Neguinha da zona Sul

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JASMIM:

-Amiga, você tem certeza disso?

- Tenho amiga, relaxa a Nanda vai ta lá!- eu respondi Bianca revirando os olhos.- Então daqui a pouco eu passo ai pode ser?

- Pode - ouvi ela suspirar e logo depois desligar.

Bia sempre foi assim, muito medrosa, mas com esta má influencia que vos fala, ela sempre acaba aceitando. Escolhi um vestido cinza custo e troquei de roupa. Só dei uma amassada nos cachos que já estavam devidamente penteados e quase secos.

Saí do quarto e peguei a chave da BMW do papai, que novamente não estava em casa. Coloco as chaves na bolsa enquanto saio do apartamento e vou em direção ao elevador. Eu moro na cobertura a minha vida toda, lembro de brincar aqui com as filhas das amigas da minha mãe, quando ela ainda cumpria com o papel de ser mãe.

Esquivo dos meus pensamentos e volto a realidade saindo do elevador. Victor me vê passar de boca aberta.

- Cuidado pra não molhar o balcão, Victor - Ele pisca e volta ao trabalho como ajudante do porteiro, ou algo assim. Ele vai até as portas de vidro e abre para que eu passe.- Obrigada. - E saio.

A temperatura está muito baixa hoje. Consigo até sentir um vento gelado, o que não é muito comum no Rio de Janeiro. Vou ate a garagem e entro no carro, ligando-o e saindo.

Chego na casa de Bia uns 15 minutos depois. Eu passei numa sorveteria antes e comprei sorvete pra gente. Ligo pra ela que não não me atende mas aparece no portão de sua casa.

Ela acena pra mim vem na duração do carro, toda arrumada.

-Uau!

-Nossa amiga, tu ta muito gostosa nesse cinza, quero pra mim.

-Não vai ter nem eu nem o vestido. Desgruda.

- Jasmim Carolina Androzzio, isso é sorverte de que?

- Então... Bianca Carolina Ferraz, esse delicioso sorvete é de mouse de limão, e é meu! O seu ta no banco de trás. - falei arrancando com o carro.

Ela se virou para trás e pegou o sorvete de maracujá com chocolate. Ela olhou pra mim com um sorrisão e já foi abrindo o sorvete. Tirou uma colher não sei da onde e começou a comer. Isso é tradição entre a gente, quem for buscar leva o sorvete pra não atrasar.

Depois de 30 minutos e muita música nós chegamos ao tal baile de favela quase no topo da Rocinha. Bia ficou meio apreensiva de estar por aqui. Mas eu não, adoro viver coisas diferentes e ser livre.

Saímos do carro e andamos até a festa que já estava bombando. Muitas meninas com shorts enfiados no útero e croppeds transparentes rebolando a raba em meio aos machonheiros e traficantes da Rocinha.

No meio da bagunça e do som alto tinha muita cerveja barata e drogas ilegais circulando livremente. Olhei pra Bia e apontei com a cabeça para um garoto magro e baixo que vendia algumas bebidas. Ela fez que sim e fomos até o menino. Compramos uma garrafa de Vodka e tomamos o primeiro copo cada uma. Íamos para uma das beradas da pista para nos sentar e apreciar o baile, mas começou a tocar um funk que eu conhecia, não me aguentei e fui em direção ao centro da festa. Deixando Bia para trás, ela não gosta muito de dançar.

O som alto retumbeava por todo o meu corpo que por sua vez, começou a remexer. Levo jeito pra coisa e me deixei levar. Com a mão no joelho, fiz tudo e um pouco mais rebolei, fiz o quadradinho, fui até o chão e o caralho a quatro. Em algum momento eu fechei os olhos e apenas sentia a música.

Gotas de suor se formavam na minha nuca quando mãos grandes seguraram firmemente minha cintura. Tomei um susto e me virei. Pupilas dilatadas me receberam e, sem a minha permissão ele colou nossos lábios em um beijo quente.

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