14 - Floresceu nesse jardim de solidão

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Acordo e meu corpo ainda dói apesar de eu ter colocado gelo e pomada. Tiro o pijama indo até o banheiro para me olhar no espelho. Há apenas sangue na minha bochecha, mas tem muitos hematomas pelo meu corpo.

Grito frustrado e jogo a primeira coisa que encontro (no caso um pote de creme) no chão.

- Por que merda eu deixo aquele idiota me bater? - pergunto com raiva de mim. - Ah, sim, porque eu não sou forte o suficiente para revidar e provavelmente só apanharia mais - me respondo ainda irritado, porém frustrado.

Vou me abaixar para pegar o pote mas minha costela realmente dói com o movimento. Tento conter minha vontade de chorar, mas não consigo é me sinto mais idiota ainda por isso.

Volto para minha cama e deito cobrindo meu corpo todo com o edredom na esperança de que isso me isole do resto do mundo. Como se o edredom fosse me proteger dos meus problemas. E, mesmo que eu saiba que ele não vai, me sinto um pouco melhor desse jeito.

E, pela primeira vez em muito tempo, me permito não ir para a faculdade. Por que, além de já estar atrasado, eu não quero fazer nada hoje, não quero ver ninguém e nem que alguém me veja. Eu não quero compartilhar com o mundo o estado deplorável em que eu estou agora. Então apenas fico assim, chorando, escondido no meu cobertor, até pegar no sono novamente.

...

Acordo com meu celular tocando. Admito que já ouvi ele tocando algumas vezes, mas ignorei. Eu só queria ficar dormindo em paz, mas pode ser alguma coisa então levanto e me arrasto preguiçosamente até o aparelho que para de tocar antes que o alcance.

- Não queria atender mesmo - resmungo voltando para a cama com ele em mãos.

Já está de noite agora e eu continuo sem vontade de sair da cama, ou de fazer qualquer coisa. Eu nem comi desde que acordei, mas não é como se estivesse com fome, ou com disposição para comer.

Desbloqueio o aparelho e tem cinco ligações perdidas de um número desconhecido. E uma mensagem de operadora.

- Eu podia ter ficado dormindo - falo e o celular começa a tocar me assustando.

- Alô? - falo ao atender.

- NamJoon?

- Noona!? - falo surpreso. - Como... como conseguiu meu número? - pergunto.

- Eu... posso ter lido sua ficha - diz rápido e com uma entonação de pergunta.

- O quê? - pergunto confuso. - Que ficha?

- Tem uma pasta, com seu currículo na administração do mercado.

- Sério? Uma pasta minha.

- É. Na verdade, de todo mundo, mas você faz parte de todo mundo, então você está lá. Quer dizer, não você você, sua ficha, mas... Ah você entendeu.

Rio fraco.

- Mas... Calma, a gente não pode entrar na administração - digo.

- Mas tá tudo bem, ninguém me viu - diz.

- Por que fez isso? Realmente quer ser demitida? - pergunto irritado.

- Não. Eu... queria te ligar - diz. - Mas não tinha seu número. Então fui lá para pegar porque achei que os outros também não teriam.

- Por que você queria me ligar? - pergunto.

- Eu fiquei preocupada porque você não veio - diz. - Você sempre vem. E também não atendeu as primeiras ligações... Eu achei que algo realmente tivesse acontecido.

Forever - KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora