Seria mentira dizer que eu estava animado para o início da semana desta vez. Faltava pouco mais de um mês para o baile de inverno, depois disso seriam as férias. O que isso significava? Um ano letivo completamente perdido de novo, minhas chances e meu tempo estavam acabando para ter ao menos uma mera possibilidade com o garoto da Lufa-Lufa.
Droga, eu só queria ter a coragem suficiente para chegar lá e jogar as cantadas baratas do Jamie. Dar uma jogada aqui no cabelo, fazer uma pose máscula acolá, era pedir demais? Talvez mostrar os poucos músculos que estavam escondidos por baixo de toda aquela vestimenta verde pesada.
Era pedir demais ter coragem o suficiente para chegar lá e jogar logo de cara um "é o seguinte, Jimin, a gente tem tudo em comum e seríamos um puta par bonito para aquele baile enjoado. Então, fechou?". Tudo bem, eu admitia não ter nenhum jeito com tiradas legais, eu não saberia chegar e me impor, eu não era o típico Sonserino legal em tudo. A verdade era que Jimin me acoava, eu achava ele tão bonito e especial que sentia que quaisquer atributos que eu pudesse ser naquele casal estavam acabados. Eu não poderia contribuir com a beleza, a inteligência ou até mesmo o carisma.
Não era como se eu não me achasse nem ao menos um pouco bonito, na verdade, uma lista rolava por toda a Hogwarts dos caras mais bonitos, e eu me sentia bem o suficiente para estar logo na primeira página. Mas, por Dumbledore, Jimin era tão mais. Ele ocupava o quarto lugar.
Outro problema que eu não teria seria o de gênero, diziam as más línguas pelos corredores – incluindo até os fantasmas e as pinturas – que o Park era bissexual, e talvez até gay, e eu não poderia agradecer o suficiente por isso. Eu tinha chance, não tinha? Por mais que fosse tão mínima e provavelmente rápida quanto o pomo de ouro.
Eu nunca tive problemas em conquistar quem eu queria – apesar de ser um trasgo quase todo o tempo, eu era até bem desejado –, era só chegar e jogar as frases mais clichés possíveis: "Seu sorriso não é Expelliarmus, mas me deixou completamente desarmado" ou "você não precisa usar o Accio para me trazer até você" e pronto. Eram frases vergonhosas mas geralmente funcionavam, eu ganhava quem queria. Mas com Jimin Park era completamente diferente, qualquer idiotice de daquele inglês praticamente albino de meia tigela julgo meu melhor amigo não me ajudaria agora. Mas não ia mesmo.
Ele era diferente no nível de eu desejar me fundir aos tijolos dos corredores em vergonha quando o garoto passava, ou cogitar implorar para trocar de casa – mesmo sabendo que era impossível – só para ver aquele rostinho acordando amassado todos os dias no salão comunal amarelo e preto. De preferência, bem do meu lado.
Eu sabia, por todos os bruxos na minha família, que Jimin era diferente. Jimin era o cara – ou melhor, o bruxo – pra mim. Seria o genro perfeito para minha mãe, e eu tinha certeza absoluta que meu pai cairia de amores por uma pessoa tão bondosa quanto o mais novo. Aquele meio coreaninho meio inglês seria o sonho dos meus pais.
Tudo bem, talvez eu fosse um pouco apressado e sonhador demais. Pensar no que meus pais achariam do loirinho só aumentava minha ansiedade. Tudo o que eu tinha que fazer naquele momento era me concentrar nas lições de voo, por mais que aquilo fosse extremamente difícil.
Querendo ou não, por ter ao menos o mínimo de experiência no campo com o quadribol, fui convidado pela Madame Hooch, junto a outros jogadores a ajudar os alunos um pouco mais atrasados nas lições, e Jimin estava lá. Nas escolas dos trouxas aquilo seria praticamente a recuperação.
Na verdade, Jimin tinha medo de voar. Não podia tirar os pés do chão e logo apertaria o cabo e xingaria palavras em coreano que somente eu entendia muito mal, e meu coração se apertava tanto. O Park era o garoto perfeito, bom em absolutamente tudo e extremamente estudioso, sabia os feitiços, as poções e as questões mais avançadas em Transfiguração e Herbologia, mas tinha muito medo de altura. Aquilo, na verdade, se assemelhava muito mais a algum tipo de fobia e ficara bem claro desde a primeira vez em que o vi subir no ar e suar, tremer e praticamente chorar pedindo pra por os dois pés pequenos no chão.
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De "Vassoura Arriada" Por Um Texugo | jikook
RomanceVindo de uma família dividida entre Sonserinos e Grifinórios, eu não fugi à regra. Logo aos meus onze o Chapéu Seletor mal precisou ser posto na minha cabeça e já gritara "Sonserina!". Mas cá entre nós, não era muito comum que um sonserino, como eu...