eu disse pra ela que eu a odiava, me peguei sentindo um vázio imenso, não conseguia dizer a mim mesma o que era aquilo, a minha vida foi repleta de buracos.

   A noite está agradável para dormir, mas provavelmente vou passar a noite em claro me culpando por não sentir tristeza ou qualquer sentimento humano, eu apenas não disse nada para ela quando desapareceu, mas o que eu poderia dizer? Eu era uma criança, e não sentia nada por ela.

  Só consegui sair desse looping com a voz grosseira do meu pai, que aparentemente estava bêbado, não tenho dúvidas. Meu pai faz muita merda, fala coisas cruéis, mas não é um homem ruim, mas não me impede de odiá-lo.

Lana- Você não vai lá?- Minha irmã chama a minha atenção.

-Vou sim, eu só estava divagando.

Me levanto da cama e desço as escadas encontrando meu pai sentado na mesa da cozinha.

Abraham- E ai? Como vai minha garotinha?- eu odeio quando ele me chama assim, e ele sabe disso.

- O senhor me chamou?

Abraham- Sim, senta ai- disse apontando para o assento em sua frente.

Me sentei em sua frente, ele claramente está fora de si, segura um baseado em sua mão e uma cerveja está na mesa.

Abraham- Sua irmã me disse que as pessoas da escola batem em você, é verdade?

Ele disse com um semblante sério, senti uma pontada de desconfiança, desde quando ele se importa com isso?

- Talvez.

Abraham- Bem, você podia ter me dito isso ao invés da sua irmã, né?

- Será?

Abraham- Como assim? Eu sou seu pai.- Ele bufou e colocou o baseado na boca acendendo logo em seguida.

- Acho que não tem necessidade, eu poso me virar.

Abraham- Ás vezes a gente tem que pedir ajuda com algumas coisas, não acha?- Ele arquea uma das sombrancelhas enquanto esperava uma resposta.

Fiquei em silêncio, ele estava certo, mas por que eu deveria pedir ajuda pra ele, o que ele poderia fazer?

- Aonde você quer ir com isso?

Abraham- Eu mudei vocês de escola, talvez seja melhor.- Colocou o baseado na boca novamente.

Odeio quando ele faz as coisas sem nem me consultar, mas mesmo assim eu não me importo.

- Tá.- Mesmo passando um milhão de coisas na minha cabeça eu só disse isso.

Abraham- Nenhuma pergunta? Sei lá, uma reclamação, nunca sei o que se passa nessa cabecinha ai.- deu risada enquanto bebia um gole de cerveja.

Me levanto da cadeira e subo novamente as escadas, me senti culpada pelo modo grosseiro que tratei meu pai, minha cabeça me impede de ser gentil ou demonstrar afeto, por pequeno que seja, eu não consigo.

Lana- Ele te disse?- perguntou com certo medo da minha reação.

- Sim, não precisa se desculpar.

  Lana deu de ombros mas pude ouvir um suspiro de alívio, sei que as pessoas tem um certo medo de mim, talvez por nunca saberem o que eu penso ou meu próximo passo, acho normal pensarem assim, apesar de me magoar um pouco. Me deito na minha cama me permitindo sentir um conforto vindo do colchão, a cama é tão aconchegante que parece que vou me afogar nela, nem dei conta de quanto eu estava cansada.

Olá querido viajante <3, Mari falando, andei pensando sobre essa história, antes era só putaria e tal, mas agora é um passatempo, deixar essa vergonha alheia no passado talvez no futuro eu pense a mesma coisa, enfim, tchau tchau

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Olá querido viajante <3, Mari falando, andei pensando sobre essa história, antes era só putaria e tal, mas agora é um passatempo, deixar essa vergonha alheia no passado talvez no futuro eu pense a mesma coisa, enfim, tchau tchau.

O Preço da VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora