AS CORES CINZA DO AMANHECER

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                  Às vezes lembro-me dos dias que passei longe daqui. Não é como se eu tivesse saudades, mas na verdade eu estava sempre por perto. Sempre que me lembrava de alguma coisa era como se eu voltasse no tempo; era como se nada tivesse mudado e tudo ainda estava no mesmo lugar. Agora olhando mais de perto, percebi o quanto mudei e como as coisas modificaram-se também.

             Os dias já não têm as mesmas cores de antes, e tudo agora é menos cinza ou colorido em preto e branco. Longe de mim, querer reclamar dessas coisas sabendo que tudo de bom ou ruim vai estar sempre guardado dentro de nós. Agora posso observar o céu e ver como as nuvens tentam se esconder do sol num imenso clarão, e desbotando o cinza antigo, e criando milhões de formas incandescentes; milhões de cores reluzindo horizonte a fora sem deixar rastros quaisquer daquela grande chuva que passou. Agora posso dizer que passou, mas no início, aquela grande chuva devastou milhões de verdes campos... Campos nos quais eu passeava tranquilamente rumo ao amanhecer dos dias, e as cores que reluziam, de tão intensas que eram, apagaram-se nos olhares desconfiados e sangrentos. Ainda procuro ao mesmo tempo, aquele tempo que parou e chorou de desejo. As cores do amanhecer que observo, além dos dias que passaram, eles ainda têm as mesmas cores daquele dia triste que também passou, e que eu sempre quis esquecer. Ainda lembro-me dos olhos, ou melhor, das cores daquele dia bom que ficou, mas não posso confundir as dores que eu sentia com aquelas que eu poderia ver.

Enfim as cores então...

As Cores Cinza do AmanhecerWhere stories live. Discover now