Capítulo 5

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Um dia sonhei ter encontrado,O grande amor inesperado

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Um dia sonhei ter encontrado,
O grande amor inesperado.
E foi assim tão de repente
Deixando-me pra traz

Caroliny - Você me abandonou


Beatriz

6 anos depois

— Vô, ele vai vim aqui, me procurar – digo com medo, aperto minhas mãos uma na outra.

— Que venha, vou preparar a espingarda e ele vai vê só. – começo a chorar desesperada de medo, por mim, por meu avô.

— É melhor eu voltar. – ele balança a cabeça em negativa. — Vô... – suplico.

— De jeito nenhum, Beatriz! Não vou mais permitir. – me abraça, sei que está com medo também, por mim. — Você merece coisa melhor minha pequena.

Ele diz isso enquanto acaricia meu cabelo, nem acredito que ele me arrancou daquele lugar, está mais velho agora, mas é a pessoa mais forte que eu conheço, mesmo depois de ter perdido o amor da vida dele para o câncer.

— Eu só quero paz vô, não quero coisa melhor. – enxuga as minhas lágrimas e me olha com carinho.

— Então você vai ter, eu mato quem for, não me importo, ninguém mais vai te machucar. – sorrio entre lágrimas, meu vô é incapaz de matar uma mosca. — Nunca mais minha pequena.

Pela manhã ele foi até minha casa e me tirou de lá, eu não ia conseguir sair sozinha, eu estava aguentando tudo calada, não fazia ideia de que ele sabia de tudo que estava me acontecendo.

Sinto vergonha por ele ter descoberto por outros, eu não queria preocupa-lo, não queria que se envolvesse e tudo virasse a confusão, que sei que vai virar.

— Você devia ter me contado, não confia em mim? – abraço-o novamente.

— Claro que confio, mas... Aí vô... Eu pensei que podia mudar. — Rafael era tão gentil, carinhoso, namoramos poucos meses e eu me apaixonei tão facilmente, acreditei em todas suas declarações de amor.

Estava cega, em pouco tempo descobri as traições, logo depois os vícios, não demorou a ficar violento, ele queria alguém pra manter ele, uma empregada, uma mulher disponível a aguentar seus vícios e sustenta-los. Como ia contar a meu avô? Ele podia não suportar.

Aguentei três anos, sustentando Rafael, aceitando seus vícios e as violências que me infligiu sempre que estava bêbado, acreditava que ele ia mudar, chorava, me pedia perdão, mas era só um instante.

— Você tinha que ter denunciado ele, logo na primeira vez. – sinto o aperto em meu peito. — Sei que é difícil, mas agora já passou.

— Se ele vier...? E se...? – ele me afasta e da batidinha em minha mão, tentando me dá a força que me faltava.

— Eu ligo pra polícia, não tenha medo, você não está sozinha, você tem a mim. – sorrio, começo a ter um pouco de esperança de que pode dar certo, de que eu posso finalmente ser livre daquele traste. — Que saudade que eu tava desse sorriso.

— Ai vô... – passo a mão em seu cabelo branquinho feito algodão. — Aposto que ele vai vim, eu tenho que ser forte e enfrentar.

— Sim, isso mesmo menina. – acho que eu precisava disso, de alguém me apoiando, alguém ao meu lado, pra me reerguer, enfrentar Rafael, mesmo que morra de medo.

— Obrigada vô, não conseguiria sem você. – ele levanta e me puxa para a cozinha. Coloca a chaleira no fogo e prepara um chá.

— BIAAAA! ABRE ESSA PORTA! _Meu coração acelera feito doido, a xícara escorrega das minhas mãos. — ABRE AGORA SUA VADIA! — Rafael está a ponto de derrubar a porta, pelo jeito está bêbado, drogado, ou ambos.

— Vou ligar pra polícia. – vovô levanta determinado. Meu medo é tão grande, não sei se algum dia conseguirei não sentir esse pânico.

— Não vô, deixa eu falar com ele, pode ser pior envolver a polícia. – sigo para lá, antes que ele tome qualquer atitude, e antes que os vizinhos comecem a sair pra vê o que tá acontecendo.

Abro a porta e Rafael está apoiado no batente dela, seus olhos vermelhos, sua roupa suja de vômito.

— Vamos pra casa vadia! – ergo meu queixo e aperto a maçaneta da porta.

— Não vou Rafael, acabou, vai embora, agora. – ele começa a rir, alto, feito um demônio, me causando arrepios.

— Você é minha esposa, vai comigo, por bem ou por mau. – segura meu braço com força e me puxa pra fora.

— Solte a minha neta seu vagabundo! – assim que Rafael tenta avançar contra meu avô eu me ponho na frente dele.

— A gente nunca casou, você nunca quis, não sou nada sua, sequer uma amiga, por mais que tentasse. – digo trêmula, mas sem desviar o olhar.

— Beatriz, só acaba quando eu disser, agora, vamos pra casa. – me solto do aperto, ja sentindo minha pele queimando. — Você não vai querer causar um infarto no seu velho, não é? – a ameaça velada me deixa angustiada de forma assustadora.

— Tudo bem, eu vou. – o sorriso vitorioso dele me deixa enjoada. Como eu pude amar esse homem? Sinto nojo de mim mesma.

— Bia. – me viro para meu avô. Sorrio, apanho minha bolsa na mesinha ao lado da porta e coloco em meu ombro.

— Vô, eu tô bem, não se preocupe, por favor. – vou até ele e dou um beijo em seu rosto. — Não se preocupe comigo.

— Bia. – me forço a sorrir. — Minha filha.

— Venho no final de semana pra te vê, ok? – entro no carro e evito chorar. Enquanto estiver com ele, meu avô vai ficar bem.

Assim que chegamos em casa, casa que eu comprei com todo dinheiro que eu tinha, que pra mim era meu sonho, ele me acertou um tapa, me fazendo cair no meio da sala, foi tão forte que quase perco os sentidos.

— Pensou que ia poder ir embora assim? Onde tá a porra do dinheiro? _Levanto com lágrimas nos olhos.

_Que dinheiro? _Toma a minha bolsa, joga tudo no chão, vasculha minha carteira.

_Você recebeu hoje, cadê a merda da grana? _Ele tá maluco, recebi semana passada, ele pegou tudo, não sobrou nem pra comprar comida.

_Não tem dinheiro Rafael, eu te dei tudo. _A passos largos vem até mim, segura meus cabelos curtos puxando com força, me empurra contra a parede, logo depois contra a mesinha de centro.

_Eu sei que você tem grana, me dê AGORA! _Chuta meu abdômen, arfo e fico sem fôlego, chuta mais uma vez, dessa vez na costela, grito de dor.

Me arrasta pelos cabelos mais uma vez, não consigo lutar, me solta no chão do quarto. Fico parada, respirar dói, as lágrimas escapam. Ele revira tudo dentro do quarto, minhas roupas, tira gavetas.

_Onde está sua PUTA!? _Outro chute, e mais outro. Apago.

_Segure ele. _Uma voz irritada penetra minha mente, mas não consigo identificar.

_Quem é você? Me solta! _Rafael grita e ouço ao longe sons abafados, gemidos e choramingos. Abro os olhos, mas não consigo mantê-los assim por muito tempo.

_Ei. _O dono da voz irritada me segura, solto um gemido. _Você vai ficar bem. _Parece familiar, me sinto bem, só por isso me permito voltar a desmaiar.

[DEGUSTAÇÃO] Amizade em JogoOnde histórias criam vida. Descubra agora