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• 2 - Educação Física pt.1

Nakyung POV

Estava jogando overwatch em meu computador. Tinha jogado LOL antes, mas o choro das crianças estava me enchendo o saco. Sério, eles acham mesmo que só por eu ser uma menina eu não iria jogar bem? Queridos, eu não jogo, eu dou aula.

Depois de jogar por algumas horas, decido finalmente tentar resolver algumas problemas de matemática que a professora havia passado como tarefa. Encaro os exercícios, tento encontrar a fórmula para eles, mas nada parecia se encaixar. Talvez fosse melhor eu pedir ajuda para minha irmã...

— Que bagunça é essa, Nakyung? Nem parece que é a irmã mais velha! – Jiheon, minha irmã, disse assim que chegou em casa. Bem na hora!

— Jihoney..  Você sabe que eu te amo, não é? – Fiz aegyo, mas ela apenas revirou os olhos.

— Se quer me pedir algo, faça-o, mas não fique tentando usar aegyo comigo porque não funciona e você sabe muito bem disso

— Tsk..  Só queria ajuda com esses exercícios. Faz tempo que estou tentando resolve-los, mas as fórmulas simplesmente não parecem se encaixar. Poderia ajudar sua pobre irmã?

— Claro que sim! – Respondeu animada. Se tinha algo que ela gostava, era de ajudar pessoas, principalmente quando se tratava de exatas. Jiheon sentou-se ao meu lado, olhou as questões rapidamente e começou a rir. – Nakyung, se você for confundir os sinais toda vez, óbvio que nunca chegará no resultado certo. Ah! E essa fórmula não se encaixaria nunca nessa questão, você tem que usar essa aqui...

Assim se passou a minha tarde de quarta-feira, com muita provocação de minha irmã mais nova, mas que felizmente havia me ajudado a resolver e entender todos aqueles problemas.

Depois que tomei meu banho, me joguei em minha cama, tentando relaxar minha cabeça. Comecei a pensar nas aulas que teria amanhã, logo me lamentando pelo meu console ao lembrar que teria aula de educação física. A professora é um amorzinho e não nos obrigava a fazer os exercícios, mas sempre nos alertava sobre os riscos que isso poderia ter em nossas vidas.

Quando menos espero, meus pensamentos são direcionados a uma figura irritante de cabelo longo e preto, boca em formato de coração, e uma bolsinha escura abaixo de seus olhos, como se fossem olheiras. Nada disso mudaria o fato de que ela era a pessoa mais insuportável que havia conhecido até agora. Além de quebrar o meu companheiro para todas as horas, ainda queria que eu pagasse pelo celular dela? O videogame custou meus rins, enquanto aquele celular poderia facilmente ser substituído por outro. Sem contar que desde aquele acontecido, não consigo deixar de a encarar raivosamente toda vez que nós estamos no mesmo lugar. Ela também fazia o mesmo.

Eu não vou deixar essa garota arruinar os meus dias assim.

Próximo dia

— Bom dia, Nakko-yah – Saerom dizia com um sorriso aberto, enquanto me abraçava por trás.

— Já me acostumei com esse seu lado grudento, mas posso saber o motivo de tanta felicidade? – Perguntei curiosa.

— Eu e Hayoung iremos fazer um trabalho juntas em casa hoje. Nem acredito que vamos poder ficar sozinhas, mesmo que seja apenas para fazer um trabalho. – Respondeu dando pulinhos animados. Rio do exagero de minha amiga, e logo o meu humor muda quando vejo Seoyeon – Vocês precisam parar com esse fogo no rabo. Eu e Hayoung iremos pagar pelo estrago de cada uma, então não precisam continuar com essa implicância.

— Ela me intriga... — Falo ainda encarando a menor. Escuto uma risada baixa de Saerom, e a olho confusa. Assim que entendi o que ela estava insinuando, arregalei os olhos em surpresa —Sério que você está achando que tenho queda nela? Saerom, faça-me o favor.

— Tudo bem! Não fiz nada! — Ergueu as mãos em redenção. — Vamos entrar? Está perto de tocar o sinal.

Encaro-a confusa. Pensei que íamos esperar o restante do grupo antes de entrar para sala, até porque somos de classes diferentes. Sem escolha, vou até a minha sala. Pego meu celular e percebo que faltava quinze minutos para o sinal bater.

''Lee Saerom, que droga você tomou?'' — Perguntei-me baixinho.

— A droga do amor — Jisun respondeu, me assustando com sua aproximação repentina.

— Vocês são otárias por acreditarem que o amor romântico existe 

— Melhor do que ser uma otária que trai — Jiwon disse e Jisun parecia ter ficado constrangida.

— Sinto que perdi alguma coisa... 

— É que essa otária ficava comigo enquanto namorava uma menina que, olha... Perfeita — Jiwon soltou, fazendo com que Jisun a fuzilasse com o olhar. — Agora ela aproveitou para passar aqui, para tentar pedir perdão.

— Quem é essa garota? — Jiwon ia responder, mas foi interrompida.

—Ji.. sun?  — Seoyeon disse. Parecia que ela ia surtar a qualquer momento.

Um clima tenso havia se instalado no ar. Ao colocar meus dois únicos neurônios para funcionar, tive uma revelação chocante. Então quer dizer que essas duas já namoraram? E que Jisun a traiu? Não, a Jisun não seria capaz de fazer isso... Mas se bem que a Jiwon disse que ela o fez e essa doida não mente. 

— Não me impressiono que vocês duas sejam amigas. São farinha do mesmo saco. — Disse Seoyeon apontando para mim e para Jisun, raivosamente.

— O que você pensa que sabe sobre mim? — Levantei-me e cheguei perto de Seoyeon, que se assustou com o ato repentino — Só porque não nos damos bem, não quer dizer que eu seja uma má pessoa. 

— Eu não me importo. Por andar com Jisun, por achar que seu videogame é mais importante que o meu celular, só porque é rica; já tenho motivos o suficiente para te odiar — Retrucou, nervosa.

— Você sabe tanto sobre mim, que nem sabe que eu não sou nada rica. — Ri sem humor e ela me encara surpresa. — Se você tem algum problema com a Jisun, resolva com ela e não desconte em mim. Por que não faz que nem o que você havia dito para mim? Finja que eu não existo e me evite.

— Você seguiu tanto o que eu disse que não para de me encarar um dia sequer

— Deve ser porque você faz o mesmo. 

— Vejo que Seoyeon e Nakyung estão com muita energia hoje. — A professora de educação física observou e eu, Seoyeon, Jisun e Jiwon congelamos. As duas últimas apenas riram nervosamente e se retiraram da sala rapidamente. — Não vão se importar se eu colocar as duas no mesmo time na queimada, certo?

— Não, senhora! — Dissemos juntas, claramente assustadas. 

Sim, a professora era amorzinho! Justamente por isso é que ela odiava intrigas, e sempre que isso acontecia, seu rosto e tom de voz ficavam simplesmente assustadoras. Tanto que os outros alunos nem se atreviam a rir. 

— Muito bem! Sabia que podia contar com vocês — Sorriu abertamente — Agora sentem-se, vou fazer a chamada.

Mais uma vez, Lee Seoyeon ferrando com o meu dia....