borboleta, I

4 1 0
                                    

    o peso das asas de uma
borboleta que ao mesmo tempo
que quer voar e ser como
as outras, não consegue
sair do próprio casulo fechado.
     o brilho se esvai com
a magia e vivacidade.
     a padaria abre
mais uma vez.
     alguém se conhece.
     o amigo de alguém morre,
        ou alguém está morto,
           ou alguém está morrendo
                 ou prestes a
                   morrer
            ou quer morrer.

o ser que só existe
inexistindo, voando
na maldade do coração e
com uma violência
 arranca 
   com
    força o sangue.
         o próprio
                 oxigênio.

a borboleta com asas
          quebradas ainda
  quer viver e voar
      mas está tudo
               muito complexo.

 e as flores escondem
         suas malícias.
        rosas a penetram
      com espinhos
e o som do exército
     de vermes fica
mais estrondoso e
  tudo
  está perdido.

     cavalos insanos matam
     os cavaleiros e Dom Quixote
     perde
     sua insanidade
          com um casco sobre sua cabeça.

      o humor das flores
          que gritam e se defendem.

 não é que amanhã seja um outro.
 ontem será amanhã
e por enquanto, parece
que amanhã será a
    mesma coisa.

o final nunca chega
      e nenhuma ligação.

 entretanto, apesar
       das forças exteriores,
  adoecer na chuva
        ainda deu esperanças
 a uma asa quebrada.
 
     a melhor parte da
viagem é quando
   o fogo se aproxima,
 quando o desespero toma conta e
    não nos damos conta
   até que percebamos
que estamos nos queimando.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 02, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Poemas Cuspidos entre Dentes SujosOnde histórias criam vida. Descubra agora