Depois que deixaram o local, Rolkin e o rapaz de capuz vermelho, partiram pela trilha da montanha, atrás da região portuária, onde estavam. O outro bardo, trocou sua capa com outro membro, por uma de coloração escura, se camuflando com a noite.
Em hipótese alguma eles poderiam ser vistos ou interferir no navio e em seus tripulantes, caso tivessem algum. Foi a ordem recebida antes de partirem, as pessoas mais próximas seriam avisadas pelo Corvos sobre suas ausências
Duque conduziu Rolkin pelo caminho, saltando por cercas e atravessando as engrenagens das torres que eram usadas para alavancarem as cargas dos navios. O horário noturno encobria os dois gatunos através das sombras.
Poucos trabalhadores ainda perambulavam pelo cais e os guerreiros, que protegiam a entrada, adormeceram nas docas, embriagados pelo consumo exacerbado de fumo e bebidas.
Após atravessarem a região urbana começou a escalada pelo morro que se inclinava acima do litoral. A vegetação era baixa naquela área e bastante úmida.
O acompanhante do mestiço tinha dificuldades em se adaptar ao brejo, se preocupando com a sujeira em seus calçados.
- Se soubesse que sairíamos em missão tinha trocado de roupa antes de vir.
Rolkin sorriu para o companheiro, antes de responder.
- Suas vestes realmente não combinam com esse lamaçal.
- Você parece não se preocupar.
- Em Bedaürinde, tinha gelo por todo lado em quase todo o ano. Raro, era o dia que você ficava seco.
- Deve ter sido difícil se acostumar... digo pra quem não nasceu lá, né?
O bardo sorriu de novo.
- Desculpe tocar nesse assunto, não quis ofendê-lo.
- Não ofende, não é com você que tenho mágoas.
- Deve ter sido difícil passar por tudo que narrou... confesso que ainda não acredito em tudo...
- Se tivesse visto talvez fosse mais fácil, mas talvez não estaria vivo para acreditar!
- Que rude! Só estou tentando analisar os fatos, afinal somos bardos, é o que procuramos fazer.
Rolkin parou de caminhar ao lado do rapaz, tirou novamente o capuz que o encobria, quando falou.
- O único bardo que conhecia era meu Mestre! E ele deu a própria vida para me salvar, então não sei se estou sendo rude ou não, só sei que não posso esquecer o sacrifício que ele fez por mim!
O outro rapaz revelou seus pêlos ruivos, ordenadamente, aparados, tanto no cabelo, quando na barba, ao erguer seu capuz. A lua refletia seus olhos azuis.
- Desculpe. Sinto muito por nos conhecermos em tais circunstâncias. Aliás meu nome é Ducan.
O aperto de mãos selou a paz entre os rapazes.
- Eu me chamo Rolkin.
- Bonito e diferente nome.
- Deve ser do clã de minha mãe.
- De qual clã ela era?
- Outra hora te conto. Ducan? Parece que já ouvi seu nome em algum lugar.
- Com certeza...
- Por quê diz isso?
- Bem, sou muito conhecido na cidade.
- Ah, claro! Agora me lembrei, você está anunciado como atração daquela enorme taverna, como é mesmo o nome dela?
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Mestiço de Qöd
FantasyRolkin é um mestiço que vive no extremo norte do planeta, com o povoado anão da família de sua mãe. Seu pai, um humano, de quem herdou a aparência e o talento com a música, já não vive mais. Sentindo-se que não faz parte desse povo, tenta a todo cus...