É importante dizer que essa é minha primeira fic por aqui. Na verdade é a primeira que coloco na famigerada internet em toda minha vida. Caso encontrem algum erro, me avisem. Boa leitura ^^
Anael.
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1° de julho, aproximadamente um ano e meio após o quase Armageddon.Chovia levemente nas ruas de Soho, em Londres. Aziraphale estava em sua livraria, que foi magicamente restaurada após o "quase Armageddon", retirando de uma caixa alguns livros novos que ele acabara de comprar na internet.
Naquela manhã, haviam chegado duas caixas com aproximadamente vinte livros em cada uma delas, assim, quase magicamente em sua porta. Um alegre entregador (que parecia bem familiar aos olhos de Aziraphale) pediu que o anjo assinasse alguns papéis, e pronto. Os livros eram seus.
Era uma estranha e nova sensação. Você provavelmente deve estar pensando o quão bobo deve ser Aziraphale sentindo coisas novas relacionadas a apenas alguns livros, mas esses não eram simples livros. Esses livros foram escolhidos, comprados e encomendados com a ajuda de Crowley, o que os tornavam tão importantes quanto as primeiras edições que o anjo guardava nos fundos da loja. Mas, para entendermos melhor, é preciso voltar ao momento em que os mesmos foram encomendados:••
20 de junho. Um dia frio o suficiente para uma serpente querer se abrigar em uma antiga livraria.
— Me diga anjo, qual é o real motivo de você não querer vender seus livros? Você não abre a loja a quase um ano – questionou Crowley enquanto bebia seu vinho.
— Motivos...? Sinceramente, não sei lhe responder, querido. Depois que as coisas aconteceram – disse o anjo apontando para cima e depois para baixo, claramente bêbado – as coisas ficaram bem claras. Eu não tenho mais nada a não ser vocês.
— Vocês? – disse o demônio enquanto se sentava ao lado de Aziraphale.
— Sim... O céu basicamente me rejeitou. Você e meus livros são os únicos que me restam. Basicamente as únicas coisas que me fazem bem. – disse colocando o copo na mesa de centro e se virando para olhar o amigo.
Crowley estava vermelho. Provavelmente graças ao vinho, pensou o anjo. O demônio continuou bebendo, enquanto Aziraphale alternava o olhar pela livraria e hora ou outra o pousava sobre Crowley.
— Você deveria ter mais. – disse o não-tão-sóbrio Crowley após alguns minutos encarando o copo.
— Mais? O que quer dizer?
— Sim, não é óbvio?
— Seria rude dizer que não, querido?
— Você é um anjo, não seria rude nem se quisesse – Crowley serviu Aziraphale novamente e completou seu copo antes de tornar a falar — Você merece mais coisas que te fazem bem. É óbvio pra mim, anjo. Deveria comprar alguns livros na internet.
"— Eu poderia comprar você pela internet. Esses pequenos momentos, entende? Estar com você é o que realmente me deixa feliz, os livros são uma ótima parte disso e seria magnífico ter um pouco mais. Mas seria estupendo ter mais de você, querido." – isso era o que o anjo queria responder, mas, achou que o momento não era apropriado. Havia abusado um pouco das bebidas e Crowley também. Aziraphale não achou que seria correto jogar essa bomba diretamente no colo de um demônio bêbado. Não agora. Então, se contentou em responder o habitual
— Sabe muito bem que eu sou péssimo com essas coisas, querido. Não conseguiria comprar nada em uma loja que não seja física. Nunca me acostumei com todos esses sites
— Bobagem – disse Crowley imitando um biquinho, que arrancou leves risadas de Aziraphale – eu posso te ensinar se quiser.
— Seria adorável – sorriu. Crowley podia jurar que o mundo se iluminava toda vez que o anjo sorria dessa maneira.
O demônio estalou os dedos e um notebook apareceu em seu colo. Demorou alguns poucos minutos para ligar, e logo já estava em um site destinado à compra de livros online.
— Você é esperto, anjo, vai aprender rápido – disse enquanto serpenteava ao lado de Aziraphale. Tão próximos que Crowley colocou um de seus braços ao redor do anjo.
