Cap 5

79 10 0
                                    

Any on

Um mês depois..

       Acordei recebendo a claridade que o sol mandava pela janela do quarto, fazia tempos que eu não acordava assim, com uma claridade que viesse propriamente da natureza. Senti o vento gélido adentrar meu quarto, dando a certeza de que era assim uma manhã em São Paulo, lembrando-me mais uma vez, que eu estava no Brasil, depois de longos anos.
      Eu analisava todos os detalhes do quarto, nada aqui havia mudado desde minha última visita, a não ser pelo ser pequeno que se encontrava ao meu lado, em um sono profundo, o que sempre me fazia lembrar a serenidade que era observar seu pai dormir.

Flashback on

      Era manhã de domingo, o dia amanheceu chuvoso o que me levaria a imaginar que eu não sairia da cama, ainda mais com a visão que eu poderia contemplar. Josh dormia tranquilo, sua pele macia e sua boca sempre fora algo a chamar minha atenção, isso quando eu não contemplava a imensidão azul que se habitava em seu olhar e o sorriso incrível, seguido da dentição perfeita que o mesmo carregava.

- Vai ficar me olhando assim, durante todo o dia, Any? - ele dizia fazendo brotar em seu rosto, o sorriso que eu tanto amava.

- Se você ficar aqui o dia todo, pode ter certeza que sim.- disse tímida, fazendo o mesmo levar suas mãos até meu rosto e acariciar minhas bochechas, que com certeza, estavam ruborizadas.

- Sorte a minha então.

Era sempre assim, todas as vezes que ele dormia comigo, eu tinha a certeza que acordaria feliz, que ficaria vermelha com algo que ele dissesse e que logo após, o teria entregue a mim.

Flashback of.

       No dia em que reencontrei minha mãe, eu senti como se o ar faltasse em meus pulmões, como se não existisse força alguma dentro de mim e então, só me lembro de acordar em um quarto de hospital.
      Descobri que desenvolvi alguns problemas como anemia e ansiedade, o que segundo o médico, me admirava por ter conseguido passar por tudo que passei e ainda criar uma filha. Ele me receitou repouso, acompanhamento médico e remédios, o que por sorte, foi permitido que eu fizesse aqui no Brasil. Eu sabia que deveria voltar a Los Angeles, sabia que havia polícia, imprensa, muita coisa a ser enfrentada, mas como? Como eu faria isso se nem conseguia por os pés fora de casa?!.
       Percebi que estava na hora de começar a concertar o estrago que fora feito por minha causa ao longo desses anos, quando na noite passada, Alice me questionou se eu não tinha amigos, se ela não conheceria seu pai e se eu, bem, não a levaria para passear. Apesar de pequena e tão esperta, ela havia sua inocência, aquelas bem dignas de uma crianças e me partia o coração não poder proporcionar a minha filha tudo que ela me questionará, mas eu sabia, que de alguma forma, precisaria disso, o que me fez acreditar que eu não poderia mais ser um peso para minha mãe, não assim.
      Procurei meu celular e o encontrei na escrivaninha que havia em meu quarto, procurei por Joalin na internet e descobri que por obra do destino, a mesma teria um evento em SP essa semana, o que seria perfeito para revelar a mesma toda a verdade. Eu só precisaria dar um jeito de entrar em contato com ela.

- Bom dia, filha! Dormiu bem?- minha mãe entrou no quarto, com o mesmo doce sorriso de sempre.

- Bom dia mamãe, dormi sim e a senhora?

- Claro, com você aqui, as noites passaram a ser melhor - sorria como se eu fosse a melhor coisa a sua frente- aliás, já pensou no que quer fazer hoje?

- Sim!- rebati convicta, antes que a coragem me faltasse- Preciso entrar em contato com a Joalin- minha mãe me olhou surpresa, com quem mande-se eu continuar a falar- Eu sei que tenho sido um peso para senhora todos esses anos e agora, voltei sendo um fardo bem maior, então tá na hora de eu começar a enfrentar minha vida, mamãe- eu já sentia meus olhos marejarem e os de minha mãe também.

- Você jamais foi um fardo Any. Eu sou sua mãe, tenho todo direito de cuidar de você, ainda mais depois de tudo que aconteceu, mesmo que eu ainda não saiba exatamente.- ela dizia reconfortante

- Por isso quero que chame Joalin, vocês são as únicas que poderão saber de toda a verdade, então isso precisa ser feito logo.

- Eu tenho o número dela, não se preocupe, marcarei um encontro com a mesma aqui em casa, mas você tem certeza? - eu sabia que o medo de mamãe, era que eu quisesse ver Josh. Ela sabia que eu ainda o amava, sabia que ele havia seguido sua vida e que isso poderia terminar de me destruir.

- Sim! Eu não posso mais deixar minha filha perder a vida dela por minha causa- disse por fim, fazendo mamãe assentir e sair do quarto, me deixando pensativa sobre se era realmente isso que eu queria.

Joalin pov

      Era a semana de um evento no qual me escolheram para representar, tendo em vista que eu sabia que ninguém queria pisar os pés no Brasil, não sem a Any. É um país incrível, mas é um ponto de lembrança muito forte da nossa brasileira e mesmo com tantos anos, ninguém, nunca, conseguiu enfrentar isso.
     Quando me escolheram, alegaram que eu estava mais firme, apesar da dor, eu era a pessoa certa para fazer isso, o que por um lado me deixou feliz, significava que a imagem que eu tentava passar, estava dando certo. Só eu poderia saber o quanto eu sofro todos os dias sem a minha melhor amiga.
    Me surpreendi ao receber uma mensagem da mãe dela dizendo que sabia de minha visita ao Brasil e queria muito marcar um encontro comigo. Topei na hora. Apesar de tudo, nunca perdi contato com a família dela, era algo, que no mínimo que fosse, fazia com que eu me sentisse próxima a ela.

       Depois de alguns dias no Brasil, finalmente tive tempo e agora, estou eu, na frente do prédio que a mesma me passou o endereço e ao ser liberada para subir, senti um misto de nervosismo bater em mim, eu não sabia o que encontraria, tinha medo que fosse alguma notícia ruim, ou talvez, era apenas saudade, mas desde quando ela havia voltado ao Brasil?

- Joalin!!! - fui recebida por ela com um forte abraço

- Tia Pri, que saudade - me senti confortável em seus braços, sempre foi assim.

- Entre, temos muito o que conversar. - disse me dando espaço.

        Ao adentrar o apartamento, notei que o cheiro de Any era exalante e aquilo me deu um aperto tão grande que a vontade de chorar estava impossível de controlar.

- O cheiro dela - disse fraco.

- É sobre ela que precisamos falar - ela me olhava apreensiva

- O que aconteceu? - nesse momento eu tive a certeza que algo tinha acontecido e eu só queria sair correndo e me trancar em meu quarto.

- Meu anjo, eu preciso que você seja firme, que escute com calma e seja muito atenta, por favor- assenti, vendo a mesma sair do meu campo de visão e entrar por um corredor, voltando alguns minutos depois com uma mulher incrivelmente linda ao seu lado. A mulher tinha o olhar tímido, segurava suas mãos demonstrando nervosismo e só então, eu percebi que minha boca estava aberta em um perfeito O.

- A-Any?


Me perdoem pelos erros, espero que gostem 💋💋 

It has always been youOnde histórias criam vida. Descubra agora