Avada Kedavra - Quinnchi e morte de amor

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— Cara, vem cá, me faz um favor — Eu arrumava meu colarinho bem passado e checava meu cabelo com gel, o topete estava perfeito, jogadinho pro lado do jeito que eu esperava que Jimin fosse se amarrar nessa noite. Cá entre nós, eu tava bonito, bem apessoado e... — Vem cá ver se meu cheiro tá bom.

— Quer que eu dê uma fungada no seu pescoço? Cara, eu não gosto disso não, se a Cris ficar sabendo ela me mata — Me virei e vi o garoto no espelho do outro lado do quarto também arrumando as vestes caras. Ele tinha de última hora conseguido um par, uma garota do Castelobruxo que mal falava inglês ou trocava palavras com ele, mas já estava caidinho. A vassoura só não arriava mais por já tocar o chão — Eu levo essa flor ou a outra?

— Você nem sabe se ela gosta de flores — Continuei arrumando o topete com estimo até ouvir um miado alto e raivoso de cima da minha cama, encontrando lá Kimchi que afiava os dentes com seu brinquedo novo dos últimos meses: a pena de Quinn.

Eu tinha sérias dúvidas se tudo aquilo era vontade de janta-la ou muito amor reprimido — como dizia Jimin — mas tinha quase certeza de que se engalfinhavam por conta de amor. E ah, o amor é lindo.

— Cara, não dá pra te levar não — Kimchi miou alto de novo, um miado manhoso que não condizia com sua personalidade estranha — Sem essa, bola de pêlos, você não vai. Hoje é o meu dia.

O meu dia. Meu dia. O dia que eu estava esperando tanto que mal sabia o que era dormir. Tinha duas bolas enormes em baixo dos olhos por sonhar acordado com meu texuguinho. E lembrar dele só me deixou ainda mais nervoso por um motivo: eu iria vê-lo e já estava atrasado.

— Jamie, anda, a gente tá atrasado — Apesar disso o menino sequer se mexeu, enquanto eu calçava os sapatos sociais com pressa e acertava o colarinho pela milésima vez.

— Acho que vou levar as duas, ela vai gostar. Certeza que ela vai gostar.

Certeza era uma palavra bem forte, ainda mais quando descemos todas as escadarias e encontramos a menina dos cabelos castanhos, ela fez uma careta desgostosa e negou com a cabeça dizendo algo do tipo "Não, alergia". Jamie tava perdido, achou até que tinha perdido todas as chances, mas a garota entregou o buquê para mim e puxou o loiro pela mão.

Jamie parecia morrer de amores e finalmente entender o que era estar apaixonado por alguém, finalmente sentia algo parecido com o que eu sentia por Jimin. E por falar no coreaninho... Ele me apareceu nas escadas logo que os dois foram para o Salão Principal.

A música estava alta, flocos de neve ilusórios estavam por todos os cantos e os olhinhos azuis brilhavam muito mais forte do que todas as estrelas do céu. E, por Merlin, o garoto estava tão bonito que eu poderia abraçar Kimchi e chorar pesado. Ele usava vestes largas, porém modernas e com detalhes em branco que ressaltavam a coloração dos seus cabelos e seus olhos, a franja estava um pouco para um dos lados, criando a ilusão de uma cascata que eu me afogaria com gosto.

— E aí, Jeongguk? — Ele parecia sem graça, e de perto dava pra ver que usava uma maquiagem leve nos olhos e pequenos brilhos na pálpebra inferior. Estava bonito até demais. Avada Kedavra, eu estava morto. Morto e duro num só lugar, vendo o menino remexer as mãozinhas em frente às vestes enquanto mordia o interior da boca — Vamos?

— Ji-jimin, você...

Eu...? — Sobressaltou as sobrancelhas enquanto me olhava fixo. Eu estava suando muito, parecia incontrolável de vez. Meus órgãos não funcionavam com propriedade, muito menos meu coração.

Eu já tinha — como sempre — preparado mil frases de efeito. Eu queria que o loirinho me achasse fofo, romântico e assim levasse esse relacionamento à diante. Ao menos era isso que eu esperava. Mas na hora eu não consegui dizer nada, toda a beleza daquele garoto ofuscava os meus pensamentos. Tudo que eu conseguia pensar era Jimin, Jimin, Jimin.

De "Vassoura Arriada" Por Um Texugo | jikookWhere stories live. Discover now