Capítulo 2

824 102 43
                                    

Eu amava esta parte do dia. Quando Ae Ra chegava em casa e ia para a cozinha, fazer o jantar para mais tarde e toda a casa ficava impregnada com o cheiro delicioso de sua comida. Ainda por cima, eu adorava me deitar à seus pés e sentir aquele cheirinho dela misturado com o tempero vindo do balcão.

Apesar de gostar de quando a casa ficava só para mim, nada se comparava a companhia da minha humana.

Ouço passos no corredor e instintivamente eu me levanto e caminho até a porta para ouvir melhor. Quase caio para trás com as batidas desesperadas que começaram de repente, quando me dei conta já estava estre as pernas de Ae Ra, que ria do meu susto e secava as mãos.

As batidas voltam a ser ouvidas, ela não demora a passar por cima de mim e ir atender quem quer que esteja desesperado do outro lado. Minha dona encara o humano surpresa que sorri e a cumprimenta tão inquieto quanto o chihuahua da Senhora no andar de baixo.

Como ele se chama? Min.. Min...

— Mingyu que surpresa! Está tudo bem? — a voz de Ae Ra interrompe meus pensamentos e os responde ao mesmo tempo. Resolvo ver o que está acontecendo da sala para ter uma visão melhor e tentar entender esses dois estranhos.

— Eu preciso de ajuda. — ele coça a nuca e noto que seu pelo é mais claro que o de Ae Ra. — Sai correndo do trabalho e esqueci minhas chaves lá, não tenho como voltar para buscar porque já fecharam o café... Posso ficar aqui até o chaveiro chegar?

— Claro! Pode entrar. — ela abre espaço e ele avalia nosso cantinho. — fique a vontade. Tem o número do chaveiro?

Mingyu assente e pega o aparelho do bolso para falar com o tal chaveiro e Ae Ra retorna para a cozinha. O observo do sofá, como havia dito, ele parece inquieto como um cão animado, andando de um lado para o outro como se o chão estivesse em chamas. Apesar de se mover de maneira rápida sua voz soa calma falando com o aparelho.

Mantenho minha posição confortável no sofá, mesmo quando o humano se senta ao meu lado e passa a me encarar.

— Você é um rapaz muito bonito garotão — Sua mão acaricia minha orelha e só não me afasto porque queria ver aonde ia dar aquela pouca vergonha.

Quem ele pensa que é para... Que carinho gostoso. faz mais!

Antes que eu me dê conta já estou me aninhando a ele. Droga de corpo traiçoeiro que adora um bom carinho, mas não posso negar que minha guarda caiu tão rápido quanto se formou. Golpe baixo humano bonitão... Golpe baixo.

— Já vi que conheceu o Rainy. — Ae Ra aparece na porta da cozinha e nos olha com um sorriso, mio baixo em um apelo quando ele para de fazer carinho para prestar atenção na minha humana.

— Ele parece ser bem manhoso. — Mingyu ri do comentário e volta a acariciar minhas orelhas.

— Ele é. — Ae Ra sorri e sinto o homem ficar tenso ao meu lado, como se algo estivesse errado. — Rainy só parece ser emburrado, mas é igual um filhotinho carente se você oferece um pouco de carinho.

Paro de prestar atenção ao que eles falam, sentia como se não fosse da minha conta e também não queria ter que me esforçar demais para entender o que eles falam. É cada coisa sem sentido e estranha que me pego perguntando a mim mesmo porque me dei o trabalho de ligar.

Ae Ra volta correndo para a cozinha quando percebe que as panelas ainda estão no fogo, no entanto ela não demora a voltar e perguntar se Mingyu ficará para jantar com ela.

Ele hesita, por um curto instante, mas logo sorri para ela e aceita a oferta. Rapidamente ele me tira de seu colo, mesmo com minhas reclamações, e parte para ajudá-la na cozinha.

Não pude conter minha curiosidade e o segui até o lugar com o melhor cheiro da casa. Os humanos parecem trabalhar juntos para terminar de fazer a comida e se divertem no processo que sempre foi tão simples para ela, mas agora virou a coisa mais interessante do universo.

É complicado pôr isso em palavras, não entendo o porquê ele fica tenso quando ela chega perto, ou quando ela sorri, nem o porquê ela fica com as bochechas vermelhas quando a mesma coisa acontece. Eles estão doentes ou algo assim? Não sei dizer, mas com toda certeza posso afirmar que aí tem coisa.

Se é boa ou ruim vou descobrir.

Os dois ficam nessa até a campainha tocar e Mingyu sair correndo até a porta. Um senhor com um bigode fininho o aguarda, imagino que esse seja o tal chaveiro e logo os dois homens saem pelo corredor.

Ae Ra sorri triste e termina o jantar sozinha, me dando alguns petiscos no processo. Fico aos seus pés até Mingyu voltar e um sorriso cresce novamente em seu rosto.

Os dois arrumam a mesa e logo se sentam para comer, os observo do sofá, tentando descobrir o que é tão interessante para deixa-los vidrados um no outro. Acompanho o que falam muito por cima, era algo sobre um filme novo que estava passando em um cinema, os dois conversam animados e quase se esquecem de comer, o que seria um desperdício de uma comida deliciosa.

— Que horas você sai do trabalho? — Mingyu pergunta e sinto que sua voz mudou, como se estivesse nervoso.

— Às seis. — Ela prontamente responde.

— Se estiver livre na sexta... Gostaria de ir ao cinema comigo? — ele bebe um gole da água a sua frente de maneira um pouco desajeitada e respira fundo. — Tipo um encontro.

Ae Ra o encara sem reação por alguns segundos, mas logo sai do seu estado atônito e sorri. É só isso que ela faz desde que ele apareceu, contudo, pude perceber que ela estava tão tensa quanto ele.

— Eu adoraria.

Humanos são tão estranhos » » Kim Mingyu Onde histórias criam vida. Descubra agora