*Notas ao final do texto. Boa leitura!
Anael.—————————————
1° de julho, em um belo apartamento com um Bentley na garagem
— Crowley? Os livros já chegaram, quer me ajudar a desempacotá-los?
— Chego em trinta minutos - respondeu sorrindo como uma criança.
Antes de qualquer coisa, precisamos botar a situação em ordem e explicar como Crowley se sentiu ao ficar onze dias longe de Aziraphale; Ambos se viram quase diariamente após os ocorridos do último ano. Foi pior que o verdadeiro inferno ficar mais de uma semana longe do anjo por quem ele havia se apaixonado antes mesmo de cair. Ele não dormiu, apenas encheu a cara, garrafa atrás de garrafa, pensando no que dizer para Aziraphale quando se encontrassem novamente.
Seria engraçado, caso não fosse triste. O anjo constantemente dizia para Crowley que plantas eram ótimas ouvintes, o que, claro, não era o caso das plantas de Crowley. A única vez em que ele se dirigiu a elas sem um único grito ou ameaça, apenas para conversar, foi quando o anjo supostamente havia morrido. Três minutos após começar a conversa, segurando as lágrimas para as plantas não notarem o quão afetado pela perda o demônio estava, ele notou uma mancha em uma delas, e então percebeu que não poderia demonstrar nenhum tipo de fraqueza para as mesmas. Pegou a pequena manchada, ameaçou todas as outras plantas e fingiu machucá-la no quarto dos fundos (mas na verdade ele a levou para o St. James Park, a deixou lá e partiu para o bar mais próximo. A pequena planta que havia se rebelado contra o deus da casa agora havia "caído", e encontrado algo bem melhor do que qualquer coisa que havia no lugar onde morava antes).Crowley caminhou apressadamente até os fundos de seu apartamento, voltando de lá com um pequeno cacto que ele havia cuidado por aproximadamente dois meses, justamente para entregar à Aziraphale quando fosse ter "aquela conversa" com o anjo. A duas semanas havia brotado uma pequena florzinha amarela no topo da planta.
Entrou no carro levando um cacto, uma caixa dos chocolates preferidos do anjo , todo seu amor e carinho, e claro, o desespero que ele carregou por onze dias a fio.
Já viram um apaixonado dirigindo? É magnífico. Alguns homens e mulheres, quando se apaixonam, tomam mais cuidado nas ruas (talvez por medo de morrer enquanto dirigem, sem poder ver a pessoa amada). Crowley dirigindo era caótico. Ignorava as placas, semáforos, pedestres, tudo. A única coisa que importava era chegar ao encontro do anjo o mais rápido possível. Chegou em 15 minutos.
Quando entrou na livraria, carregava o pequeno cacto em uma das mãos e a caixa de bombons debaixo de um dos braços.
— Anjo? Cheguei, trouxe uma coisa pra você, acho que vai gostar - disse alto o suficiente para Aziraphale, no fundo da loja, escutar. Mas não alto o suficiente a ponto do anjo perceber o nervosismo na voz do mesmo.
— Chegou mais cedo! Me diga que não ultrapassou os limites de velocidade durante o caminho, querido.
— Olha anjo, eu não garanto nada - riu entregando o cacto para o mesmo, que já havia chegado para recebê-lo - Toma, eu acabei percebendo que 'tava com muitas plantas em casa então separei essa aqui pra você.
Ele obviamente não contou que gritou com a plantinha o caminho todo - "VOCÊ É PRO AZIRAPHALE, IMPRESTÁVEL, SEJA BONITE POIS EU AINDA POSSO FAZER UM CHÁ COM VOCÊ" - ou até mesmo comentários suaves, porém com uma voz terrivelmente ameaçadora - "Ele vai gostar de você, com certeza. Se ele não gostar, acredite, você vai sofrer mais do que qualquer planta que eu já pus as mãos..." - em termos gerais, a viagem foi ótima.
— É adorável, querido! Parece meio assustada, mas ainda sim é linda! - disse o anjo, que logo após o comentário deu um rápido beijo na bochecha de Crowley, que obviamente parou de funcionar naquele mesmo instante e preferiu pensar nos pronomes pra se usar com um cacto. Ou seria cacta? Difícil de dizer, sua cabeça estava uma bagunça.
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Acho que é Amor.
RomantizmAziraphale decide ler um livro para Crowley, que esperava um momento a sós para conversar com o anjo a um tempo.