5 - Não posso me mostrar para você

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Eu não tenho certeza se esse almoço foi uma boa ideia. Mas assim pelo menos relaxo um pouco. Talvez, fazer uma pausa não me faça tão mal assim.

Então, quando dá dez e meia, começo a me vestir para não me atrasar, não que eu vá me preparar ou algo do tipo. Mas se eu for fazer na hora sei que vou demorar escolhendo a roupa. Porque eu realmente gosto de escolher roupa.

Faz tempo que não paro para escolher roupa, mas, como ainda tenho que estudar, não demoro muito no processo. Então pego um jeans escuro e dobro a barra e coloco um casaco moletom amarelo e all-star branco.

Depois de trocado volto a estudar, porque os assuntos não serão aprendidos sozinhos e eu tenho prova essa semana.

Onze e meia meu despertador toca - eu não queria me atrasar - então pego minhas coisas e saio.

Não demoro para chegar. O que é ruim, já que não sei se devia esperá-la lá dentro ou aqui fora.

Dou uma olhada superficial pelo local e não a vejo.

- Gostaria de uma mesa, senhor? - o garçom pergunta.

- Não, estou esperando uma pessoa - ele assente e me encosto da parede do lado de fora.

...

Olho a hora no celular.

11:55

Então chego a conclusão de que ela estava só brincando comigo e não vem. Se fosse vir teria chegado antes.

Você tinha que ser tão idiota, NamJoon? Por que aquela garota iria querer sair com você?

Suspiro me desencostando da parede e começo meu caminho de volta para casa.

- NAMJOON - ouço e me viro. - Qual é? Ainda faltam quatro pra meio dia. Como você já ia embora? - ela pergunta cansada e parece que correu até aqui.

Apenas uma pequena distância porque não está suada.

Ando até ela devagar.

- Não se atrase - repito sério o que ela disse e ela faz uma careta.

- Eu não me atrasei - fala. - Mas de qualquer modo desculpa por te deixar esperando. Não era minha intenção.

Suspiro cansado.

- Tudo bem - falo entrando no restaurante e ela me segue.

- Olha, pra você ficar felizinho de novo, depois eu te pago um sorvete - ela diz e a encaro com deboche.

- Quem disse que eu quero sorvete?

- Tudo mundo quer sorvete.

- Vai querer a mesa agora, senhor? - o mesmo garçom de antes pergunta.

- Sim - falo. - Pra dois.

Ele nos guia até uma pequena mesa no canto.

- O que vão querer? - pergunta.

- Esse peixe - falo apontando para o pedido depois de ler o cardápio.

- E a senhorita?

Ela também aponta para o que quer.

- Bebidas?

- Água - fala.

- Um suco de tomate - falo.

- Certo - ele confirma o pedido e sai.

- Água? - pergunto julgando-a.

- Suco de tomate? - ela faz o mesmo.

- O.K. então - digo e ela ri fraco.

Ficamos em silêncio até ela perguntar:

- NamJoon, por que ia embora?

- Achei que você não vinha - falo.

- Por que você... por que eu não viria para algo que eu mesma marquei? - pergunta indignada com a acusação.

- Não sei, vai que... - não sei se devia terminar a frase, é vergonhoso.

- Vai que...? - pede que continue.

- Vai que você não tinha real interesse de vir.

- Acha mesmo que eu te chamaria só para te deixar aqui esperando? - ela pergunta magoada.

- Eu não sei. Mal te conheço - sinto que isso a magoou, mas eu estou sendo sincero mesmo. - Além disso, você está sendo muito legal comigo. Podia ser tudo uma brincadeira sem graça.

Dá pra ver os nós de seus dedos brancos pela força com que fecha o punho. Ela respira fundo para se acalmar antes de dizer:

- NamJoon, eu não sei quem são as pessoas com quem você está andando, mas eu nunca faria isso nem com você nem com ninguém. Se acontecesse de eu não poder ir em algum lugar no qual disse que iria com certeza teria um motivo e eu teria a decência de avisar.

Ela realmente se irritou com o que eu disse.

- Desculpa, Noona - falo encarando o prato e procurando sujeiras inexistentes nele.

Talvez eu não devesse ter sido sincero.

- Eu que peço desculpas - ela diz e a encaro surpreso.

- P-por que está se desculpando? Você...

- Porque... pra você chegar a pensar isso de mim, eu devo ter feito algo que te fez sentir mal. Então desculpa por qualquer coisa, não foi minha intenção.

Eu podia dizer a ela a verdade, dizer que não é pessoal, que apenas não confio nas pessoas e sempre espero o pior delas.

Que tenho medo de que essas me magoem e prefiro não esperar muito delas.

Mas isso nos levaria para uma conversa diferente. E esse almoço não seria mais um modo de relaxar, eu apenas me irritaria com qualquer coisa que ela falasse.

Então no lugar disso eu apenas sorrio. Não sei bem o porquê, mas o faço. E ela faz também.

Depois disso ficamos num silêncio, quase, confortável. Apenas nos encarando para desviar o olhar depois.

As comidas chegam e voltamos a conversar.

Ela é divertida. Reclamou da comida e disse que fazia melhor e mais rápido, e que quando ela estiver de bom humor vai cozinhar para mim.

- Então você não é daqui? - pergunta surpresa.

- Não, Ilsan. Cidade das flores - falo orgulhoso.

- Combina com você - ela diz e sorrio.

- Talvez eu volte para lá depois de me formar - falo. - Não sei, lá parece mais calmo.

- Se eu for para lá algum dia, eu te chamo para ser meu guia.

- Vai ser uma honra - digo e ela sorri.

Forever - KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora