15 - livros

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Nós vamos andando para sua casa em silêncio. Quando chegamos ela me manda deitar no sofá pega um cobertor e fecha a casa toda.

- Você vai derreter assim - digo.

- Tudo bem - ela fala. - Você está doente, é prioridade.

Não estou com tanto frio a esse ponto. Mas vou deixá-la fazer o que quer.

Ela vem para perto e coloca um pano frio na minha testa.

- Vou cozinhar para você - fala toda feliz.

- Certo. Eu me ofereceria para ajudar, mas não seria de muita ajuda.

Um dia ainda vou comer algo feito por você.

- Arroz conta - ela ri.

- Claro.

- Então pronto - encaro os livros. - Como seu pai está? - pergunto.

- Ele está bem, está internado numa clínica aqui perto, eu fui lá ontem. Perguntei se podia te emprestar os livros.

- Não precisava.

- Mas eu quis, acho um absurdo ser a única a lê-los.

- É um bom ponto. E o que ele disse?

- Ele focou na parte de você ser um menino e me perguntou sua orientação sexual - rio. - E agora ele pensa que nós estamos namorando.

- Pronto. Nem me conhece, e já não gosta de mim - falo rindo.

- Não se preocupe. Não de você você que ele não gosta, ele não gosta de homens no geral - rio mais.

- Podia ter dito que eu sou gay - falo. - Teria evitado isso.

- Mas eu não ia mentir para ele - diz.

- E por que tem tanta certeza que não sou gay? - pergunto.

- Eu não tenho. Por isso disse que não sabia.

- Conveniente. E, mesmo assim, ele não gosta de mim?

- Pra falar a verdade, ele realmente disse, não gosto dele - fala rindo.

- Aish - rio também.

- Ele não devia ser tão radical.

- Não, tudo bem. Se eu fosse ele, também não gostaria de mim - digo.

- Quê? - ela pergunta rindo.

- Você mora sozinha, e, como ele está internado, não pode vir aqui. Ou seja, tem um garoto, da sua idade, possivelmente hetero, vindo a sua casa e ele não sabe o que acontece quando esse garoto está. Se estivesse no lugar dele, eu me odiaria.

- Se concorda tanto com ele eu posso te levar lá. Ele disse que quer te conhecer.

- Eu estou bem, obrigado.

Ela ri:

- Imaginei. Pronto.

- Pronto o quê?

- A comida.

- Já acabou? - pergunto besta.

- Não, eu terminei de temperar o frango - ela ri.

- Ah sim.

- Agora vou cozinhar ele.

- Certo.

- Mas, de qualquer modo, se quiser ler os livros pode. Ele não disse que isso o irritaria.

- É. Ele só disse que não gosta de mim. Por que iria querer que eu lesse seus livros? Não, obrigado. Eu estou bem curioso.

Depois disso fico em silêncio apenas encarando o teto. Até ela terminar e vir até mim.

Forever - KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora