O dia se abria lentamente conforme eu caminhava pelas belas ruas do bairro e depois pela rua mais larga e movimentada, que segundo a senhora Melissa, minha mãe, daria na escola Regional Sudeste e era chamada de Pista.
A Pista, ao que me parecia, era cheia de lojas de todos os tipos, no momento fechadas, mas que eu não tinha dúvida, ficariam uma loucura quando o horário comercial começasse.
A cidade intacta e intocada pela guerra me caia como uma pedra no estomago, mas continuei caminhando em direção à, tão bem falada, escola Regional Sudeste. A maior escola da cidade, eu havia lido em um blog civil, era famosa por ter formado grandes cientistas bélicos como Carlos Andress e Fernando Iart, ou químicas como Luiza Dalila, a Senhora dos Gases Nobres. Um nome ridículo para alguém tão genial como ela...
Ao me aproximar da barulhenta entrada escolar, parei do outro lado da rua e observei o enorme fluxo de alunos que entravam, geralmente em grupos; o campo enorme e verde que antecedia o prédio branco e azul de cinco andares e enormes janelas por toda sua extençao. O sinal de transito ficou vermelho, indicando a minha passagem livre e eu andei, passei pelo porteiro, um senhor baixo, apesar de ser maior que eu, ele já não tinha todos os cabelos na cabeça e os que haviam sobrado estavam grisalhos, seu uniforme bem passado e limpo me dizia que, ou ele tinha uma esposa muito atenciosa ou ele era bastante cuidadoso com suas coisas.
O senhor me deu um sorriso educado e carismático, meu corpo travou. O que eu devo fazer quando alguém sorrir pra mim? Na dúvida, apenas sorri de volta, ou tentei e pela cara dele, fracassei.
Segui meu trajeto até o prédio através do largo caminho de pedras brancas que cortava ao meio o imenso gramado. Até uma das três enormes entradas, uma ao lado da outra, com portas duplas e brancas, elas eram imensas, o que já indicava o quão alto o teto do primeiro andar era.
Andei até o final do corredor, percebendo que não haviam salas de aula ali. Todas as portas tinham uma plaquinha com um nome. Secretaria. Biblioteca. Banheiro feminino. Banheiro masculino. Refeitório.
A placa do refeitório estava posta em portões de grade que me permitiam observar seu interior. Um enorme espaço com muitas mesas retangulares dispostas perfeitamente em relação as outras, cada mesa tinha pelo menos 10 bancos. No fim do local, encostada na parede, havia uma enorme mesa diferente das outras, mais larga e com uma cúpula da vidro protegendo-a provavelmente dos insetos, imaginei.
Ouvi antes de ver quando um grupo de alunos entraram no refeitório por outros portões, esses estavam abertos e mostravam mais verde atrás de si.
Os alunos, barulhentos e risonhos, se sentaram em uma das várias mesas espalhadas, alguns na mesa em si e outros nas cadeiras. Uma garota de cabelos que começavam pretos e terminavam loiros platinados, falou:
- Disseram que esse ano não vai ter o BailEs. - ela soltou, o que fez com que todos olhassem pra ela. Mas foi um garoto loiro com cabelos quase nos ombros que eram largos quem respondeu.
- Ano passado foi um verdadeiro desastre, da pra entender pôr que a diretora resolveu acabar com o evento. - a palavra diretora me trouxe de volta a realidade, mas antes que eu saísse, não pude deixar de ver uma garota pequena com longos cabelos negros e cacheados e pele escura se movimentar mínimamente com algum tipo de dor interna. O movimento me desencadeou uma lembrança nada agradável.
E então eu estava novamente no Norte, o suor escorria por minha nuca conforme eu contiuava explodindo órgãos, muitos corpos, havia muitos deles. O cheiro de sangue e sugeira tinha impregnado meus sentidos. Quando de surpresa um homem ataca um dos nossos soldados, o Grito de Sasha o encontra e, enquanto seus ouvidos sangram, o movimento que espressa a dor de seu corpo é extremamente parecido com o da garota de olhos dourados.
Com um piscar de olhos as lembranças são trancadas no meu inconsciente novamente.
CONTINUA...
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Histórias Que Nunca Terminarei
Teen FictionSim, estou realmente fazendo isso... Decidi abrir meu pequeno mundo particular para pessoas anônimas que querem ler um 'quase livro' diferente. Não ligo se pegarem alguma das idéias, desde que me passem o nome do livro. Eu, de verdade, adoraria ler...