O vento sopra forte, por alguns instantes era possível sentir o mundo deixando de girar. As constelações e órbitas se perdiam aos poucos, entrando em colisão. Mas esse não era o início da vida. Muito pelo contrário.
De um lado permanecia a dúvida e o receio, do outro a frustração e o medo. Nada fazia sentido pois tudo corria bem, não? Todos estavam reunidos, não? Até os mais céticos rezavam para ser apenas uma brincadeira de mau gosto.
Em seguida o desespero e a culpa. As estrelas entre os vidros ofuscavam toda a verdade explícita.
Ele estava morto.Selteburgo - 01 de Setembro de 2017
Com os olhos quase fechando, Andrew permanecia parado. Tão quieto que parecia passar despercebido por qualquer pessoa alí. Por mais quieto que o moreno parecesse, ele estava em completa agitação em sua própria mente. Aquela era a melhor de suas táticas para se fechar do mundo externo e ser o rei de seu próprio planeta.
Talvez aquele fosse o padrão de qualquer jovem adulto. Fones de ouvido e uma boa música seria capaz de curar qualquer problema ou situação caótica na zona urbana. E para ele, realmente aquilo bastava.
Andrew ajusta os fones e sente o vento soprar entre seus cabelos castanhos. Aquele seria mais um mês de procrastinação, ele pensava. Ao mesmo tempo, parecia estar se preparando, esperando alguma coisa acontecer.
Não demorou muito para que o celular tocasse e ele o agarrasse sem exitar em atender a ligação.- Oi, sua chata. O que houve?- Andrew diz logo ao atender.
- Boa tarde pra você também, seu chato!- Cotton grita do outro lado da linha.- Onde você está? No meio de um furacão?
- Eu vim tomar sorvete em uma cafeteria... E está ventando muito por aqui.- Andrew responde logo após encher a boca com uma colherada enorme de sorvete de chocolate.
- Sorvete? Pessoas normais vão em cafeteria tomar café.- A loira brinca entre leves risos.- Sem contar que está frio demais!
- Graças a Deus não sou normal.- Ele revira os olhos enquanto se inclina na cadeira.
- Vai entrar no grupo hoje?- Cotton pergunta animadamente.
- Provavelmente sim...- O moreno responde em tom baixo, tentando fazer o menor barulho possível para não incomodar outras pessoas por perto.- A Pandora já chegou da escola?
- Acho que sim…- A loira pausa a fala.- Mas ela não está online então deve estar dormindo.
Ao norte do estado de Selteburgo, poucos quilômetros de onde Andrew estava, se encontrava um bairro nobre do qual Cotton orgulhava-se em morar. E deitada entre o emaranhado de cobertas e edredons estava ela: a loira dos olhos verdes com o celular na orelha.
As pernas balançando de ansiedade comprovavam ainda mais sua animação em conversar com o melhor amigo, mesmo se tratando de alguém do qual Cotton conversara todos os dias, desde quando era adolescente.
Da janela de seu quarto era possível ter uma visão parcial do céu nublado. A loira rezava em pensamento para que a caso chovesse não houvesse outra queda de energia no bairro, como era de costume em noites chuvosas.
Enquanto falava ao telefone, Cotton respondia mensagens de outras pessoas. Dentre as mesmas, fixado no topo das mensagens do aplicativo estava um determinado grupo. Um grupo com outros seis membros.- Eu acho que a gente podia se encontrar...- Cotton diz quase inaudível.
- Ah sim, é só você marcar. Não moro tão longe da sua casa.- O moreno parecia não compreender o que Cotton sugeria.
- Não só nós dois. Falo do grupo… O nosso grupo!- A loira responde enquanto se levantava da cama e seguia em direção a janela.
- Eu te entendo.- Andrew suspira tristemente.- Também queria muito conhecer pessoalmente todos os outros, mas a gente precisa esperar mais um tempo até todo mundo estar realmente preparado.
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Where Is Viktor?
Misteri / ThrillerViktor dizia que uma pessoa é formada de fases. Cada momento, cada experiência, cada sorriso e lágrimas contribuem para o crescimento de alguém. Algumas fases aparentam ser tão cruéis com o indivíduo que é impossível negar o quão degradante e cansat...