Capítulo 2

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Guardo no peito esse amor por vocêÉ a canção que eu quero cantarÉ um poema deixado no arSão palavras querendo viverAmo em silêncioNo meu coraçãoAmo em silêncio, amoGuardo essa paixão

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Guardo no peito esse amor por você
É a canção que eu quero cantar
É um poema deixado no ar
São palavras querendo viver
Amo em silêncio
No meu coração
Amo em silêncio, amo
Guardo essa paixão

Roupa Nova - Amo em Silêncio


Edu

Eu amo, amo demais, mas ela só me vê como um amigo, a tanto tempo quero beija-la, a mais tempo do que imaginava, só o sorriso dela faz meu coração acelerar feito doido.

O beijo foi tão simples, mas pra mim foi perfeito. Sai procurando ela por toda escola, após dizer poucas e boas as outras garotas que insistiam em chamar o amor da minha vida de patinho feio. Não é, é a mulher mais linda do universo.

No entanto agora tenho que ir embora e não quero, por mais que seja o que eu mais sonhava, jogar é tudo pra mim, meus pais viam em mim a oportunidade de conseguir tudo e eu queria dar isso a eles. Mas aceitar isso é abrir mão de Bia, pra sempre.

Não consigo parar de pensar em nós dois juntos na casinha da árvore, não dá pra acreditar que ela se permitiu, que se entregou, a primeira vez para nós dois foi estranha e boa, eu queria mais um pouco, mas ela ficou tão estranha e mais tarde quando fui até sua casa não havia ninguém.

— Ja fez sua mala? — Minha mãe entra em meu quarto e me tira dos meus devaneios.

— Estou na metade. — Mentira, nem sequer comecei. Arrumar a mala torna tudo real. E não quero que seja, podia esperar só mais um pouco, não sei.

— Sua tia já está com tudo pronto para nos receber. — Mamãe está tão animada, nem disfarça, ela até que se conteve muito e não saiu por ai falando pra todo mundo que eu fui contratado para jogar em um time importante, com direito a bolsa de estudos, alojamento e salário acima da média.

— Legal. — Tento demonstrar contentamento que não sinto, agora parece que tudo mudou.

— Pessoal! — Ouvimos meu pai chamar do andar de baixo. Levanto e sigo para atender o chamado. Ele trás nas mãos umas caixas de pizza para comemorar. Meu pai trabalhava com técnico em um time local, só isso ajudou bastante com os contatos para minha contratação.

— Oi querido, pizza de novo? Você sabe que o Eduardo precisa se alimentar bem e evitar esse tipo de besteiras. — Minha mãe é nutricionista e prepara os alimentos pra mim visando uma melhor qualidade de vida. Os dois me sufocam às vezes.

— É só hoje meu bem. — Abro a caixa e começo a mastigar uma fatia. — Precisamos pegar a estrada amanhã, não vai dá pra esperar até o final de semana.

— Como é? — Engasgo. Não, é muito rápido, muito repentino, eu precisava de um pouco mais de tempo. Precisava falar direito com a Bia. Aguardei ao máximo pra fazer surpresa, mas aconteceu tudo, a gente ficou daquele jeito e eu simplesmente me desarmei.

— Recebi uma proposta para trabalhar como preparador físico, preciso estar lá para entrevista depois de amanhã. — Desprezo a fatia de pizza ainda na metade.

— Mas pai... — Meu coração falha.

— Ja mudei as passagens, saímos às cinco da manhã. — Fico desnorteado. Levanto e sigo pra porta. — Onde vai?

— Eu volto já. — Saio e corro até a casa de Bia, ainda está tudo escuro, sento na escada de madeira na entrada da casa. Demora ao menos duas horas até que os avós dela cheguem.

— Edu, aconteceu alguma coisa? — Dona Teresa sorri do seu jeito amável, levanto e dou um beijo em seu rosto.

— Não aconteceu nada, eu só queria falar com a a Bia. — Ela vai até a porta e a abre.

— Acabamos de deixar ela na casa da tia. — Diz Seu Jorge, fazendo meu sangue sumir do meu rosto. — Ela quis ficar lá essa semana.

— Você pode me dá o número de lá, preciso muito falar com ela. _Peço, tentando controlar meu desespero, não posso ir embora sem falar com ela.

— Claro, venha, vou olhar na agenda. — Acompanho ele até o telefone, pega o caderninho, põem os óculos e começa a procurar o número. — Querida, você anotou aqui o número da Carla? — Ele vira e revira o caderno.

— Oi? — Dona Teresa sai da cozinha, com um avental em volta da cintura.

— O número da Carla não tá aqui. — Os dois se olham enquanto ela pensa.

— Acho que está lá em cima, no meu caderno, espera. — Sobe as escadas lentamente. Ambos tem por volta de setenta anos, sei lá, eu nunca perguntei, mas são velhos, tiveram apenas uma filha, a mãe de Bia e a perdeu de forma trágica.

— Senta aí rapaz. — Sorrio sem jeito e sento quando ele começa a me encarar demais. _E a escola, como está indo?

— Bem. — Eles eram professores, por isso Bia é tão inteligente, sempre usei isso como desculpa pra estudar com ela até tarde, pois eu entendia tudo só de ouvir os professores falando e muitas vezes as aulas eram tão tediosas que eu me esforçava em continuar, pois precisava das notas pra conseguir a bolsa. O time não aceitava nenhum tipo de rebeldia ou falta de compromisso.

— Bia nos falou que você vai se mudar, pra jogar em um time. — Olho para escada e depois pra ele. Onde a avó da Bia se meteu? Só pode ter se perdido. Começo a ficar agoniado com a espera.

— Sim senhor, irei amanhã, por isso preciso falar com a Bia. — Ele pega o controle e liga a tv.

— Entendo, em breve ouviremos falar de você então, Bia disse que você joga bem. — Sorrio, ela sempre me elogiava, minha fã número um, isso me faz estudar o peito.

— Ela é uma boa amiga. — A melhor, não existe outra.

— Não achei o número, acho que anotei em outro caderno que joguei fora mês passado. — Jorge balança a cabeça descrente.

— Mas o lugar de anotar é na agenda Teresa. — Meu coração aperta. Eu não sei onde é a casa dessa tia de Bia, ela nunca foi pra lá antes.

— Tudo bem, eu... Eu ligo pra ela depois... — Levanto. — Tenham uma boa noite.

— Até logo menino, boa viagem. — Aceno e saio.

Será que ela se arrependeu? Por isso foi pra casa da tia? Será que está me odiando? Eu não devia, eu sei, ela não me vê do mesmo jeito, mas... Eu queria tanto que ela me visse como homem.

Vou da um jeito de voltar nas férias, assim que puder vou ligar pra ela e contar tudo, tudo que eu sinto. Não sei como vai ser, com a distância, mas a gente pode da um jeito.

Chuto uma pedra longe e ela cai dentro de um sexto de lixo, bela pontaria. Sorrio.

— Bia, eu vou ficar famoso e rico, vou voltar e te buscar. — Faço a promessa pra lua. Com isso em mente volto pra casa, e mais animado arrumo minha mala.

Vou conseguir, tenho certeza.

[DEGUSTAÇÃO] Amizade em JogoOnde histórias criam vida. Descubra agora