A Maldição

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Depois da flor me reconfortar, dizendo...

"Após as ruínas há uma saída, se atravessarmos ela nós poderemos ir até o castelo de Rei Asgore, o Rei dos monstros. Talvez ele saiba o que fazer, e, talvez, nós possamos chegar num acordo." Seu tom de voz mudou, ficou mais baixo quando disse "E, quem sabe, todos nós possamos ser felizes na superfície." O que pareceu ser, apenas, um devaneio em voz alta.

Eu me animei um pouco mais com a possibilidade, mas ainda estava um pouco mareada, já que estava sem comer a um tempo e a minha cabeça ainda doía por conta da queda; a tristeza se multiplicava e eu só queria deitar a cabeça nos meus joelhos e chorar um pouco. Mas eu tinha que ter determinação, ou nunca chegaria em casa.

Eu levantei meus olhos, encontrando os de Flowey e com um pequeno sorriso, eu disse para que seguíssemos viajem as ruínas. Nós dois seguimos por um largo corredor com uma porta roxa, muito parecida com a primeira. Flowey me guiava por um caminho que clareava aos poucos. Demoramos um pouco até chegar na sala seguinte; lá havia uma escadaria onde a sombra das ruínas pairava acima, e eu me enchi de determinação.

Ao atravessar outra porta, menor e mais simples que a última, entramos numa sala com alguns poucos botões no chão, os quais Flowey me disse para não apertar; ele disse que os jogos do subsolo eram perigosos e que devíamos evitá-los ao máximo, para não corrermos perigo.

Passamos por mais uma sala com enigmas, inicialmente inofensivos e inúteis, mas Flowey disse para que eu nunca baixasse minha guarda. Pude perceber que, no decorrer das salas, haviam várias placas espalhadas, mas todas se estavam quase que totalmente destruídas.

Mais uma sala; essa tinha um boneco, sem sua cabeça e com seu enchimento todo para fora. Eu senti, de novo a brisa fria, que faz com que eu sentisse um estranho calafrio.

Na sala seguinte, tinham alguns monstros pequenos, como Froggits, que me atacavam sem que eu tivesse tempo para reagir. Mas admito, eu preferia não reagir do que ter que matar um deles. Eu desviava dos ataques dos Froggit, mas eles nunca paravam de lutar; eu tentei agir de forma amigável, mas nenhum deles parecia saber como reagir.

Elogiei e funcionou; eles ficaram mais calmos e, com um pequeno sorriso de canto, saíam da luta. Todos os Froggit lidavam da mesma forma com os elogios.

Flowey e eu pudemos seguir em frente, felizes por não ter respondido de forma agressiva e termos saído quase ilesos.mHavia mais um quebra-cabeça a frente, mas Flowey já sabia como resolvê-lo, infelizmente, um pé em falso poderia nos trazer a morte, e foi oque aconteceu.

Espinhos brotaram de uma das plataformas em que eu andava, perfurando minhas pernas. Eu gritava de dor enquanto Flowey estava em choque, e, em poucos segundos, eu morri, pela segunda vez -mas eu só viria a saber disso mais tarde.

Um tempo depois, eu estava de volta observando a escadaria de algumas salas atrás, onde eu havia me sentido segura, confiante e determinada, pela última vez.

Assim que acordei naquele mesmo lugar. Me senti muito enjoada e com medo. Me acostumei com a luz aos poucos, tinha uma expressão de calma no rosto, mas logo que me lembrei de tudo -em milésimos de segundos- precisei conter o anseio de vomitar. Flowey se surpreendeu com minha reação e insistiu que descansássemos nos primeiros degraus da grande escadaria.

Me sentei, ainda enjoada, e logo senti uma área próxima a minha virilha formigar, e, como era ali onde eu havia sido perfurada, achei melhor dar uma olhada. Pedi que Flowey se virasse para que eu pudesse verificar, disse que era importante e que explicaria assim que tivesse a mínima noção do que estivesse acontecendo.

Desabotoei meu short e olhei fixamente para a flor que brotava do machucado que o espinho havia feito. Em choque, abotoei novamente a peça de roupa e sentei, anunciando que tinha terminado de verificar o que queria. Ele achou tudo aquilo muito estranho e me exigiu explicações; eu disse não saber do que se tratava e contei sobre o espinho.

Em um segundo eu me lembrei da queda na cama de flores e também do calombo estranho na minha cabeça.

Tentando encaixar as coisas, pedi que ele desse uma olha numa parte do meu cabelo que estava suja com sangue; se lá tivesse outra flor, talvez eu tivesse uma pista do que aquilo pudesse ser. Uns minutos depois, Flowey me disse, gaguejante...

"Tem uma pequena flor amarela aqui, Frisk."

O que fez gelar meu sangue.

Eu hesitei sobre tudo aquilo que estava acontecendo, mas era a resposta mais óbvia.

Parece que, cada vez que eu morro, eu volto no tempo e uma flor amarela cresce no lugar de onde deveria estar uma ferida terrível.

Mas porque?

Expliquei minha teoria à ele, que me disse para "evitar ao máximo voltar no tempo" -mesmo que morrer não seja a melhor das opções, ainda poderia ser usado como uma espécie de trunfo para nos livrar de alguma encrenca.

Eu assenti, mas de jeito nenhum eu gostaria de morrer mais vezes, já tinha sido extremamente doloroso da segunda vez.

Desta vez nós faríamos direito.

A Flor Mais Gentil Do SubsoloOnde histórias criam vida. Descubra agora