Changkyun perdeu seu soulmate de forma trágica e traumática, mas encontrou conforto nos braços de Minhyuk. Porém, o que começou como um relacionamento doce acabou se tornando uma parceria intensa e destrutiva.
{ChangHyuk | JooKyun | ChangKi | soulma...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Changkyun não sente mais nada além do vazio que agora soa etéreo em todo seu peito e nas cores de sua aura. Ele não se importa, embora aprecie os esforços de Jooheon em fazê-lo reagir de alguma forma. Passam muito mais tempo juntos, o que alivia o estresse e a raiva do mais novo em sempre checar os telefonemas e constatar que Minhyuk realmente entendeu e aceitou sua decisão. Changkyun não sai, com medo de dar com o casal na cafeteria, no ateliê ou no supermercado; não quer que nada estrague seu então estado de inércia, nem que haja novos motivos para atiçá-lo a voltar a errar.
Há flores no apartamento, flores de que Kihyun gostava e que Jooheon continua trazendo porque apenas elas são capazes de perfumar o ambiente sempre tão insosso. E talvez sejam as flores as responsáveis pelo atrito, pela surpresa e pela tentativa de Jooheon de manter abertas as portas do coração de Changkyun, porque numa noite de simples conversa, depois de meses de grande vazio, os dois acabam experimentando algo novo.
Os lábios de Jooheon são, além de macios e quentes, generosos a ponto de calar Changkyun e fazê-lo fechar os olhos para toda a tormenta que o castiga, mesmo quando não estão lidando com a boca do mais novo, mas com outras camadas suas. Eles poderiam ter parado, mas não foi preciso. Poderiam ter sucumbido ao medo de estragar os laços já desgastados de sua amizade, mas é tão mais forte o que desejam que eles continuam até estarem atados o suficiente para repelir qualquer arrependimento.
Changkyun o agradece mentalmente, já que enfim está sentindo algo diferente depois de tanto tempo convivendo com emoções vegetativas. Depois de anos, talvez, porque embora o que sinta não seja o que Jooheon espera, seu amigo lhe traz os sentimentos reais de volta, o rega com tudo o que ele tem, com todo o apego que sempre cultivou e adubou, tão bem quanto faz com as flores, um afeto que Changkyun só experimentou antes com Kihyun.
Jooheon tem um mar esverdeado agitando-se em seus olhos, sua aura é tão pura que Changkyun jura poder sentir o gosto dela lhe queimando a língua, pois ele também se sente indigno de tamanha recompensa, mas se aproveita de bom grado do que lhe é oferecido.
Ele nunca achou que poderia dar certo, porque nunca olhou para Jooheon dessa forma. Embora não seja a mesma sensação para ambos, é confortante, é algo no qual ele pode se agarrar, é algo que ele pode usar para apagar todo o gosto amargo deixado por Minhyuk - mesmo que este nome ainda esteja cravado em rochas dentro da praia que ele tem em si.
É seu melhor amigo gemendo seu nome e confessando que sempre o quis dessa maneira. É o cara que sempre esteve a seu lado e que agora lhe estoca por cima e por baixo, fazendo questão de marcá-lo não apenas com apertões e mordidas, mas com um carinho estrondoso, com o qual Changkyun está longe de se acostumar, mas que lhe propicia sorrisos e risos e cada toque é um choque gostoso cortando uma rede de intensa obscuridade.
E mesmo que eles saibam que não será para sempre, uma vez que amores assim deterioram-se depressa e se apagam aos pouquinhos, a agitação é aproveitada até o talo e tudo é corrompido com uma grande dose de prazer.
