Capítulo 5-Coriane

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3 dias para a coroação. Mal consegui dormir essa noite de tão nervosa que estou. Quando acordo são exatamente quatro horas da manhã. Me viro de um lado para o outro na minha cama enorme, mas não importa o quanto eu tente sei que não vou conseguir dormir mais. Quando finalmente me levanto são quatro e quarenta. Vou pro banheiro, tiro minha camisola de seda dourada e entro no chuveiro, tomo cuidado pra não molhar meus cabelos. Saio do banho e vou escovar os dentes. Faço minha higiene pessoal e coloco um shorts de seda com um top do mesmo material.

Me sento na escrivaninha e releio pelo que parece ser a quinquagésima vez, o diário da minha avó, Coriane Jacos. Ela morreu quando meu pai era apenas um bebê, se matou por causa da influência de uma murmuradora, mãe de Maven, chamada Elara Merandus. Meu pai me deu o diário no meu aniversário de 12 anos, disse que queria que eu, de algum jeito, conhecesse minha avó. No mesmo dia terminei o diário, mas não consigo parar de lê-lo, sempre que estou nervosa ou preocupada, eu o leio e como se me desse força, eu consigo me acalmar e pensar com clareza.

Sem pensar duas vezes eu abro nas primeiras páginas e começo a lê-las. Minha avó era realmente uma mulher maravilhosa, me identifico totalmente com ela. Ela tinha os mesmos sonhos e desejos que eu tenho.

De repente escuto um barulho vindo do jardim. Espero alguns segundos pra ver se realmente aconteceu ou se eu só imaginei, mas o barulho volta, então eu coloco meu hobby de seda e saio de fininho do palácio, vou direto pro jardim. Chegando lá não vejo nada, procuro por alguns segundos, mas desisto quando me viro de costas, dou de cara com um lobo. Nesse momento meu coração dá um pulo, vou andando pra trás com cautela pra não assustar o animal e ele me atacar. Droga Coriane! o que você tinha na cabeça? Você escuta um barulho no meio da madrugada e vai ver o que é?!

O lobo vem se aproximando devagar, como se eu fosse o animal assustado, não sei o porquê mas não sinto medo dele, é como se confiasse nele. Vou me aproximando lentamente com a mão direita esticada, o lobo faz o mesmo se movendo pra mim. Ele é realmente enorme, se ficar em duas patas chega facilmente ao meu tamanho.

Tão perto do animal como estou consigo ver que seu pelo é totalmente negro e que seus olhos são amarelos como o sol. Quando toco seu pelo um sensação imediata de bem estar percorre meu corpo, o pelo dele é tão macio.

- Oi, você é bonzinho, né? -Começo a acaricia-lo e parece que ele gosta, fecha os olhos grandes e dourados e se deita, eu me ajoelho e fico ali com ele, acariciando seu pelo.

- Que tal um nome? -Parece que ele gosta da idéia. Começo a pensar em um nome.

-Que tal Shane? Você gosta? -Falo sorrindo, ainda impressionada por estar com um lobo como se fosse um gatinho. Ele rosna como se odiasse o nome, rio ainda mais.

-Dark? Black? Moon? - Ele rosna pra cada um.

-Nossa, como você é exigente. -Começo a rir até que surge uma ideia como uma lâmpada na minha cabeça.

- E se...Shadow? Você gosta de Shadow? - Ele se inclina ainda mais pra mim como se aquele realmente fosse o seu nome.

-Que bom que gostou, agora você vai sempre se lembrar de mim Shadow. - Escolhi esse nome pra ele por dois motivos: o primeiro é por que é meu segundo nome assim ele sempre vai andar com uma parte de mim, e o segundo é por que ele é negro como a escuridão e Shadow em inglês é sombra.

-Bom Shadow, é um prazer te conhecer, me chamo Coriane, mas todo mundo me chama de Ane. - estendo minha mão e ele me estende a pata. Estranho ele parece realmente uma pessoa. Me viro e vejo o sol nascendo, escuto um uivo e meu lobo se levanta, como se tivesse que ir pra algum lugar mas tivesse alguma coisa prendendo ele, logo percebo que sou eu.

-Vai, pode ir, obrigada por me ajudar a relaxar. -Falo enquanto me levanto e levanto minha mão para acaricia-lo um última vez, quando termino meu carinho, ele corre para a floresta, fico ali mais alguns segundos e logo depois volto pro meu quarto.

Termino de ler o diário da minha avó, e um guarda entra no meu quarto, me avisando que sairemos daqui há três horas. Aí meu deus, eu esqueci completamente! Hoje vamos viajar pro Palacete do Sol! Me levanto rapidamente e arrumo minhas malas com roupas, sapatos e joias. Tomo outro banho e coloco um vestido soltinho branco e um casaco de lã vermelha do tamanho do vestido, coloco um tênis branco e passo a mão na minha orelha esquerda pra ter certeza que todos os três brincos estão lá. Passo um gloss nos lábios sem cor, só aparência de estar molhado. Pego uma bolsa de lado vermelha também de lã e coloco: O diário da minha avó, um livro que estou lendo sobre Lakeland, e meu caderno de desenho.

Já faz quase 2 meses que não desenho nada, vai que durante esses dias no Palacete me vem alguma inspiração. Saio com minha mala dourada de carrinho e minha bolsa de lã vermelha do meu quarto e vou para a saída do palácio. Quando chego tem uma limousine esperando por mim, quando entro, vejo meu pai dentro do carro.

-Olá pequena -Ele diz enquanto me dá um leve beijo na testa. Respondo com um simples bom dia.

-Acordou cedo? -Prefiro não comentar sobre meu encontro com o lobo, ou com o quanto estou com medo da coroação.

-Não, acordei eram seis e meia. -Respondo e deito minha cabeça no seu ombro esquerdo em sinal de que não quero falar mais. Meu pai entende imediatamente e não fala mais nada.

Quando chegamos onde está o nosso iate eu desço e dou de cara com Élia e Bash me esperando. Nesse instante dou um breve sorriso e corro pra abraça-los.

-Está pronta pra ir amor? -Bash me pergunta quando eles me largam, Élia olha pra ele de um jeito como se dissesse " que pergunta idiota".

- É claro que ela está Bash! Precisa estar. Ane é uma princesa, e logo rainha, está pronta pra tudo! -Embora Élia seja minha melhor amiga, ela não sabe da minha situação. Queria mamãe aqui comigo, ela certamente saberia o que dizer.

-Ela está certa Bash, sou herdeira do trono de Norta, estou pronta pra tudo. -Digo abrindo um sorriso largo, depois de anos de prática consigo fingir perfeitamente. Bash só acena pra mim com a cabeça.

Meu pai sai da limousine e cumprimenta meus amigos.

-Sebastian, Élia... Vamos crianças? -Papai diz fuzilando o Bash com o olhar, depois se vira e entra no iate. Bash vira pra mim e fala:

-Seu pai nunca vai parar de me odiar? -Eu dou um breve sorriso. Meu pai sabe como botar medo nas pessoas.

-Ele não te odeia. Só não gosta de você comigo. -Falo dando de ombros. Antes de falar Élia vai para a direita de Bash e dá um leve tapinha nas suas costas.

-É maninho, boa sorte com o tio Calore! -Ela diz olhando pra mim e me dando uma piscadela. Bash olha pra ela assustado e nós duas caímos nas gargalhadas. Ouvimos o sinal do capitão do navio que ele iria partir, estendi meu braço pra minha amiga que pegou de bom grado, e fomos subindo para o iate. Bash fica por um momento atônito com aquilo.

-Meninas! ...Meninas, me esperem! -Ele gritava, eu e Élia não conseguíamos parar de rir.

A Próxima Rainha Vermelha (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora