Capítulø Seis

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"Vamos lá, Joseph."

Tyler acordou piscando. Estava faminto ao ponto em que seu estômago doía. Comia comida normal somente para tentar fazer essa dor parar.

Já fazia uma semana, talvez até mais. Joseph recusava qualquer comida que era trazida à sua cela. Não era autorizado a sair de forma alguma. Estava fedendo e suas roupas estavam sujas, assim como os lençóis e colchões que o rodeavam. Havia sangue em cada pedaço de pano ali dentro. A privada havia sido arrumada, mas Tyler só queria destruí-la de novo - sem um motivo específico.

Tyler se levantou da posição na qual estava dormindo e se aproximou das grades; apertou-as com força, rosnando para o guarda que o acordara.

"O que você quer?" Tyler disse seco.

"Hora do café da manhã." O guarda disse colocando a chave no buraco da fechadura, abrindo a porta em seguida.

Joseph sentiu a liberdade correr por suas veias como uma brisa de verão. Se sentiu tentado a correr e achar logo uma saída daquela prisão, mas algo o segurou. Ele não sabia como sair dali; não viu nem qual era o caminho que o colocou naquele lugar. Se se perder, vão capturá-lo novamente e ele não terá chance alguma de rever Josh. Não, ele não vai escapar agora. Não, ele vai se comportar e obedecer; talvez até conheça algumas pessoas por lá.

O guarda o algemou e o levou ao local onde comeria.

A "cafeteria" da prisão era tão clara quanto os outros lugares. Todas as mesas eram brancas e não havia ninguém sentado sozinho; cada uma tinha seis lugares e tinha pelo menos cinco deles ocupados por prisioneiros. Havia guardas em todas as entradas que quebravam a brancura do local. Tyler notou que era o único com roupas sujas.

"Escolhe uma mesa." O guarda disse antes de deixar Tyler sozinho.

Joseph se sentiu estranho. Ninguém o olhava, exceto pelos guardas. É claro que fariam encarando; ter um canibal na prisão era algo sensacional. Todos queriam saber como se porta e o que faz.

Tyler deu uma olhada nas mesas, decidindo sentar na que estava mais perto de si.

Havia quatro pessoa sentadas; três homens e uma mulher. Todos olharam para ele.

A mulher e dois homens sussurraram algo, rindo. O terceiro dirigiu um sorriso malicioso a Tyler. "Karma, né?"

Todos os outros prisioneiros na mesa caíram na gargalhada. Joseph manteve sua cara, brigando contra a vergonha.

"Pensa melhor da próxima vez que for zoar uma prisão em seus vídeos." A mulher disse, o ameaçando com um garfo.

Tyler revirou seus olhos, percebendo do que estavam falando. Ele continuava algemado e não sabia se tinha que pedir comida ou se trariam para ele. Todos os outros já tinham suas bandejas, mas Joseph não sabia de onde haviam as conseguido.

Uma mulher de preto se aproximou com um prato, tirando suas dúvidas. Tyler lhe dirigiu um olhar de agradecimento, mas ela estava tão de saco cheio que nem olhou na cara do cantor.

Joseph olhou para o prato e viu batatas amassadas. Apenas batatas amassadas. Havia um garfo, mas além disso, somente os tubérculos tristes e sem graça.

Tyler levantou o garfo e colocou-o nas batatas, levando-o a boca quando estava satisfeito com o que havia pego. Não queria pegar muito de uma vez sabendo como seu sistema respondia a comida normal. Como era um grande purê, não tinha muito o que mastigar. Estava gostoso mas isso porque ele estava faminto; sabia que estaria horrível se ele não estivesse com tanta fome.

"Teresa." A mulher esticou sua mão em direção a Tyler; ele não se mexeu, apenas ficou olhando.

O prisioneiro que sentava ao seu lado levantou seu punho e o ameaçou com uma voz grossa. "Aperta a mão da mulher."

Joseph lhe dirigiu um olhar feio, mas não queria problemas. Esticou sua mão esguia e apertou a mão de Teresa, que agora sorria.

"Não vai sair tão cedo daqui né?" Ela disse, colocando um pouco de batatas em sua própria boca.

Tyler não queria responder. Era óbvio que passaria o resto de sua vida ali. Josh não parecia estar planejando salvá-lo.

Ele teria que resolver as coisas com suas próprias mãos.

"Eu vou sair em pouco tempo." Teresa continuou; os outros deixaram a mesa sem dizer nada.

"Bom pra você." Tyler disse baixo, olhando apenas para as batatas em seu prato. Seu estômago já estava ficando estranho, então decidiu parar de comer.

"Você precisa de alguns amigos por aqui." Teresa disse, se inclinando na mesa para mais perto de Tyler. "Ou vai ter problemas."

Joseph semicerrou seus olhos. "Obrigado pelo papinho de prisão de todos os filmes da face da terra."

Teresa começou a rir. Ao ouvir o som, Tyler começou a pensar no quão louca ela parecia ser. É provavelmente o que acontece q com as pessoas quando ficam muito tempo na prisão, o que é completamente compreensível. Você está preso, não pode sair e não socializa direito. Não pode ver as pessoas que gosta e muito menos comer aquilo que deseja.

Crazed • Jøshler - VERSÃO EM PORTUGUÊSOnde histórias criam vida. Descubra agora