𝓝𝓲𝓷𝓮

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⠀– Eu ajudei meu pai a se safar de um crime.

⠀Eu permaneci em silêncio, tentando processar a informação que foi jogada na minha cara brutalmente.

⠀– Eu entendo se quiser que eu me afaste de você e de... todo o resto. - ele diz triste.

⠀– O que?! – eu volto aos meus sentidos – Não! – ele me olha de canto - Felix, eu não te conheço a muito tempo, mas eu tenho certeza que você não faria mal nem a uma mosca! Me explique isso direito!

⠀Ele respira fundo e se endireita na poltrona no ônibus antes de começar a contar tudo.

⠀– Meu pai nunca foi uma pessoa fácil de lidar. Ele era teimoso, e sempre achava um jeito mais rápido e fácil de fazer as coisas. Só que eram jeitos desonestos também. – ele diz mostrando certo desgosto – Mas ele era meu pai. E eu o amava.

⠀Eu o encaro prestando muita atenção na história. Não consigo acreditar que Felix faria algo assim. Deve ter alguma coisa errada.

⠀– No retrasado, houve um dia em que ele saiu de casa a noite, e demorou a voltar. De manhã, eu descobri que ele tinha roubado um banco com outros caras, e feito cidadãos inocentes de refém durante o assalto. – ele respira fundo mais uma vez – Mais tarde alguns policiais chegaram em casa, e me fizeram perguntas sobre meu pai, já que ele havia sido um dos suspeitos. E eu menti, dizendo que não sabia de nada, e que ele nunca faria algo assim. Me levaram até o tribunal para ser testemunha, e eu repeti o que havia dito da primeira vez. - Felix cerrou os punhos – E-ele... Ele teve o veredicto de inocente.

⠀– Lix, eu... – tento de alguma forma dizer "sinto muito", mas não sei se é o melhor, pois estamos falando do pai dele, afinal.

⠀– Dois meses depois, ele foi preso. Ele cometeu outro crime, e dessa vez houve uma morte. O advogado não conseguiu denfende-lo de todas as provas que a promotoria tinha. – ele começa a ter dificuldade para falar e lágrimas rolam por seu rosto – Se eu tivesse dito a verdade, ninguém mais teria se machucado. Porra! Eu tive duas chances! – ele apoia os cotovelos nas pernas e cobre o rosto, soluçando.

⠀Eu nunca poderia imaginar que esse foi o passado de Felix.

⠀– Isso tudo foi mostrado na TV. E logo, eu comecei a pagar pelo que fiz na escola. Meus amigos deram as costas, os professores me olhavam feio e sempre tinha lixo no meu armário. – ele disse tentando parar de chorar – Eu escondi da minha mãe porque não queria preocupa-la. Já era difícil o suficiente pra ela ter que aguentar todo mundo falando sobre seu marido bandido e assassino. Mas ficou impossível de esconder quando os hematomas começaram. As grandes marcas roxas e dores incomuns denunciaram minha situação na escola. Aí ela me mandou pra cá, dizendo pra eu esquecer tudo que aconteceu na Austrália, e seguir meu sonho aqui. – ele finalmente me olha nos olhos com um sorriso triste.

⠀Eu estou surpresa. Não sei o que dizer. Fico parada sem uma expressão certa.

⠀– Eu deveria ter te contado mais cedo, certo? – eu não respondo – Eu sei.

⠀Ele limpa as lágrimas, encosta no banco e encara o mundo lá fora. Enquanto isso minha cabeça corre a cem quilômetros por hora pensando em tudo isso. Quando menos percebo, chegamos ao nosso ponto.
Nós saímos do ônibus e começamos a andar pela casa ainda estar a umas quatro quadras.

⠀– Eu... vou arrumar minhas coisas. Não acho que vai continuar querendo que eu more--

⠀– Felix. – eu o interrompo parando de caminhar, e ele faz o mesmo. Eu chego mais perto e o abraço. Um abraço apertado que o deixa surpreso - Você não tem culpa. Foi errado mentir para a polícia, mas você amava seu pai, e como um adolescente, estava assustado e sem saber o que fazer naquela situação. – digo sem solta-lo – Seu pai que cometeu um crime, e agora ele vai pagar. Você não merece sofrer mais por isso. – eu o olho – Você é uma pessoa boa, e eu amo você, então não se atreva nem em pensar em deixar aquela casa, seu idiota.

⠀Ele fica sem reação me encarando, mas em pouco tempo me abraça de volta.

⠀– Eu não sei pra que doença eu encontrei a cura na vida passada, pra merecer uma amiga como você, Nayoung. – ele diz e eu rio.

⠀– Espera um minuto... – eu digo séria – É a Minkyung beijando um garoto ali?! – aponto para o outro lado da rua pro qual o australiano estava de costas.

⠀– O QUE?! – Ele grita e se vira com a velocidade da luz. Não sei como não quebrou o pescoço. Mas não havia nada nem ninguém lá.

⠀Logo ele se vira pra mim de novo por sentir uma bola de neve colidir com seu rosto.

⠀– Eu sabia que você gostava dela! – Digo correndo e atirando mais uma bola de neve.

⠀– N-nayoung! – ele cora brutalmente e eu rio – Tu vai ver só, garota! – ele faz uma grande bola de neve e começa a correr atrás de mim com rindo com um vilão da disney.

⠀– Não!! – Corro mais rápido rindo e tentando não ser acertada pela bola de gelo. – Sai daqui seu canguru loiro!

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⠀– Latte, Macchiato, e dois Mochas. – Minho nos entrega os cafés e se senta no espaço ao meu lado.

⠀Felix e Minkyung estão do outro lado da mesa, e aquele Lee está com certeza desconfortável por saber que eu tenho noção dos sentimentos dele pela minha amiga.

⠀Nós estamos conversando sobre coisas aleatórias, até fico feliz quando vejo os garotos acharem um gosto em comum: a dança. Mas sou pega de surpresa quando sinto o a mão quente de Minho em cima da minha. Eu o olho confusa, mas ele faz o sonso e continua conversando com Felix e sua irmã. Olho de novo para baixo quando ele entrelaça nossos dedos. É impossível esconder o sorriso, mas consego disfarçar quando todos riem de alguma coisa que Minkyung disse, e que eu nem prestei atenção.

⠀Não estamos escondendo nada. Eu acho. Nós sequer temos alguma coisa pra esconder? É obvio que eu estou completamente apaixonada por ele, e ele... gosta... de mim?

⠀O telefone de Minho toca.

⠀– Quem é? - Sua irmã pergunta.

⠀– Ah. Uma garota que eu conheci nos EUA. – ele responde.

⠀Olhei para o visor do celular, e o contato estava salvo como "Sweetie, sweetie".

⠀Eu acho que preciso de alguns esclarecimentos sobre... seja lá o que eu e Minho estamos tendo.

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Completem:

⠀ADO ADO ADO QUEM SOLTA FOGOS NO NATAL É _________!

Feliz natal de qualquer forma, e cuidem dos seus bichinhos.

Coffee boy ✰Onde histórias criam vida. Descubra agora