Capítulo 1- O Crescente

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A missão de iniciação seria árdua, assim como todo Brân, Vikkas foi até Faroist Tirim, acabar com a infestação causada pelo ritual que as fadas das raízes fizeram naquela floresta. Sempre foi assim, toda vez que a floresta começava a ser corrompida era no exato momento que um novo paladino surgia. As raízes daquela maldita floresta tentavam se proliferar, tomar mais espaço para as fadas, mas os Brâns nunca deixaram. Vikkas sabia o tamanho da importância da sua missão. Afinal, as fadas das raízes tinham este nome por um motivo, elas só podiam andar sobre solo profanado pelas suas raízes. Era justamente isso que procuravam com o ritual, profanar ainda mais solo. Alongar suas raízes o máximo possível. Este era um plano que Vikkas estava obstinado a arruinar.

Era um rapaz bem alto e esguio, tinha uma franja volumosa e cacheada. Seus cabelos, assim como os olhos, eram de um vermelho muito escuro. Usava uma armadura prateada que estava enfeitada com uma capa vermelha. Se aproximava com cuidado de Faroist Tirim, cavalgava sobre Trevo, seu cavalo cinza que o seguia desde a infância. Trevo começou a relinchar assim que o seu casco bateu próximo ao solo infestado pelas raízes negras.

A floresta se estendia enorme a frente dos dois, árvores tão juntas que a luz do sol não penetrava lá dentro. Mesmo no meio da manhã, ela estava mergulhada na escuridão. Vikkas olhou para trás, planícies da mais verde grama se estendiam por quilômetros. Dançando com a brisa leve. Quando olhou para a floresta novamente, viu que até nisso ela contrastava com o restante, pois nenhuma arvore se mexia, o rapaz nem ao menos escutava o vento cortar pelas arvores. Era como se até mesmo o ar se negasse a entrar lá. As árvores eram grossas como pilastras de um castelo, todas de uma madeira acinzentada. O solo era desnivelado pelas raízes enormes que proliferavam das árvores, maculando o solo, não deixando espaço algum para grama crescer. As copas das árvores eram secas, os galhos se emaranhavam, garras se encontrando, agredindo uma a outra.

Vikkas desmontou de Trevo, e continuou a pé, avançando cautelosamente. Quando pisou nas raízes para adentrar na floresta, os galhos das arvores se estalaram, se mexendo vagarosos. Como que notando o paladino que adentrava nos seus domínios. Trevo relinchou novamente, desta vez batendo seus cascos ansiosos.

- Calma, eu vou voltar, fica aqui tá bom? - Vikkas passou a mão com cuidado no focinho de Trevo, que relinchou em desaprovação - tem que ser feito amigão, tem que ser feito... é a minha iniciação. Tenho que fazer isso sozinho. Nem você pode entrar comigo. Duvido muito que gostaria também.

O garoto deu a volta pelo cavalo, sacou a sua espada curta da bainha de metal claro, que era adornada com espirais. A espada que saiu da bainha era simples, mas bem feita. Era toda prateada, um pouco mais clara que a bainha. Exceto pelo cabo, este era revestido de couro tingido de vinho, a guarda era bem grande, cheia de arestas dando um aspecto octogonal. O rapaz checou a espada a virando de um lado para o outro, ela reluzia, refletindo seus olhos afiados que a analisavam, até que ele finalmente a devolveu para a bainha.

- Disso aqui eu não vou precisar, não agora. Tenho algo em mente trevo, hoje vou usar a de duas mãos- Vikkas desprendeu a bainha com a espada dentro e a prendeu no cavalo em uma das correias, próximo a uma mochila, um elmo, uma espada de duas mãos e um escudo. Desprendeu a bainha da espada de duas mãos. Sacou a espada, a bainha e a espada eram iguais as outras, porém em maior escala. Um único detalhe que diferenciava uma espada da outra, fora a estrutura maior, era uma marca fina de queimadura no meio da lâmina, herança dos treinamentos de Vikkas com a sua irmã mais velha.

Desprendeu desta vez o escudo, o segurou nas mãos para analisá-lo. Era redondo, grande o suficiente para cobrir o torso do rapaz. Era todo prateado, o símbolo dos Brâns estava gravado bem no meio dele. Uma lua cheia no meio, com um triskle, um símbolo druidico. De um lado da lua cheia, havia uma minguante, do outro uma crescente. Ambas com suas pontas viradas para o lado de fora. Vikkas regulou as alças de couro marrom, e passou os braços por elas, deixando o escudo nas costas. Puxou as alças até ficarem bem justas pro escudo não escapar.

Paladinos das luas: A terceira trípliceOnde histórias criam vida. Descubra agora