EM BUSCA DE RESPOSTAS

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        11 de março de 2187. Era uma manhã de segunda. Gostaria de dizer "bela manhã"; mas comparando o aspecto que hoje temos do meio ambiente com as imagens da natureza no seu tempo, é evidente que não posso usar tal expressão. Vocês devem valorizar muito os aspectos naturais e climáticos que ainda possuem aí no tempo de vocês! A irresponsabilidade e a falta de compromisso real e firme da humanidade, em todas as partes do globo, com a questão ambiental (que se agravou muito a partir do final do século XXI) levou o planeta a enfrentar uma crise natural e climática gerando um aspecto tão horroroso que no momento não terei tempo suficiente para descrevê-lo. Pelo menos posso adiantar que aquelas "manhãs de céu ensolarado" que vocês podiam aproveitar não fazem mais parte do nosso contexto diário. Na verdade, expor-se aos raios solares no final do século XXII é considerado um ato suicida! Em qualquer parte do planeta e em qualquer estação! Dá pra entender um pouco essa crise da qual estou falando? Nosso céu está coberto por uma camada protetora artificial, criada por cientistas no início do século XXII para proteger a humanidade do extermínio total por insolação bem como algumas espécies de animais e vegetais que conseguiram resistir à crise. Observar o céu azul não é mais possível a não ser através de algumas placas transparentes no alto da camada, colocadas em algumas partes do planeta. Espero que este livro também sirva de alerta para essa questão!

        Você pode estar pensando: por que só agora ele tocou mais claramente nesse assunto da crise ambiental? A resposta é simples: porque foi nesse dia, 11 de março de 2187, que pude compreender claramente a gravidade da situação. Esse dia foi marcante pra mim em vários sentidos. Enquanto desenrolava minha tarefa investigativa acerca das afirmações misteriosas do professor Bunyan, acabei descobrindo muita coisa relacionada aos efeitos da tecnologia no meio ambiente. Nunca imaginei, nos meus primeiros anos de "ensino médio", antes daquelas palavras do professor, que as mudanças climáticas tinham sido tão grandes (acho que aquela cobertura artificial também nos confinou em uma gigantesca gaiola que nos alienou do passado e da natureza original). Também nunca imaginei que tais mudanças tivessem relação direta com certos usos da tecnologia... Não fomos muito ensinados sobre isso...

        Como eu ia dizendo... Era uma manhã de segunda-feira. Como de costume, acordei com o meu despertador sensitivo, tomei meu "banho", meu "café" e preparei-me para mais uma aula projetada. Das 16 aulas que eu teria de assistir naquele dia (cada aula tem duração de 30 minutos, são 4 horas de aula pela manhã - distribuídas em 8 componentes curriculares/disciplinas, e 4 horas de aula pela tarde com o mesmo número de componentes/disciplinas), minha primeira aula foi de Geografia Moderna, ministrada pelo professor Lucas Almeida. Mestre em Geografia e Cartografia, o professor Lucas é um grande educador. É um dos poucos que está sempre empenhado em facilitar o processo de aprendizagem dos alunos e é um pesquisador nato. Suas aulas sempre me estimulavam a respeitá-lo como profissional e ao conhecê-lo mais proximamente passei a respeitá-lo ainda mais como pessoa. Mas naquele dia especificamente, alguns pontos de sua aula me despertaram grande interesse. Mais do que isso: notei algumas observações no seu discurso e algumas imagens de satélite que ele nos mostrou que me deixaram impaciente!

        Em primeiro lugar, enquanto falava sobre algumas alterações no mapa do mundo, especialmente nas representações de algumas áreas litorâneas, ele citou "o desaparecimento de várias cidades devido aos devastadores efeitos climáticos do final do século XXI". Em outro momento ele disse:

        ___ Surgiram também novas ilhas e desertos sem que a comunidade científica encontrasse alguma explicação. Nestes casos, as pesquisas estão em andamento.

        Mais adiante ele afirmou:

        ___ As alterações nos mapas ocorrem sempre que o homem amplia seu conhecimento sobre o espaço geográfico ou sempre que acontecem alterações no próprio espaço geográfico. Como esse conhecimento é dinâmico, as alterações nos mapas têm sido constantes desde a era das chamadas "grandes navegações" do século XVI ou mesmo desde tempos mais remotos. Entretanto, mais recentemente, do início do século XXII pra cá, essas mudanças tem sido muito mais rápidas.

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