Ficaram ali por quase quarenta minutos escolhendo os livros. Dentre eles, um que chamou a atenção até mesmo de Crowley: O Acordo, de Alexandre Rodrigues.
— É a história de um demônio que volta a ser um anjo, porém não um anjo como os outros. Se passa no Brasil, e também fala sobre o Armageddon, me parece quase familiar – disse Aziraphale rindo enquanto olhava mais detalhes.
— Parece tentador. Eu leria se conseguisse.
— Crowley, meu querido, você sabe ler?
— Claro que sei, acha que sou o que? Não leio com frequência pois meus olhos doem. Sabe, serpentes não foram desenhadas por Deus pra lerem livros. Eu já tive dores o suficiente, não vejo necessidade de passar por isso – respondeu Crowley enquanto virava o restante do conteúdo da garrafa de vinho em seu copo.
— Eu posso ler pra você, caso queira. Parece interessante, e você já está me ajudando a comprar tudo isso, nada melhor do que agradecer – disse o anjo sorrindo
Depois de aproximadamente cinco minutos combinando quando fariam a leitura, voltaram às compras. 40 livros, duas caixas, 11 dias de espera. Passaram o restante da noite bêbados, na mesma posição. Juntos.
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Os onze dias se passaram. As caixas chegaram, e a última vez que Aziraphale havia visto Crowley foi no dia da compra. Não que o anjo tenha ficado ansioso pelas encomendas justamente para ler para o demônio, longe disso, ele com certeza não parava sua leitura e ficava imaginando como seria ler com Crowley em seu colo, ou até mesmo pensando se Crowley iria gostar da maneira como ele lia.
Todos sabemos que foi exatamente isso que aconteceu.
Aziraphale é apaixonado por Crowley desde sempre, mas só foi notar quando o demônio salvou seus livros de uma explosão, que aliás foi causada justamente pra salvar o anjo. E lá estava ele, prestes a ler um livro sobre o Armageddon para o demônio que ele era apaixonado. O universo fazia piadas, e Aziraphale podia ouvir Deus rindo dele.
Leu o rótulo das caixas, procurando o livro que leria para o amigo, que inclusive viera com a promessa de uma assinatura do escritor, Professor Alexandre.
Devemos parar e analisar um pouco tudo o que está acontecendo: Aziraphale é um anjo apaixonado pela leitura (e também por um demônio). Começou a ler quando os humanos começaram a escrever, é quase pré histórico. No começo foi difícil tentar entender o que todos aqueles desenhos significavam, mas um anjo caído, Yekun, acabou ensinando alguns dos primeiros descendentes de Adão e Eva a arte da leitura e da escrita. Aziraphale não disse nada na época, nem se atreveu a pensar muito sobre isso, mas achou uma coisa boa. Com o passar dos anos as coisas foram ficando mais interessantes: histórias foram criadas, lendas, mitos e coisas mágicas, romances, mistérios e todos os gêneros que Aziraphale poderia imaginar. A leitura de tornou parte dele.
A leitura faz parte de uma pequena porcentagem dos humanos, e o anjo amava isso. Amava encontrar alguém que já havia lido os mesmos livros que ele. E agora, ele leria um livro com Crowley. Crowley, seu primeiro amigo. O primeiro que se importou com seus livros a ponto de salvá-los de uma explosão. Seu primeiro amor. Era tão histórico quanto a leitura. Era importante. Uma pena Crowley não saber disso.— Oh céus, já enrolei demais. O que estou fazendo? – Caminhou até seu telefone e discou o numero do demônio. Uma voz rouca atendeu assim que Aziraphale disse "Olá" –Crowley? Os livros acabaram de chegar. Quer me ajudar a desempacotá-los?
— Apareço aí em trinta minutos.
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• Eu realmente não sei se vai ter uma continuação, depende do feedback que eu receber então se você gostou, meu twitter é @/OLEGAID eu adoraria ouvir sua opinião!
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Acho que é Amor.
RomanceAziraphale decide ler um livro para Crowley, que esperava um momento a sós para conversar com o anjo a um tempo.