E talvez não devam, mas as cenas se repetem. Quando os lençóis do quarto já têm o cheiro do perfume de Jooheon, Changkyun se joga sobre eles com um peso incalculável nas costas. O retrato de Kihyun está manchado no canto inferior esquerdo e ele o limpa com a manga da blusa, segurando o objeto contra o peito em seguida. Se pudesse ouví-lo, Kihyun talvez diria que Jooheon é a pessoa certa, porque sempre gostou tanto do amigo e não lhe poupava elogios, mas a aura de águas esverdeadas é um aviso e Changkyun sabe que mais cedo ou mais tarde, irá perdê-lo também.
Jooheon é barulhento porque às vezes bebe um pouco antes de chegar. Faz parte de sua nova rotina alegre aproveitar todos os momentos e eles se divertem antes de seguirem para o quarto para intensificar toda a brincadeira. Changkyun o sente sempre um tantinho preocupado, então sussurra nos ouvidos do amigo as coisas que ele quer fazer, deixando o outro todo arrepiado. Eles se acostumam aos poucos com isso, com essa liberdade esplêndida, nunca antes imaginada.
E adormecem depois de tudo, mas Changkyun desperta com o som da campainha que não faz nem cócegas nos ouvidos de Jooheon.
— Nunca pude pôr os pés aqui dentro, mas Jooheon pode foder você em cada cômodo? — a voz enciumada de Minhyuk é um tapa que Changkyun sente de forma mais forte do que o empurrão que os leva para dentro do apartamento. O mais novo não sabe porquê Minhyuk está ali, tão tarde da noite, tão arrumado e tão nervoso; também não tem palavras para rebater, agora que o mais velho passeia com os olhos pelo lugar, matando a antiga curiosidade.
— Vá embora — Changkyun pede —, por favor.
Está fraco novamente, mas gosta de ver a fúria nos olhos do outro, sabendo que ele sente a dor e o gosto de ser trocado, usado e subestimado. Como Changkyun se sentiu várias vezes quando estavam juntos.
Minhyuk se precipita para frente, agarrando o mais novo pelos ombros, tentando prendê-lo a seus braços, em vão. Changkyun se desvencilha, o orgulho pulsando em suas veias, o medo o ajudando a não reagir como seu estúpido coração deseja.
— Por favor — ele diz apenas, porque não tem forças para terminar a sentença.
Minhyuk tem noção do poder que exerce sobre Changkyun, porém, dá um passo para trás, uma última espiada no corredor e, enfim, sai sem se despedir.
— Eu nunca vi ninguém tão egoísta na vida — é o que Jooheon diz quando Changkyun lhe conta sobre o ocorrido, o que não muda o que os dois amigos têm e, por mais uma semana, a aventura prolonga-se e acalma qualquer resquício de atordoamento.
Porém, alguma coisa parece errada na manhã em que Changkyun está na floricultura compondo um novo buquê para levar até o túmulo de Kihyun. Depois de ganhar um beijo cheio de promessas de Jooheon, Changkyun o vê atendendo os clientes com seu melhor sorriso, com covinhas gentis e palavras de extremo encanto, capazes de fazer corar o rosto de qualquer pessoa, mesmo a mais derrotada. Eles combinam de almoçar juntos, mas aquele outro rapaz, alto e forte, trajando jeans e camisa xadrez azul, para defronte o atendente e o fita como se visse um fantasma.
Changkyun sente seu corpo gelar por inteiro quando Jooheon encara o desconhecido e assim eles permanecem por segundos suficientes, todas as pétalas ao redor ganhando ainda mais vida enquanto as flores que Changkyun segura murcham visivelmente. Jooheon desvia o olhar para o amigo, claramente assustado com o mar de sua aura que está em desespero. Ele vai chorar, é o que o mais novo pensa e então sorri, dedicando todos os esforços para dizer, através desse gesto, que está tudo bem. O outro rapaz toma a liberdade de segurar o pulso de Jooheon demonstrando igual surpresa, mas alheio a todos que estão em volta, e Changkyun vira de costas, contendo as lágrimas que molham seu rosto.
Changkyun deixa Jooheon ir, certificando-se apenas de que se machucou o suficiente.