Changkyun perdeu seu soulmate de forma trágica e traumática, mas encontrou conforto nos braços de Minhyuk. Porém, o que começou como um relacionamento doce acabou se tornando uma parceria intensa e destrutiva.
{ChangHyuk | JooKyun | ChangKi | soulma...
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O inevitável acontece mais cedo do que o imaginado.
Ele é alto e esbelto, os cabelos longos e escuros caem sobre as laterais do rosto muito bem desenhado, os lábios movem-se com devido encantamento quando por eles vaza a voz contida e segura que Changkyun sente penetrar em seus ouvidos e, por que não, alcançar sua alma. Seria essa mais uma punição por seu atrevimento para com as divindades da aura, por sentir-se no direito de uma segunda chance de ser feliz?
Hyungwon é um modelo impecável de homem, perfeito em todos os aspectos e, mesmo quando Changkyun tenta cavar fundo para descobrir ou criar algum defeito, torna-se claro que é algo inexistente. Irresistível é o pedido de Minhyuk, o de que eles podem lidar com tudo de uma forma leve e franca, e Changkyun até aceita a princípio, a fim de provar a si mesmo que é capaz de suportar um relacionamento agora estendido a três.
Mas o que seu corpo aceita de boa vontade, seu coração reprova veementemente.
Minhyuk encontrou Hyungwon em um curso na empresa onde trabalha. Focados nos projetos desenvolvidos, claramente tiveram de conversar cara a cara, olho a olho, o que os levou imediatamente à surpresa. Minhyuk descreve a aura de Hyungwon com cores vibrantes, embora o rapaz seja extremamente reservado. Vê em suas íris mais do que apenas o oceano azulado que encontra nos olhos de Changkyun e, repentinamente, depara-se numa encruzilhada que ele tenta, de todas as formas, contornar, levando todas as recompensas nos braços.
Minhyuk nunca quer deixar nada para trás e é por isso que insiste, deitado ao lado de Changkyun, que o fato de ter encontrado seu soulmate não irá influenciar no que ele sente pelo mais novo. Minhyuk acaricia o rosto de Changkyun, vendo-o fechar os olhos para conter o choro, e ele odeia a si mesmo porque não gosta de fazê-lo sofrer.
— Podemos fazer funcionar — ele diz, mas Changkyun não tem tanta certeza.
Hyungwon é maravilhoso e tem gosto de uma aventura que o garoto um dia sonhou viver, mas qual será o preço a se pagar por intrometer-se entre almas gêmeas?
Changkyun experimenta porque não pode abandonar Minhyuk quando o que sente por ele é tão barulhento e volumoso. Ele se surpreende com a boa vontade de Hyungwon, com seu espírito livre e mente aberta, com a receptividade e todas as demais provas de que o rapaz é também intenso em tudo - e beija e trepa tão bem que o leva às nuvens -, mas há aquele muro que vai ganhando forma e que o impele a enterrar-se sob a poeira que se acumula sobre seus sentimentos. Os três podem estar juntos fisicamente, mas Minhyuk jamais lhe concederá os mesmos olhares que dirige a Hyungwon; jamais se sentirá preenchido com as cores que Hyungwon lhe traz; jamais preferirá satisfazê-lo quando seu soulmate é quem angaria todas as sensações boas de um sentimento como o amor puro e verdadeiro.
Changkyun é o outro, embora tenha chegado primeiro.
Hyungwon é o soulmate que apareceu porque tinha de ser assim.
Embora Minhyuk não consiga escolher, já que sua mente e seu coração criam desavenças internas imensas, Changkyun toma a decisão por si mesmo.
E tão tarde da noite ele vai embora, deixando Minhyuk sob os lençóis manchados, com a promessa de que ambos serão felizes, mesmo que ele tenha certeza de que nunca mais terá forças ou atrevimento para procurar por algo tão complexo.
Changkyun retorna para as lembranças de Kihyun, enquanto sonha com os lábios de Hyungwon tomando a boca de Minhyuk, com as mãos de dedos longos o penetrando e arrancando dele os gritos que partem de tão fundo da alma. Eles têm as cores que Kihyun levou consigo e Changkyun é, novamente, uma aura incolor.
Adormece facilmente porque sabe que é assim que pessoas como ele terminam. Mas tem esperança de que Minhyuk o procure, mesmo sabendo que não voltará atrás.
Quando Jooheon lhe diz que fez a coisa certa, Changkyun quer acertá-lo com um soco e quebrar-lhe o nariz, mas não o faz. Chama-o para beber, para uma noitada que há muito não aproveita, para uma festa qualquer ou um bar sujo, para qualquer lugar que o desligue e o impeça de voltar a imaginar que precisa do contato com Minhyuk; que o faça lembrar do solitário que ele realmente é. Jooheon se preocupa, como sempre, e o acompanha porque não quer que nada de ruim aconteça. Ele é o melhor amigo que alguém pode ter e prova isso a cada instante, mesmo quando Changkyun exagera e vomita em plena rua, mesmo quando os dois discutem porque Jooheon acha que está na hora de voltarem para casa e Changkyun diz que não, que é cedo demais.
— Não me faça voltar para esse inferno — é o que o mais novo pede e cai nos braços do amigo, atordoado pelas novas doses de bebida e pela dor no fundo do peito. O vazio no estômago também não ajuda, mas não é fome, é a falta de todas as pessoas que ele ama.
Jooheon o apoia, o carrega e o guia. Quando Changkyun não sabe mais para onde fugir, eles finalmente entram num acordo. Jooheon o coloca num táxi e eles vão parar no apartamento do mais velho, que lhe ajuda a tomar uma ducha e lhe coloca para dormir na cama dura do pequeno quarto.
E Changkyun sonha que Kihyun o desaprova e lhe faz cara feia, mas está ainda tão longe, tão longe que não é possível que se toquem.
Quando acorda, Jooheon está jogado sobre o sofá, o cobertor caindo e cobrindo apenas metade de seu corpo. Está muito claro porque as cortinas são finas e, ainda assim, o garoto só desperta quando Changkyun lhe toca e chama por seu nome. Ambos sentem dores de cabeça terríveis, mas aprontam-se como podem, ingerem remédios e café e, infelizmente, retornam à rotina.
Mas Changkyun quer realmente tentar se livrar de toda a consternação e pede a Jooheon um grande favor: o de que o impeça de procurar por Minhyuk, exatamente por essa ser a sua maior vontade.
— Nem que você tenha de me nocautear — ele diz —, não me deixe ir atrás dele. Me prometa que fará isso por mim, mesmo que eu lhe peça o contrário.
— Eu prometo — Jooheon aceita sem hesitar, mas sabe que é um acordo vazio.
