Aline Novais.
9:01amNão sei que dia é hoje, muito menos que horas são. Estou presa dentro desse barraco a tanto tempo que parecia uma eternidade. Abro os olhos com dificuldade ao sentir o bico de um salto acertar em cheio a minha barriga, sinto o bile subir e preciso unir todas minhas forças para não vomitar.
— Levanta Garota. — Recebo outro chute, dessa vez nas costelas e a região atingida queima de dor.
Respiro fundo antes de me sentar, levanto minha cabeça conseguindo enxergar a siliconada me fitando com um olhar enojado.
Ela me levanta pelos cabelos me permitindo enxergar o saco escuro em suas mãos, franzo o cenho ao olhar ao redor notando que não estávamos no mesmo ambiente de antes.
— O que está fazendo? — Pergunto assustada quando a vejo colocar o saco preto em meu rosto impossibilitando a minha vista.
Prendo a respiração ao ter sua boca próxima demais da minha orelha.
— Se tentar alguma gracinha, você vai morrer tá me entendendo? — não respondo — Vai, anda. — Sou forçada a caminhar, não consigo enxergar nada além da escuridão. Sinto sua palma na região da minha nuca enquanto me guiava com as pontas dos dedos pressionadas na pele, com a cabeça baixa consigo visualizar o assoalho de madeira que estávamos passando, após uma breve caminhada tenho a impressão que fomos expostas ao sol mas antes que possa enxergar algo a mais sou jogada com força dentro de um banco de couro, não demoro para sentir o carro se movimentando.
Permaneço calada enquanto o carro se movimenta, a última coisa que quero é mais problemas para a minha cabeça. Essa vaca poderia muito bem estar armada e me ferir novamente e eu mal havia me curado do ferimento da minha perna, não estou afim de ganhar outro.
Fico em alerta no momento que o carro para, sinto o cheiro forte de fritura invadir minhas narinas e no segundo seguinte meu estômago se retraí. Antes que possa desgustar do cheiro a porta do meu lado é aberta, sou arrastada pelo pulso e com o impacto sou forçada a pisar firme no chão, justamente com a perna na qual está ferida.
Um grunhido de dor me escapa, xingo mentalmente a desgraçada dessa mulher me esforçando para não meter um chute na sua perna pra ela sentir metade da dor que estou sentindo.
Atravessamos um portão, deduzi que fosse por conta do ruído que o trinco fez, bati a cabeça cerca de três vezes até atravessarmos a porta que leva até o cômodo de assoalho liso, a vagabunda ao invés de me ajudar já que estou impossibilitada de ver não faz questão nenhuma de me guiar o que me deixou mais aborrecida. O saco é removido com brutalidade da minha cabeça, curiosa demais pra falar algo eu apenas olho ao redor.
Estou diante de um cômodo mediano que habita móveis, a minha direita uma mesa de aço está posta com capacidade para três pessoas se sentarem, logo atrás alguns armários em madeiras com um frigobar, a minha esquerda vejo um colchão imundo no chão, mais a frente um sofá com capacidade para três pessoas se sentarem parecia ser a única coisa limpa daquele ambiente imundo.
Me viro imediatamente ao ouvir a porta atrás de mim ser trancada, ouço o som da tranca e suspiro frustada, sem forças até para reclamar ou protestar. Esfrego a mão no rosto e respiro fundo três vezes, eu não vou surtar.
O cômodo possuí janelas altamente protegidas por grades de aço, o que deixa minhas expectativas mais baixas. Caminho com dificuldade até a porta do outro lado, que deduzi ser um banheiro e me apresso quando sinto a bexiga cheia, nem sabia qual foi a última vez que tive a oportunidade de usar um vaso sanitário.
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