Capítulo 4- o sorriso de uma paladina

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Lana observava os raios de sol com um olhar sério e curioso. O que deixava Vikkas impressionado era o enorme cristal, ele parecia ter uma presença, como se algo distante estivesse usando aquilo para vê-lo.

- O que um pilar está fazendo com um pedaço da sétima?

- Não sei, nem eram pra existir pedaços tão grandes.

- Não teria a chance de esse ser o coração da sétima?

- Não, ficarei bem obvio se fosse Vikkas, depois nos importamos com ele.

Seguiram por um túnel íngreme, cada vez mais repleto de cristais que iam escurecendo em um degrade vertiginoso que se afundava montanha abaixo. Pelo qual eles desceram, sentindo um desconforto crescente. Conforme o túnel ia se abrindo e chegando ao seu fim, iam ouvindo um gotejar. Até que o túnel se abriu para uma imensa galeria que estaria completamente no breu se não fosse por uma luz avermelhada vindo de uma figura gigantesca, duas vezes o tamanho de Dagda. Um ser cravejado por cristais protuberantes que desenhavam em si uma armadura de espinhos. O cravejado direcionou os olhos rubis para Vikkas e se levantou de um trono que parecia uma montanha de cristais. Sacou algo que saiu do seu peito, ele veio em direção dos paladinos atravessando o lago subterrâneo que refletia o vermelho vivido dos seus olhos.

- O pilar...- disse Vikkas com uma voz distante, mas ainda com o escudo e a espada em guarda.

O pilar fez um movimento rápido com a sua arma, algo brilhou, parecia um chicote. Vikkas foi arremessado para trás, vendo seu escudo se fragmentar. Sentiu o braço latejar, tentou se levantar, fraquejou, não podia cair no primeiro golpe. Tentou se levantar novamente, seus pés escorregaram. A consciência foi lhe escapando como água entre os dedos. Sentiu seu sangue escorrendo pela face, apagou. Lana olhou para ele, um lampejo de medo no seu rosto. Ela abriu a sua espada grande, formando duas. As espadas da paladina reluziram como estrelas. Lágrimas de sangue caíram dos seus olhos nas lâminas, que romperam em chamas vermelhas. Lana fincou as espadas na água gélida que batia na altura das suas canelas, todo o lago borbulhou de imediato, evaporando rapidamente. Lana fez um rápido floreio com a espada e o vapor seguiu os movimentos da arma até Lana desferir um golpe que lançou um tufão de vento contra o cravejado o tirando de perto de Vikkas. No mesmo instante, o Pégaso de Lana surgiu pegando Vikkas com a sua boca. Saiu voando com ele por uma fresta no alto da caverna, fugindo de diversos cristais lançados pelo mangual que o cravejado girava depois de recuperar o equilíbrio.

Vikkas sentiu um baque, escutou combate ao longe, viu algo batendo no pégaso. Vikkas, se balançou em queda livre. Bateu contra uma árvore. A consciência lhe fugindo aos poucos. Vários galhos, o chicoteando, lembrou daquela fada. Muito frio. Um grito distante, o braço latejando, sangue, cabelo suado na testa. Algo molhado na face, um uivo. Apagou de novo.

Agora estava sendo arrastado, alguém parecia gritar ao longe, Vikkas não compreendia as palavras distorcidas, sua consciência voltava aos poucos, se esforçando para sair de uma toca bem apertada. Parou de ser arrastado, começava a sentir o frio, algo macio a sua volta. Era neve. Tentou se erguer, o corpo não mexeu, o braço latejou. Viu a neve perto de si ficar vermelha, seu sangue desabrochando tingindo-a em vermelho. Apagou. Acordou em um lugar quente, ouviu o som de chamas crepitando, abriu os olhos e viu uma lareira ao seu lado, bem próxima a cama que estava deitado. Tentou se levantar, mas algo o segurou.

- Calma ae, você tá muito ferido- disse um homem colocando a mão sobre o peito de Vikkas o segurando para não se levantar.

Aparentava estar na meia idade, tinha uma voz carregada e rouca. Cabelos loiros penteados para trás e três cicatrizes no queixo se estendendo para o maxilar, uma garra havia pego em cheio ali. Vikkas olhou pela cabana, viu algumas peles penduradas perto de uma janela, uma armadura bem leve e justa em um manequim próximo a lareira e uma coleção de bestas e virotes em uma parede.

Paladinos das luas: A terceira trípliceOnde histórias criam vida. Descubra agora