Capítulo 6

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O sol já se erguia alto no céu quando Robb e Ned Stark emergiram da mata de lobos, trotando suavemente sobre os lombos de suas respectivas montarias. O rapaz montava a habitual égua baia, usava um gibão de cor clara e tinha um pesado manto cinza preso às costas. A neve caia suavemente, salpicando de branco seus cabelos acobreados e corando-lhe as bochechas. O pai vinha ao lado, montando um alazão castrado, sua expressão era dura e fria, e tinha a longa espada Gelo presa às costas, seu aço ainda fumegando o sangue que há pouco maculara a lâmina. O dia havia amanhecido com a amarga tarefa de fazer à justiça do Rei perante mais um patrulheiro desertor, e diferente dos outros dias, onde todos os filhos, exceto Rickon, acompanhavam o pai, Ned havia solicitado apenas a presença de Robb, tendo os irmãos permanecido no Castelo. O filho agradecera por isso, já que ainda precisava tratar de alguns assuntos com o pai, desejava deixa-lo a par do casamento de Joanne Lannister com Ramsay Bolton antes que ele partisse para Porto Real, mesmo sabendo que isso não mudaria o quadro geral da situação em que todos se encontravam. Contaria a ele e deixaria que o pai decidisse o quanto aquela informação era importante.

Ned não se mostrou muito surpreso diante do fato, nunca tivera grande confiança na Casa Bolton, e agora deveriam manter-se ainda mais vigilantes. Se, por ventura, algum infortúnio se passasse com os Lannister nos tempos que estavam por vir, Lorde Bolton era um vassalo a menos com o qual deveriam contar. A esperança de Robb era que as coisas não progredissem para o ponto onde fosse preciso convocar seus vassalos, não tinha ambição alguma em perturbar a paz do reino. Se os deuses fossem bons, seu pai logo descobriria tudo acerca da morte criminosa de Jon Arryn e os culpados seriam devidamente punidos, e então tudo entraria novamente nos eixos. A justiça deveria prevalecer.

Quando atravessaram os portões do Castelo e passaram pelo pátio, Robb pode ouvir que os irmãos e mais alguns rapazes treinavam, com espadas de aço e madeira. Sor Rodrik corria de um lado para o outro, tentando evitar que qualquer um deles se machucasse. Quando se aproximou mais, pode enxergar que príncipe Tommem e príncipe Joffrey também participavam dos treinos, assim como Bran e o pequeno Rickon, com suas espadas de pau.

– Pois desafio-te com a minha Dente de Leão – Pode ouvir o Príncipe Joffrey gritar, levantando-se do chão. – Essa espada que me deram é de péssima qualidade, não se ajustou bem à minha mão. Eu exijo uma revanche, bastardo. – Então reparou que o homem parado ao lado do Príncipe, e que agora estendia a mão para ajuda-lo a se levantar, era seu irmão, Jon. – Não toque em mim! – O rapaz loiro gritou.

– Arya é um milhão de vezes mais valente do que esse principezinho. – Comentou Robb, com um olhar divertido para a cena que se desenrolava no pátio, para Jory, que tinha acabado de parar a montaria ao seu lado. O homem riu.

– Cão! Cão, traga minha espada! Traga Dente de Leão! – Ele gritou, e logo o grande e desfigurado Sandor Clegane atravessou o pátio, segurando uma longa espada ainda na bainha.

– Pois eu não saio daqui enquanto Jon não chutar a bunda deste moleque.

É claro que não era correto se referir ao príncipe herdeiro daquela maneira, mas os nortenhos sempre haviam tido um grau a mais de insolência do que o resto do reino.

– Aposto uma moeda de que ele não dura duas investidas. – Robb acompanhou o mais velho, rindo.

– Você quem sabe, Alteza. Mas já adianto que um bom guerreiro sabe lutar com qualquer aço em que coloque as mãos. – Ouviu Jon desafia-lo, colocando-se em guarda perante Joffrey.

– Aposto duas que ele tropeça nos próprios pés. – Jory grecejou, sem tirar os olhos dos rapazes.

O príncipe Joffrey era um rapaz quase da mesma idade de Robb e Jon, porém as semelhanças acabavam ai. Quem comparasse os rapazes diria que o príncipe ainda não deixara a infância, enquanto os nortenhos já se erguiam como homens. Joffrey era louro e sua pele extremamente pálida. Ainda imberbe, apenas uma penugem fina e clara cobria seu queixo e acima dos lábios, enquanto Robb e Jon já eram dotados de barbas escuras e fechadas. Seu corpo era mirrado, os braços finos, e no rosto seus gordos lábios cor-de-rosa faziam-no sempre parecer mal-humorado. Além de tudo, era extremamente mimado e arrogante. Robb teve pena da irmã, que teria de se casar com alguém tão pomposo e infantil. Só poderia esperar que os anos o transformassem em um homem justo, para o bem não só de Sansa, mas também de todo o reino.

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