A Confissão

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Só passando pra desejar boa leitura! Notas ao final do texto.
  –Anael ^^

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— Eu amo você, anjo. – disse o demônio.

As palavras chicotearam os pensamentos de Aziraphale. Nunca havia esperado sentimentos recíprocos vindo de Crowley. Tinha total noção de que ambos eram melhores amigos, ótimos amigos, mas nunca cogitou a existência de algo a mais.

Ficaram em silêncio por um tempo, o único som do ambiente era a chuva batendo na janela. O ar estava leve, o momento era um tanto quanto pesado, mas ambos passaram tantos anos juntos que as palavras soavam tão naturais quanto um simples "bom dia". Havia um cheiro forte de vinho por todo o segundo andar da livraria, que contracenava com o cheiro adocicado do anjo.

— Você tem... certeza? Quer dizer, pode ter se enganado, quem sabe você só sente uma grande afinidade – riu nervosamente.

— Certeza absoluta. Eu te amei antes mesmo de cair. Guardei isso por mais de seis mil anos. Sinto muito, anjo. Não é minha intenção encher o teu saco com essas idiotices. – disse Crowley se levantando e dirigindo-se ao andar de baixo. Aziraphale não teve tempo de responder, afinal, quando desceu as escadas já não havia um Crowley para confessar seu amor, apenas seu casaco pendurado ao lado da porta.

•••

O fogo da lareira – que apareceu misteriosamente no apartamento de Crowley – estava aceso, ele se encontrava sentando em frente a mesma, enrolado em uma manta branca com detalhes azuis que fora um presente dado pelo anjo.
O demônio cantarolava a melodia de Good Old Fashioned Lover Boy. Estava abalado, mas não arrependido. Daria tempo às coisas. Aziraphale sempre dizia que tudo se resolve com o tempo, e ele não poderia deixar as coisas acalmarem se ficasse martelando o assunto a todo momento.

Era difícil pensar no que aconteceria dali pra frente. Milhões de possibilidades voavam entre os pensamentos de Crowley. Continuaria amigo de Aziraphale e esqueceriam o que fora falado? Finalmente se entregariam um ao outro? O céu e o inferno tentariam separá-los novamente? Era difícil pensar racionalmente com todas essas alternativas. Crowley só queria estar junto de seu amor, abraçá-lo em dias frios, beijá-lo quando quisesse, sem medo de nada nem ninguém. Ele só queria um pouco de paz e conforto ao lado do homem que amava.

Foi pensando nisso que chorou. Só havia feito isso duas vezes desde sua criação: quando caiu e deixou de ser anjo, e quando pensou que perdera Aziraphale. E a terceira vez doeu mais do que as anteriores, pois corria o risco de cortar laços com a única coisa que lhe fazia verdadeiramente feliz atualmente: a amizade de seu único amigo.

— Quer saber? Que se foda. – disse enquanto se levantava

•••

No outro lado da cidade, enquanto a tranquilidade reinava, Aziraphale vestia seu casaco e pegava o de Crowley. Iria até a casa do mesmo e confessaria seu amor. O que aconteceria no futuro estava incerto, e a sensação da dúvida era a coisa mais humana que ele já provara.
Decidiu ir aos fundos da loja, deixando o casaco negro em uma poltrona. Precisava dar uma última olhada em Luíza, o cacto. Desde que a ganhara decidiu fornecer todo seu amor e carinho para a plantinha.

O sino da porta da frente tocou, revelando que alguém havia entrado, o que era estranho, afinal o único que apareceria durante aquele horário seria...

— Crowley? – perguntou animado enquanto se dirigia para a frente da loja.

— Ainda fraterniza com aquele demônio? Típico... – respondeu Gabriel, olhando-o dos pés à cabeça.

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⏰ Última atualização: Jul 09, 2019 ⏰

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