Parte 16 - O Banho no Lago

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Depois que deixaram o local, Rolkin e o rapaz de capuz vermelho, partiram pela trilha da montanha, atrás da região portuária, onde estavam. O outro bardo, trocou sua capa com outro membro, por uma de coloração escura, se camuflando com a noite.

Em hipótese alguma eles poderiam ser vistos ou interferir no navio e em seus tripulantes, caso tivessem algum. Foi a ordem recebida antes de partirem, as pessoas mais próximas seriam avisadas pelo Corvos sobre suas ausências

Duque conduziu Rolkin pelo caminho, saltando por cercas e atravessando as engrenagens das torres que eram usadas para alavancarem as cargas dos navios. O horário noturno encobria os dois gatunos através das sombras.

Poucos trabalhadores ainda perambulavam pelo cais e os guerreiros, que protegiam a entrada, adormeceram nas docas, embriagados pelo consumo exacerbado de fumo e bebidas.

Após atravessarem a região urbana começou a escalada pelo morro que se inclinava acima do litoral. A vegetação era baixa naquela área e bastante úmida.

O acompanhante do mestiço tinha dificuldades em se adaptar ao brejo, se preocupando com a sujeira em seus calçados.

- Se soubesse que sairíamos em missão tinha trocado de roupa antes de vir.

Rolkin sorriu para o companheiro, antes de responder.

- Suas vestes realmente não combinam com esse lamaçal.

- Você parece não se preocupar.

- Em Bedaürinde, tinha gelo por todo lado em quase todo o ano. Raro, era o dia que você ficava seco.

- Deve ter sido difícil se acostumar... digo pra quem não nasceu lá, né?

O bardo sorriu de novo.

- Desculpe tocar nesse assunto, não quis ofendê-lo.

- Não ofende, não é com você que tenho mágoas.

- Deve ter sido difícil passar por tudo que narrou... confesso que ainda não acredito em tudo...

- Se tivesse visto talvez fosse mais fácil, mas talvez não estaria vivo para acreditar!

- Que rude! Só estou tentando analisar os fatos, afinal somos bardos, é o que procuramos fazer.

Rolkin parou de caminhar ao lado do rapaz, tirou novamente o capuz que o encobria, quando falou.

- O único bardo que conhecia era meu Mestre! E ele deu a própria vida para me salvar, então não sei se estou sendo rude ou não, só sei que não posso esquecer o sacrifício que ele fez por mim!

O outro rapaz revelou seus pêlos ruivos, ordenadamente, aparados, tanto no cabelo, quando na barba, ao erguer seu capuz. A lua refletia seus olhos azuis.

- Desculpe. Sinto muito por nos conhecermos em tais circunstâncias. Aliás meu nome é Ducan.

O aperto de mãos selou a paz entre os rapazes.

- Eu me chamo Rolkin.

- Bonito e diferente nome.

- Deve ser do clã de minha mãe.

- De qual clã ela era?

- Outra hora te conto. Ducan? Parece que já ouvi seu nome em algum lugar.

- Com certeza...

- Por quê diz isso?

- Bem, sou muito conhecido na cidade.

- Ah, claro! Agora me lembrei, você está anunciado como atração daquela enorme taverna, como é mesmo o nome dela?

O Mestiço de QödOnde histórias criam vida. Descubra agora