𝟏𝐬𝐭 𝐚𝐜𝐭: 𝐬𝐚𝐜𝐫𝐞́ 𝐜𝐨𝐞𝐮𝐫

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devagarinho, abro os olhos e sinto o infinito na pontinha dos dedos.

mergulhada em branco, me viro na cama e perco oportunidade de não gritar, já que eu só estou aqui porque penso demais.

cortinas fantasmagóricas me amarram na asa de um avião, o ar é rarefeito e a minha boca está aberta. nem um som se é propagado no meu vácuo do infinito.

logo mais, perco totalmente a força e clamo por sangue, já não sinto mais nem uma agulha em minha pupila.

meu estomago se contorce, olho pra baixo e vejo as luzes de paris; novamente por sangue eu chamo, pois não há prova maior de que não estou morta.

quente, vermelho e ríspido pinga de mim de imediato.

sinto o corte do vento ferir ainda mais o que se é sagrado, portanto, meu coração quente salienta um hino sobre graça .

a sacré-cœur se entende pela minha visão periférica, e de tão grande, perco o chão.

tudo branco, desde então.

mas ainda assim, há um córrego dentro de mim, guiando matrimônios até o fim da linha com outro pingo de sangue.

estou amarrada, enforcada e logo percebo ter sido fisgada pelo meu próprio anzol, pois sinto o sangue inundar o que é branco de um azul cálido, calmante e sufocante.

sei que estou viva, meu travesseiro está encharcado.

sinto a dor da queda, ninfas limpam meu rosto e não há mais sangue pingando de mim. meus pulsos tensionam pois sabem direitinho quando estão sendo presos novamente.

vejo tudo branco novamente. as luzes, o avião e o sagrado coração à entorpecer meu fígado como se eu houvesse atracado um barco num mar de vinho.

dou risada, portanto.

ninfas são semelhantes à mim, em partes.

todas nós gostamos de formas arcaicas de diversão.

tão logo não passará.

eu me divirto.

𝖺𝗎𝗀𝗎𝗌𝗍Onde histórias criam vida. Descubra agora