O dia tinha finalmente chegado e enquanto Lavínia fazia um curativo em sua mão queimada, pensava que sua vida já estava acaba.
Todas as bruxas estavam felizes e se ela é uma bruxa... Por que não está feliz também?
Será que tinha algo de errado? Será que nasceu com defeito? É! Com certeza nasceu com defeito.
-Precisa limpar seus sapatos. -A irmã do meio chama, tirando Lavínia de seus devaneios.
-O que disse?
-Os seus sapatos precisam ser limpos e não vou limpar. Já estamos colocando as rendas no vestido.
-Já estou indo.
-É claro que está.
Ela suspira e vai até o outro quarto onde suas irmãs estão colocando rendas em seu novo vestido.
-Por que preciso de um novo vestido?
-Por que faz tantas perguntas?! Acho que não temos respostas para nenhuma das duas perguntas.
Ela senta em um banco e começa limpar seus sapatos brancos.
-Uau! -A mãe das meninas diz. -O vestido está ficando muito bonito.
-Obrigada. -A irmã mais velha agradece sorrindo.
-O que aconteceu com você? -Ela pergunta para Lavínia.
-Tive um acidente.
-Espero que não tente se matar. Lembre-se, hoje, você é imortal.
-Eu não tentei, não se preocupe.
-Ótimo!
***
Lavínia estava colocando o vestido para seu primeiro sacrifício.
-Você está tão bonita! -A mãe diz sorrindo.
-Estou parecendo uma noiva.
-Faz sentido, hoje você se casará com a floresta.
-Eu deveria pular de alegria?
-Na verdade sim, mas eu entendo.
-Mamãe?
-Sim?
-Por que eu preciso ser a escolhida?
-Já conversamos sobre isso, Lavínia.
-Eu sei, mas... as minhas irmãs me odeiam por causa disso.
-Não odeiam não.
-É claro que odeiam. Eu não sou a mais velha, eu não deveria ser a escolhida.
-Ela segura no rosto de Lavínia. -Mas a floresta quis assim. Ela te deu a marca das bruxas escolhidas.
-Lavínia olha para seu antebraço e vê a marca. -Isso não é uma marca de bruxa, é só uma mancha de nascença. Muitas pessoas tem isso.
-Não, querida, não tem. Eu... Eu não tenho.
-Mãe! Você não sentiu raiva quando a tia Dulce foi apresentada como a escolhida?
-Sim.
-E por que acha que minhas irmãs não estão com raiva de mim?
-Eu não disse isso, só que... Elas ainda são crianças e crianças não sabem controlar seus sentimos... Nós precisamos ir, querida.
-Tudo bem. -Elas se abraçam.
Elas vão até onde estão todas as bruxas.
-Lavínia Lesa Gussev, nossa bruxa escolhida. -A bruxa anciã começa a falar. -Essa noite fará seu primeiro sacrifício e poderá escolher quem será. -Ela aponta para um jaula com 3 crianças. -Venha até aqui.
Lavínia segura as lágrimas teimosas que tentavam cair, enquanto anda até a jaula.
-Escolha uma.
-Eu não consigo. -Ela sussurra.
-Ela escolhe aquela. -A mãe de Lavínia aponta para uma das crianças.
-Tem certeza? -A anciã pergunta para ela.
-Ela confirma com a cabeça. -Sim.
-Ótimo! O ritual do sacrifício será iniciado.
***
Ela não ouvia o que diziam, ela não ouvia o que ela mesmo dizia, nem ao menos percebia que se movia, tudo o que conseguia fazer era ver aquela criança chorando na sua frente.
Ela levantou a faca no alto de sua cabeça e disse a frase que a faria ser uma bruxa ou um monstro, já não sabia diferenciar.
-Sua vida agora é minha. -Ficou parada, chorando.
-Você consegue. -A mãe dela disse apenas mexendo a boca.
-NÃO! Eu não consigo! -Ela gritou, largou a faca e correu.
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ANA
Mystery / Thriller[DEGUSTAÇÃO] O século era XVI, época onde bruxas passeavam floresta a dentro e ninguém se importava, tempo onde bruxas não eram só uma lenda. Porém, dias sombrios vieram, e uma caçada começou, fazendo com que bruxas virassem o que elas sempre temera...