A dúvida

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Qualquer erro, me notifiquem! Amo receber mensagens dizendo o que estão achando ^^
  — Anael

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Aziraphale estava deitado calmamente no segundo andar da livraria, no mesmo sofá onde havia lido para Crowley. Sim, o vermelho. O demônio acreditava que deveria ser proibido um anjo tão belo quanto aquele ficar próximo de cores fortes. Era uma tentação. O mesmo o observava absorto na leitura, encostado na porta, onde tinha uma ampla visão de todo o cômodo.
— Deveria parar de me encarar e fazer alguma coisa, querido - disse sem tirar os olhos do livro.
Crowley caminhou até o mesmo, tocando em seu rosto com o polegar, o guiando para que seus olhares se encontrassem. De onde havia surgido tanta coragem?
— Já que insiste. - e o beijou.
Suas mãos seguraram o anjo pela cintura, enquanto o mesmo acariciava seus cabelos. Era uma sensação ambrosial.

— Então é isso o que você tramava com esse aí?? – disse uma voz estridente do outro lado do cômodo, surpreendendo apenas Crowley, que ergueu o olhar e deu de cara com Ligur. Sim. Ligur, o demônio que ele havia destruído usando a água benta.

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Crowley acordou ofegante, se é que é possível um demônio ofegar. Era o terceiro sonho que tinha aquela noite, ou melhor, pesadelo.

— Se eu rezo, me aparece arcanjo, se eu não rezo, me aparece ex duque do inferno... Que situação – murmurou sonolento enquanto se levantava, provavelmente em busca de mais uma garrafa de vinho.
Caso Crowley fosse humano, seria correto afirmar que ele tinha sérios problemas com alcoolismo. Eram 3h47 da madrugada. Ele havia chegado em casa 00h11 e tentado ter uma noite tranquila de sono mesmo sem necessidade, mas, falhou.

Os sonhos eram sempre os mesmos: começava com Aziraphale demonstrando afetividade pelo demônio, e logo depois algo os atrapalhava. Na primeira vez que isso ocorreu aquela noite, Crowley havia sonhado que ele e Aziraphale  faziam um piquenique no St. James Park quando uma suculenta gigante tentou matar o demônio, que obviamente levantou e foi brigar com suas plantas.

Com esse último pesadelo havia perdido completamente a vontade de continuar deitado, então, decidiu ir até o parque ver como estavam as plantas que plantava por lá dia ou outro e tentar esfriar a cabeça.

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Aziraphale permanecia encarando a caixinha que Crowley havia deixado em sua livraria.

— Ele disse que daria chocolates à pessoa que ele ama... E ele deixou isso aqui, ontem, pra mim... – falava em voz alta, como se conversasse consigo mesmo. Isso o ajudava a pensar e colocar as ideias no lugar — Ele pode ter confundido e deixado aqui por engano... Mas tem o meu nome escrito... Mas isso significaria que ele gosta de mim da mesma maneira que eu gosto dele... Oh céus.

E foi assim que a noite terminou: Crowley em um parque completamente escuro, conversando com alguns patos e suas antigas - e agora "caídas"- plantas, e Aziraphale em sua livraria, encarando uma caixa de bombons e tentando se convencer de alguma coisa, qualquer coisa.

Ficaram três dias sem se falar, até que Crowley decidiu ver como o anjo estava.

Abriu a porta da livraria com um estalar de dedos, já que a mesma ficava sempre trancada nos últimos meses. Antes mesmo de chamar Aziraphale, o viu sentado no sofá, olhando para o cacto que havia ganhado.

Acho que é Amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora