Ela sabia que tudo o que tinha sucedido naquela noite tinha sido um erro, não lamentável, mas não obstante era um erro que Tracy desejava repetir, mas que sabia bem no fundo do seu consciente que se o fizesse iria tornar esse mesmo erro um ciclo vicioso, um ciclo ao qual ela não tinha desejo de regressar.
Tracy chegava ao seu apartamento, pela luz solar que já se fazia entrar pelas persianas das janelas que se encontravam na sala, calculava que fossem cerca das 9 da manhã. Não queria acreditar que passara assim tantas horas desde que chegara a casa. Dirigiu-se até ao wc onde pegou na sua escova de dentes, um pouco de pasta dentífrica e escovou os dentes. Observou-se no espelho de corpo inteiro que o armário do banheiro ostentava, registando meticulosamente cada lembrança que uma noite na casa dele lhe deixara: collants rasgados, maquilhagem esborratada e cabelo que de liso e imaculado já pouco tinha.
Começou por prender o cabelo no topo da cabeça, de forma desleixada e em seguida descalçou-se. Em seguida lavou a cara com desmaquilhante, aplicou desmaquilhante de olhos e tónico e seguiu caminho para o seu quarto onde, após despir os seus calções curtos e o top mínimo, vestiu uma camisola larga e grande e deitou-se na sua cama, cobrindo-se com os seus lençóis fresquinhos acabando por adormecer e sonhar com tudo o que tinha acontecido naquela noite.
-FlashBack-
São quatro da manhã e Tracy está no Táxi que anda a uma velocidade constante pela avenida. São em momentos como este que gostava que estivesse algum trânsito na rua e que lhe desse algum tempo para poder pensar melhor no que realmente estava pensar. Mas este não era um desses momentos, mais um quarteirão e estava a olhar para o grande portão verde que dava entrada para a moradia dele.
Assim que o Táxi estacionou, Tracy pagou a corrida e saiu ficando uns momentos à frente do portão. Primeiro ajeitou o casaco de couro preto que escondia o crop-top preto que usava e em seguida ajeitou o cabelo. Após alguns segundos de respirar fundo e se mentalizar que não iria acontecer nada além de uma conversa entre adulto, Tracy carregou no botão do intercomunicador e aguardou que o portão se abrisse. Quando a grande massa metálica em tom verde se começou a deslocar automaticamente para a direita, Tracy entrou andando pelo caminho de gravilha e tentando não cair ou partir uma perna nas suas sandálias pretas de salto agulha. Não lhe bastava sair ir a casa dele, e ainda tinha que ir ao Hospital? Não isso não ia acontecer.
Tracy sabia que ele era rico. Toda a gente sabia que ele era rico. Mas não era o dinheiro que a levava ir até àquela casa às quatro da manhã, nunca tinha sido e não o ia ser agora. Mas para muita gente essa era a razão pela qual uma rapariga como ela tinha namorado com um homem como ele.
Ao chegar mais perto da casa, Tracy viu a porta aberta e quase que voltou para trás. Mas se tinha chegado até ali, não era agora que iria voltar atrás com a sua palavra. Ela tinha-lhe prometido, que mesmo depois de terminarem ela ia estar lá para ele.
Entrou pela grande portada e fechou-a atrás de si. Ao ouvir o som característico da música Summertime interpretada por Billie Holiday, vindo do grande salão de convívio que estava decorado de forma atual mas que tinha algumas características típicas de um homem megalómano que colecionava certos objetos antigos, sendo um deles o gramofone no canto da sala brilhantemente decorado em tons de azul e dourado, do qual provinha o som característico do fim da década de 30. Ao observar melhor o salão, Tracy identificou-o sentando num cadeirão vermelho que tinha ao lado uma pequena mesa de apoio preta onde repousava um copo de whiskey meio cheio. No cadeirão vermelho Jason estava sentando com os cotovelos apoiados nos joelhos e os polegares a acariciarem de forma rotativa as suas têmporas fazendo alguma pressão. Tinha a sua camisa branca desabotoada no colarinho e punhos e além da mesma tinha penas vestidas as suas calças de fato azuis escuras e umas meias pretas. Antes de sequer se aproximar para verificar qual era o estado dele, Tracy foi até junto do minibar, onde além de pousar a sua pochete e atar o cabelo numa trança solta, retirou um copo alto e encheu-o com vodka e sumo de laranja. Deu um trago e aproximou-se então de Jason que continuava na mesma posição. Sentou-se no sofá preto que estava ao lado do cadeirão e olhou-o bebericando mais um pouco da sua mistura.
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Wicked Games
Romance''Wicked Games'' não é uma simples história entre uma jovem plebeia e um homem que vive como um Rei. Com algum Drama, Sedução e muitos jogos psicológicos, esta é a História de Tracy que ensina Jason Clark, o Multimilionário do momento, como o Mundo...