Houve um tempo em que anjos povoaram ou vigiavam a terra e os humanos, até que um dia eles viram que as mulheres eram belas e decidiram se relacionar com elas, e em troca ensinaram-lhes a fazerem lanças, armaduras, jóias, medicina, ciências, astrologia e etc. E assim foi multiplicando a maldade e iniquidade sobre a terra. E ainda lhes nasceram gigantes, que por sua vez, derramaram e mancharam com muito sangue a terra. Então veio o dilúvio para purificar tudo, e daí em diante, até hoje estamos aqui e posso dizer que as diferenças são poucas.
A violência só aumenta a cada dia, a perversidade e a falta de amor condenam mais ainda. Procuro um amanhecer menos cinza; uma noite menos fria, mas sempre chove depois de amanhã e tudo se torna frio e preto e branco. Até que a calmaria me ajuda, e assim os pensamentos voam longe, vãos além do manso lago ao qual o rio abraça nas primaveras. O vento gelado que sinto em meu rosto; as cores de cada dia se repetindo no horizonte; cortam e realçam meus sentimentos. Uma vida toda pela frente e muitos me procuram por respostas, e o pior nisso tudo, é que eles nunca sabem quais são as perguntas. Traição é uma palavra forte em nossa vã filosofia, mas traição é caminhar ao desconhecido mundo do sofrimento. O seu gosto doce é atraente, mas o amargo que se chega à mansidão é intragável, é um brinde das soluções impossíveis, é algo que posso chamar de armadilha de laços, uma vez nela é um caminho sem volta, é como um pássaro mergulhando na imensidão, se não souber frear na hora certa, termina no chão, entregues ao acaso.
Não sei o porquê dessas coisas que eu penso tanto, isso nunca contribuiu em nada pra mim, dia após dia vou vivendo as mesmas coisas, vendo muitos amigos que já foram e outros que ainda permaneceram da mesma forma, é como se estivessem presos na mesma armadilha que a vida teimou a lhes provarem. Se nasci pra isso eu não sei, predestinação pra mim é bobagem, e ninguém nasce pra morrer, somos donos do nosso destino e o que fazemos reflete diretamente em nós mesmo. Talvez seja como quem planta e colhe. Certamente não se planta milho para colher trigo. É obvio que sim, pelo menos isso não me foge a lógica, são raros os momentos de lucidez total. Agora lhes falo que sempre estive sóbrio o bastante para definir o que realmente importa na vida de cada pessoa, "ser feliz" pena que a felicidade se difere de pessoa a pessoa e cada vez fica mais difícil saber o que é certo no pensar de cada um sobre o que a felicidade representa para elas.
Posso até ter errado ao intitular este capitulo como anjos e demônios, mas no fundo se prestarem bastante atenção, anjos e demônios não tiveram nada a ver com essas reflexões, mas no início e no final de tudo tornam-se a mesma coisa. A diferença entre ambos depende apenas do ponto de vista de cada um.
(Citação dos Apócrifos de Enoque)
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As Cores Cinza do Amanhecer
RomanceTextos aleatórios e totalmente conectados entre si por uma linha tênue dos pensamentos