Abandonada

Capítulo 7

Chegámos à porta da minha casa. Desci do carro. Comecei a andar para a porta e o Salvador vinha atrás de mim.

"Tu não vais entrar?" era para ser uma afirmação, mas suava mais como uma questão.

"Claro que vou, eu conheço o teu avô." dito isso, tocou à campainha. Olhei para ele surpreendida.

Antes que o pudesse questionar, o meu avô abriu a porta. Ele não pareceu nada surpreendido ao ver o Salvador à porta comigo. Pensava que a reação dele ia ser diferente. Mas não, ele sorriu, e levantou a mão para o cumprimentar.

"Salvador" apertou-lhe a mão e deu-lhe um daqueles abraços de gajo, o qual o Salvador retribui. "Já não te via há muito tempo rapaz."

"É verdade senhor."

O meu avô finalmente dirigiu o seu olhar para mim, sorriu e acariciou-me a cara. "Ainda bem que está bem. Podes ir ver da Inês? Eu preciso de ter uma conversa a sós com este menino." Eu parecia um peixe, estava boquiaberta. Não sabia o que estava a acontecer perante os meus olhos. Apenas acenei que sim.

Gostava de entender o que estava a acontecer. Sentia que existia um segredo, do qual toda a gente sabia menos eu. Adorava ser mosca para saber o que aqueles dois estavam a falar. Mas ao mesmo tempo a vontade e ver a minha irmãzinha era maior.

"Onde é que está a minha Princesa?" Princesa, dizer isso agora parecia errado. Parecia que já não pertencia aos meus lábios, só aos dele.

Imediatamente ouvi uns pequenos passos a correr em minha direção. Olhei para baixo e vi o meu amorzinho. Ajoelhei-me de maneira a estar da altura dela e abri os braços. De modo a dar-lhe um abraço gigante. Tinha saudades delas.

"Mana! Adormeci na praia!" riu-se às gargalhadas enquanto me contava as novidades.

"O que? Em vez de ires nadares, tiveste a dormir?" fingi estar chateada.

"Sim! A Inês dormiu, por isso não nadou. Sou muito malandra!" era impossível ficar triste quando se estava ao pé desta criança.

Estava no sofá com uma Inês adormecida nos braços, quando eles finalmente entraram. Estavam-se a rir, pareciam melhores amigos.

"Mia, então o Salvador já me contou o que aconteceu. A partir de agora vais e voltas para a escola com ele." disse à medida que lhe dava uma palmada nas costas

"Então tu não achas nada disto estranho?" questionei um pouco agressivamente, esta situação era tudo menos normal e estavam todos calmos.

"Não me espanta, sabia que este dia havia de chegar mais tarde ou mais cedo. O Salvador só te quer proteger." o meu avô olhava para ele enquanto falava comigo, com uma certa emoção que não conseguia decifrar.

"Mas alguém me pode explicar o que se está a passar?"

Agora foi a vez do Salvador de responder. "É por causa do Lucas."

"E tu sabes quem é este Lucas?" questionei o meu avô outra vez

"Sim." disse secamente. Estava à espera que ele desenvolvesse a resposta mas tal não aconteceu.

"Aff" suspirei. Estou farta de estar de fora, não saber o que está a acontecer à minha volta.

O Salvador continuava ao lado do meu avô, ele estava tenso. Não sei porque. "Tenho de ir andando. Foi um prazer. Tchau princesa." e saiu rapidamente porta fora, felizmente.

Salvador POV~~~~

Eu prometi que a protegia, que mantinha a minha distância, mas não consegui. Eu tentei juro. Mas é impossível.