Sunrise

Capítulo 4

– Perdão... É, com licença, senhor Robb, desculpe acorda-lo tão cedo. - Ouviu, quando as primeiras luzes da aurora entravam pela janela de seu quarto de dormir, um dos homens de seu pai lhe chamar ao pé da porta. – É que Lorde Stark pediu sua presença no desjejum, disse que precisa tratar de alguns assuntos.

– Diga-lhe que estou a caminho, Jory, só deixe que me vista. – Ele respondeu, ainda meio sonolento, sentindo-se amargo pela noite mal dormida.

Pegar no sono na noite anterior havia sido um grande desafio para Robb, pois assim que o rapaz fechava os olhos todas suas preocupações giravam diante dele. Grandes cadeirões de senhor, a morte repentina e suspeita da Mão do Rei, os banquetes que ainda teriam de oferecer, mesmo com baixas provisões e o inverno a caminho, um assunto pendente com certa garota... Uma outra rodopiando em seu belo vestido azul escuro. Sem se demorar mais, chutou as cobertas para o lado, ansiando por saber o que teria seu pai de tratar tão cedo. Se vestiu rapidamente, saindo com Jory em seu encalço.

– Bom dia, meu pai. – Cumprimentou o jovem, com um sorriso, sentando-se junto à Ned – Jory disse-me que tinha algo a...

– Não aqui, Robb. – O pai interrompeu, em voz baixa, olhando em volta discretamente. – Um bom dia pra você também, coma comigo. – Pediu, sorrindo com o olhar enquanto se servia de ovos cozidos. – Depois saíremos para dar uma volta.

Com isso, nada mais foi dito. Robb sentia o clima pesado demais para tentar conversar amenidades com o pai, qualquer assunto que vinha em sua mente parecia sem importância, por isso resolveu simplesmente terminar sua refeição em silêncio. O rapaz havia sido acordado tão cedo que ainda sentia os olhos arderem pela privação de sono, e ninguém além dos criados e cavaleiros havia se levantado ainda, o que só indicava ainda mais a importância do que quer que fosse que o pai precisava tratar com ele.

– E então, vamos cavalgar na mata ou prefere um tempo no Bosque Sagrado? – Perguntou ao pai, enquanto se levantavam e mesa e seguiam para as grandes portas abertas do salão.

– Creio que nenhum dos dois, filho... Precisaremos de alguma privacidade. – Apesar de sua voz calma os olhos do mais velho demonstravam preocupação e angústia.

– Compreendo. – Respondeu, respirando fundo quando alcançaram o ar frio da manhã, seguindo seu pai em silêncio.

No céu os primeiros raios de sol já começavam a despontar no horizonte mas o frio ainda era cortante, por isso, assim que desceram para as criptas, localizadas embaixo da fortaleza, Robb tremeu involuntariamente. O frio que fazia no pátio exterior não era nada perto do que fazia ali, ao pé das catacumbas de seus antepassados, os antigos Reis do Norte. O jovem Stark apenas seguia o pai, descendo pelas fileiras das estátuas dos Lordes com os lobos aos seus pés, sem nada dizer, esperando que houvessem se embrenhado na terra o suficiente para que suas palavras morressem ali embaixo, longe de qualquer ouvido que não fosse deles.

– Está bem, basta. – Disse o pai, parando de andar assim que alcançaram as tumbas do seu avô, tio e tia, mortos antes mesmo de seu nascimento. – Robb, temos problemas.

– O que há? O Rei te chamou? Irá mesmo para o Sul? – Ele perguntou, tentando não deixar transparecer a angústia que realmente sentia.

– Sim, ontem mesmo depois que chegaram... Ele pediu para descer até aqui, para, bem... Para ver Lyanna... Não lhe dei uma resposta ainda, mas não terei como recusar. – Seu tom era comedido e solene, e sua expressão, séria. Robb sabia que conversava não com seu pai, mas com o Senhor de Winterfell. – Entenda, Robb, eu não queria ir, estava pronto para declinar, para pelo menos tentar lhe dizer que meu lugar era aqui, mas... – Lorde Eddard deu uma pausa antes de continuar, fixando os olhos no rosto de pedra da irmã, perdido em pensamentos. – Recebemos uma carta de sua tia Lysa ontem à noite, eu e sua mãe... Arriscada, com certeza, mas graças aos deuses foram apenas para os nossos olhos. Era sobre a morte de Jon, Robb. Compreende?