Cap. 6

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A lua estava cheia aquela noite, um choro ecoava, fazendo com que o silêncio da negra floresta fosse quebrado.

-Ela é tão linda. -A bruxa de cabelos negros disse sorrindo para o pequeno bebê ruivo.

-Por que ela está tão quieta? -Rodrigo pergunta.

-Porque ela sabe que precisa estar quieta.

-Não tem nada de errado com ela?

-Não. -Ela diz rindo. -Ela é simplesmente perfeita.

A bebê começa a chorar e Lavínia a aquieta cantando uma música em sua língua.

-Nokby plakwee
Neno kriry neno
A forles zvoca teyo
Nid ato vedwit theon lyuve teyo. -A bebê para de chorar e sorri a vendo cantar. -Moma lyuve teyo, konfedy.

-Eu queria tanto que vocês duas pudessem ficar a salvo. Longe disso tudo, sem precisar fugir.

-Ela o olha. -E talvez tenha.

***
-Você perdeu muito sangue, não é seguro ficar de pé tão cedo.

-É necessário. Não vou deixar que nada de ruim aconteça com ela.

-Eu também não.

-Ela põe a mão no rosto dele -Eu sei, mas eu sou a bruxa aqui. -e sorri.

-Ok, mas o que você está procurando? -Ele pergunta vendo ela revirar um baú.

-Meu li... Achei! -Ela tira um livro preto de dentro.

-O que tem nesse livro?

-Feitiços.

-Acho melhor sair daqui.

-Não! Eu vou precisar de você para montar um altar.

-T-Tudo bem.
***
-Assim está bom? -Ele pergunta após terminar de colocar um monte de madeiras sobre a outra.

-Sim! -Ela senta de pernas cruzadas em cima do "altar". -Me dê a criança.

-Nossa filha. -Ele diz a entregando.

-Foi o que eu disse. -Ela coloca a criança na sua frente.

-O que você faz agora?

-Digo as palavras.

-Quais palavras?

-Você verá.

Ela fecha os olhos, respira fundo, abre os olhos novamente e começa a ler o livro preto em sua frente.

-Esconda-me no oculto, onde ninguém me descobrirá. Eu não mais voltarei, até finalmente você me achar.

Dizem que a lua ficou vermelha, como sangue e depois daquele dia, ninguém nunca mais ouviu falar de bruxas.

Ela entregou a criança nos braços de seu marido e em seguida caiu fraca.

-Ei! -Ele segura a cabeça dela com uma mão. -Você está bem?

-Estou sim.

-Você perdeu muito sangue.

-Eu te amo.

-Não.

-Não o que?

-Isso não é uma despedida.

-Eu preciso que você cuide muito bem da nossa menina.

-Não, por favor.

-Ela aperta a mão dele. -Você precisa cuidar dela.

-Eu não consigo.

-É claro que consegue... Eu te amo, Ana.

-Esse vai ser o nome dela?

-Sim! Anastácia... Me diz, qual o seu nome?

-E as bruxas?

-Elas não existem mais.

-Gustavo.

-Que nome lindo. -Ela sorri. -Eu te amo muito, Gustavo.

-Eu também te amo muito, Lavínia.

ANAOnde histórias criam vida. Descubra agora