Capítulo 4-Coriane

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Se passou uma semana desde meu encontro com Élia, nada fora da rotina tem acontecido. Hoje tem a prova do meu vestido pra coroação, nem acredito que só faltam 3 semanas, nesse exato momento estou sofrendo com muitos alfinetes e muito tecido vermelho e dourado, foram as cores que escolhi por dois motivos: o primeiro é que são as minhas cores preferidas e o segundo é por que são as cores da minha casa. A casa Calore está governando Norta a mais de três séculos, quero honrar minha família e meu nome, pelo menos com as cores do meu vestido. Ele é tomara que caia, de seda vermelha, a saia dele é armada e na bainha tem detalhes em dourado como se fossem chamas de fogo, e no corpete também, começa em cima dos meus seios cobrindo toda essa parte e depois vai descendo em forma de V até meu umbigo, não posso dizer que é feio, ele é muito bonito, mas não me sinto confortável nele, uma coisa que Élia sempre diz é "Um pequeno preço a se pagar pelo o que é belo" agora entendo o que ela quis dizer. Dou um leve sorriso com a lembrança da minha amiga dizendo isso, nesse momento ela também deve estar fazendo a prova da sua roupa. As criadas vem trazendo luvas e braceletes, coloco todos. As luvas em seda vermelha vão até a metade do músculo do meu braço e coloco os braceletes dourados por cima, um em cada punho e os dois são idênticos e retratam a mesma coisa: Chamas e raios. Já avisei a todos que minha constelação de brincos não vão embora, coloco e tiro tudo que eles quiserem menos meus brincos, eles vão me acompanhar por toda a minha jornada, sempre. Coloco os saltos em tom vinho, eles tem 15 centímetros, acho que é pra me deixar mais alta e imponente, não me importo com o tamanho, fui ensinada a andar graciosamente desde os 6 anos, não importa se são nos saltos mais altos do mundo ou na sandália mais sem graça do universo. Depois me olho no espelho, isso tudo realmente me faz parecer uma rainha, só falta a coroa, mas Élia insistiu que eu a deixasse fazer, ela disse que só vou poder ver no dia mas confio nela. A porta se abre interrompendo meus pensamentos, quando me viro, vejo Bash com uma expressão cansada, assim que noto seu estado dispenso as criadas e corro pra ele preocupada, ele me abraça forte chorando. Me dói afastar ele mas preciso que ele se sente e me conte o que aconteceu, assim que nos sentamos no sofá mais próximo, eu pergunto com a voz preocupada.

-O que foi Bash? Você está me preocupando-Eu só olho pra ele esperando uma resposta, Bash demora tanto pra responder que penso que não vai falar nada

-Eu estava treinando com Elane, quando Evangeline apareceu e começou a gritar comigo por eu não estar conseguindo melhorar minhas habilidades, aí Elane foi me defender, mas as duas começaram a discutir sobre mim, como sempre, só que eu corri e quando eu vi eu já estava aqui na frente. -Eu o abraço forte, é difícil pra ele conviver com a família Samos, eles são exigentes demais e na maioria das vezes não conhecem o sentido da palavra carinho.

-Sinto muito Bash, mas tente entender Evangeline, ela foi criada pra ser a melhor, pra ser perfeita...- reprimo um "como eu".

-É difícil pra ela se acostumar a você não ser tão bom quanto Élia nos seus poderes, mas ela te ama e só quer seu bem. - Ele balança a cabeça em afirmativo e eu o abraço.

-A propósito...você está linda Ane. - Ele fala quando para de soluçar. Eu dou um sorriso contido. E respondo.

-Obrigada Bash. -Ele me solta e sai da sala. Olho pra imensa parede de vidro e diamante a minha esquerda, o sol já está se pondo o que dá uma linda imagem ao rio capital. Me levanto do meu sofá confortável e ando até a parede. Cruzo meus braços e olho pro horizonte, penso alto:

-Quando vamos nos acostumar a ser quem não somos? -

Se passaram 5 dias desde a prova do meu vestido, agora estou almoçando com Clara, minha prima mais velha, e o pequeno Shade, meu mais novo priminho só tem 8 anos e é meu xodó. Clara brinca com a sua faca, girando e girando nos seus dedos, sei o quanto essa faca de manteiga é mortal em suas mãos. Minha prima é um soldado, treinada especialmente por sua mãe, a tia Farley não dá moleza nem pra sua filha. Uma vez por mês reunimos toda a família Barrow para um almoço, meu avó senta em uma ponta da mesa e minha avó noutra. Do lado direito do vovô estão tio Bree, Tramy, Kilorn e a tia Gisa nessa ordem. E do seu lado esquerdo Clara, eu e o pequeno Shade. Eu amo nossas reuniões de família, nós rimos tanto, tudo parece tão simples. Agora todos estão comentando sobre o Tio Bree ainda estar solteiro, enquanto todos os seus irmão mais novos já se casaram. De repente o assunto dá uma virada que eu não esperava...

-Então Ane, em duas semanas, devemos chama-la de majestade? - Clara pergunta com facas saindo da língua, olho pra ela surpresa, amo minha prima mas as vezes ela é impulsiva de mais. Quando viro meu rosto pro resto dos meus parentes, vejo que estão todos esperando ansiosamente uma resposta, forço um pouco minha garganta pra voz sair clara e limpa.

-Não na verdade não. Acho que vossa majestade Coriane sairia melhor, não acha? - Falo em tom sarcástico, quase que imediatamente toda a minha família cai na gargalhada, minha prima parece surpresa com meu tom. Pois é Clara, por mais que eu não queira, sei como ser rainha e me impor, e principalmente me livrar de uma silada. Do meu lado, ela começa a rir e eu pisco pra ela em sinal de paz, nos duas caímos na risada. É nosso jeito de demonstrar amor, nos desafiamos.

-Já está falando como rainha Ane, muito tempo com a corte e temos que te remodelar de novo! - Kilorn fala sorrindo abertamente, dou risada.

-Desculpe tio Kilorn, mas uma hora ou outra vou ter que começar a agir e falar como uma- dou de ombros.

-Ah e, apropósito vocês vão né? Pra minha coroação digo- Quero minha família lá comigo, são a única coisa normal da minha vida, quero todos presentes. Todos falam em uníssono:

-Claro! - Como se fosse algo óbvio, sorrio para todos e agradeço.

A Próxima Rainha Vermelha (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora