O Monstro

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Depois de um longo tempo sentada pensando, disse que precisávamos ir se quiséssemos evitar sermos mortos por Froggits que apareciam do nada. Fomos seguindo o mesmo caminho de antes, com as mesmas armadilhas, os mesmos monstros e as mesmas placas destruídas.

Passamos pela armadilha dos espinhos onde eu tinha morrido, mas não havia vestígios de sangue, flores ou qualquer outra coisa que fosse. E quando, finalmente, saímos daquela sala, depois de andar por um corredor que parecia não ter fim, eu e Flowey nos sentimos aliviados por não termos achado ninguém que pudesse nos machucar -o que infelizmente não durou muito.

Levei um susto quando um grande monstro -de uns dois metros- saiu de traz de uma pilastra das ruínas. O monstro se apresentou como Toriel; ela era a zeladora das ruínas. Toriel tinha o hábito de me chamar de "minha criança", o que me deixava apreensiva e desconfortável.

Flowey estava estranhamente quieto, embora Toriel estivesse com sua atenção plenamente em mim, não acho difícil que ela tivesse notado a flor que estava vingada em meu ombro esquerdo. Toriel era extremamente pálida, tinha uma expressão sádica e, mesmo que estivesse agindo de forma carinhosa comigo, dizendo coisas como "Você parece confusa, minha criança" e "Eu posso te ajudar a sair desse lugar", eu não conseguia confiar nela.

Eu sentia medo.

Então eu pensei que, se ela estava sendo gentil comigo me convidando para conhecer sua casa, talvez ela pudesse ser como Flowey, talvez eu estivesse enganada.

De qualquer forma eu não tinha outra opção senão continuar pela rota que seguia pela casa do grande monstro.

Não queria que Toriel tivesse sua atenção voltada para Flowey, então eu evitei fazer contato visual com ele e, como ele não me disse nada parecido com "Toriel é uma assassina brutal", pensei que pudéssemos confiar nela.

Aceitei ir à casa de Toriel e ela ficou extremamente feliz, e me deu um presente.

Um celular.

Então ela foi embora. Eu continuei andando e Flowey continuava silencioso.

Quando encontramos folhas secas e quebradiças, pude me sentir determinada mais uma vez, pensando que julgar Toriel não foi uma boa ideia e que talvez ela não fosse tão má quanto aparentava. Nós conseguiríamos chegar à superfície e conseguiríamos vencer estes obstáculos, chegando ao castelo do Rei e trazendo um acordo de paz entre as duas raças!

Mas Flowey quebrou o silêncio e me tirou do mundo da lua, dizendo...

"Tenha muito cuidado Frisk."

Indo embora logo depois de terminar a frase.

Eu não entendi o que ouvi. Não tive tempo de perguntar do que ele estava falando ou o porquê de ele ter ido embora. Apenas fiquei parada, em choque, surpresa. Mas não podia ficar ali, imitando aquelas paredes, tive que continuar, eu tinha que achar comida e, por sorte, eu achei uma porta que levava à uma pequena sala, enfeitada com uma pilastra pequena com um pote de doces sobre ela.

Decidi pegar um doce, como a placa dizia para fazer. Eu tinha a intenção de enganar a minha fome, mas um doce não seria o suficiente. Eu tinha que encontrar Toriel.

Após sair da pequena sala com os doces que, por acaso, ficava dentro de uma sala maior do que esta, com mais montes de folhas feitos no chão. Eu conheci e enfrentei uma nova espécie de monstro, ele se chamava Whimsun, mas ele parecia tão amedrontado quanto eu e decidimos não lutar.

Eu fiquei tão aliviada que me esqueci de prestar atenção nas possíveis armadilhas e caí em uma delas. Eu caí em um amontoado de folhas secas num piso que ficava abaixo daquele aonde a armadilha estava, e por sorte, eu não morri, já que despencar daquela altura sem sofrer com o impacto era quase impossível.

Eu só consegui me levantar após alguns minutos; meu corpo todo doía.

Voltei para o piso de cima por uma porta que ficava no canto direito da sala. Eu consegui sair da armadilha e segui até o fim do corredor. Quando Toriel me liga pela primeira vez; eu atendi.

Ela perguntava sobre a minha preferência entre canela e caramelo.

Admito que estranhei, mas logo respondi à pergunta.

Quando a grande monstra desligou eu me dirigi à uma outra armadilha, com o mesmo mecanismo de espinhos que o anterior que me perfurou a coxa. Mas esse era diferente, pois eu tinha como desativá-lo, eu só tinha que empurrar uma pedra. Essa pedra era pesada demais, tinha quase o meu tamanho e eu fiquei uns longos minutos para empurrá-la. Quando eu ouvi um estalo do botão sendo pressionado com o peso da pedra, eu me senti muito aliviada. Mas não perdi muito tempo recuperando o fôlego e logo voltei ao meu rumo.

E Toriel me liga novamente.

Desta vez perguntando se eu teria algum tipo de alergia, o que eu obviamente estranhei, e retruquei perguntando o motivo da pergunta. No fim eu não respondi à pergunta e Toriel desligou.

Eu comecei a suspeitar um pouco destas ligações, mas eu não podia fazer isso, eu me sentia mal por duvidar de alguém como ela, que foi tão simpática.

Enfim eu segui até o próximo corredor, com uma armadilha parecida com aquela que me jogava de um piso ao outro, mas esta era bem maior e me fez ter de descobrir um caminho específico por onde andar, um passo em falso e eu despencava. Depois de tantas quedas eu já não sabia mais se aguentaria uma próxima armadilha, mas, enfim, eu passei por essa e continuei andando, eu não podia parar, eu tinha que encontrar um local seguro para ficar e o único que eu tinha em mente, era a casa de Toriel.

Na próxima sala, com mais um enigma de empurrar pedras, eu me encontrei com mais alguns Froggits que esgotaram a minha energia; lidei com eles como tinha feito com os últimos. Mas eu não sabia se conseguiria empurrar as pedras, que desta vez eram 3.

Eu passei um bom tempo empurrando duas delas até os botões e, quando cheguei na terceira, ela estava viva, oque não me surpreendeu muito, mas me fez ficar intrigada por um curto tempo. Tempo suficiente para que a pedra começasse a falar, ela se moveu de várias maneiras para poder me ajudar, mas seus movimentos não eram como eu desejava e ficamos um tempo nessa brincadeira boba de "você está fazendo errado" até que ele, finalmente, pressionou o botão.

Eu estava tão cansada e tão frustrada com aquelas pedras, que me sentei para descansar. Me sentei ao lado de uma toca de rato, próximo à um queijo em cima de uma pequena mesinha e fiquei tentando imaginar se, algum dia o rato sairia de sua toca e pegaria o queijo.

Por mais incrível que pareça, a improvável possibilidade me encheu de determinação.

A Flor Mais Gentil Do SubsoloOnde histórias criam vida. Descubra agora