Capítulo 5

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Os cabelos molhados ricocheteavam nas costas encharcadas de Joanne enquanto ela subia apressadamente as escadas. Seus lábios se encontravam levemente arroxeados devido ao frio e ela ora ofegava, ora tremia, quando enfim alcançou o aposento que havia sido destinado à ela. Quando empurrou a pesada porta de mogno e revelou o cômodo diante dos olhos, percebendo que não estava vazio como imaginara, precisou sufocar um grito de susto com a palma da mão.

– Entre e feche a porta, querida. – Pediu sua irmã, Cersei, com a característica voz doce que nunca a enganou.

A jovem passou lentamente pela abertura da porta, encostando-a às suas costas. Joanne tinha total consciência de seu estado alarmante: os cabelos ainda pingavam em razão de seu passeio ao Bosque Sagrado, as roupas estavam desaparelhadas, sujas e amassadas por terem passado algum tempo jogadas no chão terroso e, por mais que tentasse, não conseguia regularizar a respiração. Não estava em seus planos encontrar ninguém naquele estado, e a última pessoa que deseja ver era, decididamente, Cersei. A irmã sempre se mostrara muito disposta a infernizar sua vida quando lhe convinha.

– Olá, irmã... – Ela começou, fazendo uma rápida mesura. Sabia o quanto Cersei se importava com títulos. – A que devo a honra de sua visita? Achei que estivesse no passeio com a Sua Alteza Real...

Os olhos verdes da mulher faiscaram para ela, e dentro deles Joanne enxergou apenas raiva e desprezo.

– Me toma por uma tola, garota? – A voz dela era mais cortante que cem espadas. – Acha que pode fazer o que bem entende em nossa ausência? Eu estou cansada de suas desonras... Cansada! – Exclamou, quase gritando, enquanto andava pelo aposento.

– Irmã... Alteza... – O cérebro de Joanne trabalhava rapidamente tentando entender a situação na qual se envolvera. Poderia a irmã saber sobre o beijo? Ou dizia isso apenas devido ao estado em que ela se encontrava andando pelo castelo? Precisava de uma saída se não quisesse que a fúria da irmã chegasse aos ouvidos do pai. – Não sei do que está falando, eu estava apenas dando um passeio pelo Bosque Sagrado e...

– Um passeio pelo Bosque Sagrado? É assim que chama... Isso? – Ela mirou as vestes esfarrapadas com o olhar gelado. – Não deixarei que uma garotinha mimada como você estrague nossos planos, esteja ciente disso!

– Planos? Sequer sei do que está falando, Cersei. – Respondeu, com uma nota de raiva de voz, começando finalmente a perder a paciência. – Não estou estragando plano algum, eu só fui andar pelo Bosque e encontrei as termas subterrâneas...

– Pode se achar muito esperta e muito ousada, mas seus dias quebrando regras sem ser punida acabaram! – Esbravejou a mais velha, se aproximando da irmã. – Acha que sou uma idiota, como você? Eu notei sua ausência e achei melhor vim ver o que tomava seu precioso tempo, e quando percebi que não se encontrava em nenhum lugar me coloquei a sua espera, aqui, nessa janela. – Ela apontou para a janela de onde Joanne sabia que podia-se ver uma parte do Bosque Sagrado, como ela mesma olhara no dia anterior. – Qual não foi a minha surpresa ao vê-la sair do Bosque Sagrado correndo, com os cabelos molhados e toda suja como uma selvagem? – Ela caminhou para mais perto, enquanto Joanne a encarava, mal conseguindo respirar. – Me perguntei o que diabos estaria aprontando, e os deuses foram tão bondosos que me mandaram a resposta apenas alguns instantes depois, quando o rapaz lobo saiu logo em seu encalço, chacoalhando os cabelos encharcados e ajeitando as vestes...

– Cersei, eu não fiz n-na...

Calada! – Ela gritou, com seu belo rosto retorcido pela fúria. – Tem ideia do que acharia seu noivo se descobrisse um ultraje como esse à sombra de seu noivado, garotinha? Eu sabia que não passava de uma inútil, mas não achei que chegasse a tanto!

SunriseWhere stories live. Discover now