17 - A depender da densidade, boia

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(Atenção, esse capítulo contém tortura psicológica)¹

- Ei, tudo certo? - Noona fala chegando perto de mim.

Depois que MinHo me ameaçou, eu resolvi não estudar mais no mercado. Assim evito hematomas e me concentro melhor, sem ter que me preocupar com a hipótese de ele aparecer do nada. E, como estou atrasado já que faltei um dia na faculdade e não estudei o suficiente ontem, sai do local e sentei no banco que tem do outro lado da rua para ler os assuntos perdidos.

Ela se senta do meu lado.

- Sim, estou estudando. Faltei a faculdade naquele dia que fiquei doente.

Ela demora um pouco para perguntar:

- O que foi isso na sua testa?

- Eu bati - falo sem tirar os olhos do livro.

Claro que eu não diria que MinHo bateu minha cabeça na prateleira enquanto a arrumava.

- Vou te colocar num potinho para te proteger de si mesmo.

A encaro e rio sem graça. Queria ser a única pessoa de quem preciso me proteger, posso ser desastrado, mas, pelo menos, não me sinto tão merda quando me machuco quanto me sinto quando ele o faz.

- Obrigado - volto a ler e ela não resolve conversar ou ficar me perguntando coisas que atrapalhariam o ato.

...

- Vamos voltar, dois minutos - ela diz.

Sei que se refere ao tempo que falta para acabar o horário de almoço e que estamos na frente do mercado, então o gerente pode nos ver aqui. Mas, mesmo assim, pergunto:

- Temos mesmo que voltar? - Eu não sei que horas ela vai embora e não quero encontrar o MinHo.

Na verdade, queria poder me demitir, mas ainda preciso do dinheiro. E não acredito que vá achar outro emprego sem experiência.

- Sim, nós temos - diz.

Suspiro.

- Tem certeza?

- Vamos, vamos, eu trouxe algo pra você - ela me puxa e me leva para o vestiário.

A primeira coisa que percebo ao entrar é que MinHo está lá. Ele me olha feio o que me faz ficar receoso sobre entrar no local ou não.

- Por que parou? - ela me pergunta. - Venha.

Ela volta a segurar meu pulso e me puxa até seu armário.

- Tcharam - fala abrindo um potinho que estava no armário com vários Songpyons².

- Você que fez? - pergunto encantado e ela afirma. - Estão lindos.

- Sim, mas e aí? - pergunta.

- Quê? - pergunto confuso.

- Eu não me importo de estar bonito ou não, quero saber se estão gostosos - explica.

- Ah, é pra eu comer?

- Claro, né? Por que eu traria comida para você olhar?

Rio.

- Não sei, porque estão muito bonitos?

Ela me encara erguendo as sobrancelhas num "sério?" silencioso.

- O.K., eu vou comer.

Ela está de costas para ele, mas posso ver que MinHo continua me encarando e, apesar de me deixar nervoso, faço o melhor que consigo para me concentrar nela e não deixá-la perceber meu desespero por estar no mesmo cômodo que ele.

Forever - KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora