𝓕𝓸𝓾𝓻

4.6K 601 431
                                    

— 🌨 —

⠀– Nana, eu não tenho certeza. – Minkyung diz se sentando na cama, ficando ao meu lado – Não me lembro de Minho ter gostado de alguma garota na vida. Eu estou começando a suspeitar que é porque ele gostava de você.

⠀Aquilo me abalou por poucos segundos.

⠀– Por que diabos você acha isso? – Pergunto procurando entender a situação, mas logo desisto por não querer bagunçar as coisas – Quer saber? Ele acabou de voltar, não vamos começar com essa história de novo. Não quero gostar do seu irmão de novo.

⠀– Qual é Nayoung? Você já está em uma situação que não consegue não se apaixonar por ele. – ela argumenta – Minho passou dois anos fora, e assim que você viu ele já ficou toda desnorteada.

⠀Em minha defesa eu fiquei tranquila nos últimos dois anos longe do Minho. Nem senti sua falta. Eu acho.

⠀– Mas...

⠀– Ei, confia em mim. Eu tenho um plano. – ela diz confiante – E se depois disso Minho não demonstrar nada por você, eu juro que não me meto mais nisso. – eu respiro fundo e assinto. Eu queria conseguir fingir que eu não sinto nada por ele.

⠀Após algumas horas de conversas e brincadeiras a noite começa a chegar, e Minkyung vai embora antes que ficasse muito escuro.

⠀Me despeço da Lee e vou para o meu quarto. Paro em frente a porta do mesmo, e olho para a do quarto ao lado.

⠀– Felix ficou o dia todo no quarto? – pergunto a mim mesma.

⠀Deve ser difícil se mudar assim, pra viver com uma família desconhecida, em um lugar desconhecido, sem dominar a língua muito bem. Mesmo tendo sido seu primeiro dia, não acho que me sentiria bem e vê-lo passar as férias desse jeito. Eu vou tentar fazer amizade com ele. Nós temos a mesma idade e isso já ajuda.

⠀Respiro fundo e entro no meu quarto, fechando a porta de madeira logo em seguida.

⠀Vou até a cama onde eu e Minkyung passamos a tarde toda conversando e me jogo. Foi um longo dia.

⠀Pego meus fones e coloco um música no celular. Então, um som de piano começa a correr por meus ouvidos. Isso me faz começar a pensar sobre algumas coisas. Sobre ele.

⠀Pensando bem, eu realmente senti falta de Minho. Depois que ele foi para os Estados Unidos, fiquei com um sentimento de vazio, algo faltando. Quando eu passava por sua sala não o via mais; Eu não tinha mais um jogador de basquete favorito nas aulas de educação física; Não éramos mais em três voltando para casa.

⠀Dois anos, e eu me acostumei com isso. Não pensava tanto nele, nem em como era nossa rotina com ele. Mas eu nunca o esqueci. Ainda faltava alguma coisa. Sentia falta do seu sorriso. Sentia falta de suas brincadeiras que por vezes me irritavam um pouco, de como era bom quando ele estava por perto. Eu só tinha me acostumado com esse vazio.

⠀Embora eu ainda pudesse manter contato, eu não queria. Achei que seria estranho. Mas vendo agora, por que dois amigos se falando por mensagens seria estranho?

⠀Acabo por dormir pensando em tudo que senti e sinto por Lee Minho.

☆☆☆

⠀– Pronto? – digo o mais gentil que consigo ser para o garoto que saía do quarto.

⠀– Sim. – ele responde dando um sorriso sem mostrar os dentes.

⠀Como combinado, iríamos até ao meu café favorito para que eu pudesse ajudar Felix a aprimorar seu coreano.

⠀O australiano, que agora estava na minha frente, veste uma jaqueta vinho com uma camiseta branca por baixo, uma calça jeans escura e um tênis vermelho. Okay, talvez eu concorde com Minkyung sobre Felix ser bonitinho. Mas só bonitinho.

⠀– Vamos. – eu falo apontando com a cabeça para a porta.

⠀Felix dá uma 'corridinha' para chegar primeiro na porta da casa e abre a mesma para mim. Eu rio um pouco com o ato por achar fofo e agradeço.

⠀Começamos a andar até o café, em silêncio. Não é exatamente ruim, até porque é normal já que eu e Felix acabamos de nós conhecer, mas eu queria me tornar mais próxima dele. Quero mostrar que mesmo em uma cidade nova ele pode ter com quem contar.

⠀– Jaqueta legal. – declaro a fim de quebrar aquele silêncio – Você parece ter senso de moda. – ele ri um pouco e agradece o elogio que lhe fiz.

⠀– Você também tem bom gosto pra moda. – ele diz apontando para minhas roupas.

⠀Eu estou vestindo uma jaqueta azul claro com uma camiseta branca, uma saia e tênis pretos. Felix não é exatamente quem eu quero que note minhas roupas casuais mas mesmo assim agradeço.

⠀– Por que decidiu vir para a Coréia no meio do ano? – pergunto mudando de assunto – Tipo, ainda tem um semestre de aula.

⠀– Na verdade eu meio que já me formei. – Felix responde e eu fico surpresa.

⠀– Minha mãe disse que tínhamos a mesma idade...

⠀– Pelo o que ela me falou sobre você, nós temos. – Ele diz e eu fico mais confusa ainda – É que eu entrei na escola mais cedo. Não sei como te explicar bem, mas temos a mesma idade eu só me formei um ano antes. – eu começo a entender o que ele quis dizer.

⠀– Ah, sim. Agora eu me sinto como se tivesse repetido de ano. – digo ao compreender a situação e o loiro ri – Vai fazer alguma faculdade aqui?

⠀– Sim. Quero tentar alguma de artes. Eu adoro dançar. – ele diz e me olha.

⠀– Nossa! Eu também! – afirmo com certa animação – Quer dizer, eu quero fazer alguma faculdade de artes também, mas não para dança. Minha paixão é o desenho.

⠀– Então... aqueles desenhos na geladeira são seus? – ele indaga e eu assinto – Caramba você desenha muito bem! – ele fala sorrindo e eu me orgulho do meu talento.

⠀Eu e Felix conversamos por mais alguns minutos até chegar no café. Eu me sinto feliz por conseguir me aproximar dele pelo menos um pouco.

⠀Entramos no café rindo de uma história engraçada que Minkyung já me fez passar. Dessa vez haviam umas seis mesas ocupadas, e uma delas era pela protagonista da história que havia contado a pouco tempo para Felix.

⠀Nos sentamos na mesa: Minkyung de um lado e eu e Felix do outro.

⠀Logo um Minho sorridente chega para nos atender.

⠀– Ok, um Latte, um Mocha e... – O mais velho aponta a caneta em sua mão para Felix por não conhecer seu gosto por café, nem ele.

⠀– Uh... Um cappucino, por favor. – Felix pede.

⠀– Nem precisa dizer por favor, Minho é nosso serviçal. – Minkyung diz tranquila enquanto Minho ameaça lhe dar um tapa.

⠀Passamos a tarde ajudando o australiano com sua pronúncia e escrita coreana. Eu achei que vez ou outra poderia observar Minho no balcão sem ser percebida, mas ele sempre estava olhando – com uma cara quase que sombria – para nossa mesa e desviava o olhar quando eu o encarava.

⠀Será que...

⠀Não! Ele não está com ciúmes, está?

Coffee boy ✰Onde histórias criam vida. Descubra agora