Caminhos Cruzados // harry styles

Capítulo Sete

- Estás tão bonita!

- Obrigada, Mary. – agradeci, enquanto a abraçava. – Trouxe uma coisinha.

- Lizzie, não precisavas...isso é bolo de chocolate? - assenti, rindo alto.

- É a receita da minha avó, achei que ias gostar. Lembrei-me de teres dito que bolo de chocolate era o teu preferido.

Mary sorriu abertamente, com as bochechas vermelhas, e eu sorri de volta. Depois de lhe entregar a pequena tupperware que continha o bolo de chocolate – que tinha deixado no forno enquanto tomava banho, sabendo que arriscava queimá-lo -, ela deu dois passos para trás e deixou-me entrar. Vista de fora, a casa de Harry não podia ser mais moderna. Pintada de branco, toda a casa era linhas retas e simetrias, algo completamente diferente do condomínio em que eu vivia, em que as casas pareciam estar a lutar pela que parecia mais antiga e mais aristocrata. No entanto, era a minha casa e protegia-me o suficiente; eu gostava da minha casa, e também gostei da de Harry, por muito diferentes que fossem.

- O meu irmão ainda está na cozinha, ele é demasiado perfecionista quando cozinha. – ri, sendo invadida por jantares com Sam e Anna em que ele era sempre aquele que cozinhava. – Dá-me o teu casaco.

- Oh. Obrigada. – retirei o casaco de ganga que tinha levado, assim como a minha mala, e fiquei apenas com o meu telemóvel, que coloquei num dos bolsos do vestido.

A irmã mais nova de Harry pendurou o casaco e a mala nuns cabides mais à frente no hall de entrada e voltou-se para mim com um sorriso entusiasmado no rosto. Com um gesto da sua mão, chamou-me para a seguir e anunciou que a refeição seria vegetariana, pois ela e Harry o eram. Não me importei, porque eu própria mal comia carne a não ser quando fazia refeições com todo o grupo. Sozinha, sobrevivia à base de receitas simples e saborosas que o meu pai e a minha avó me tinham ensinado. A verdade é que raramente jantava sozinha e, para almoço, uma refeição simples tendia a ser o suficiente porque passava as tardes imersa na minha escrita.

Quando entrei na cozinha, fui sobressaltada pela aparência caseira da divisão. Ao contrário do que tinha visto da casa até ali, a cozinha fez-me lembrar a dos meus avós. Os armários eram de madeira e, no centro, estava uma mesa também de madeira, já com uma toalha azul por cima e três conjuntos de pratos, talheres e copo colocados. Harry estava de costas para mim, a abanar a cabeça enquanto mexia o que estava na panela e Mary revirou os olhos, rindo baixinho quando olhou para mim. A visão de Harry Styles na sua zona de conforto, na sua casa, a dançar de acordo com a música que tinha na cabeça fez-me sorrir e lembrar-me, como tudo parecia fazer, de situações de há quase uma década.

Não eram raras as vezes em que o meu grupo de amigos – Jason, Noah, Anna e eu – ia até à casa que Sam partilhava com Harry, a convite da Anna, para jantarmos antes de sairmos para bares. Harry e Sam, por vezes, convidavam o restante do seu grupo de amigos e, de repente, uma espécie de festa originava-se no pequeno apartamento de dois quartos. A casa em que eles viviam era apertada, como quase todas na zona universitária da cidade, mas eles tinham-na personalizado e era uma casa muito vivida. Lembrava-me de uma sala de estar com sofás e uma televisão, assim como algumas consolas de jogos, e um espaço vazio em que muitas vezes jogáramos jogos de bebidas. O truque era comprar bebida nos supermercados, beber durante e depois do jantar, e evitar pagar os preços exorbitantes dos bares.

Sorri com a memória. Mary tossiu para despertar o irmão.

- Lizzie, já chegaste! – vi, pelo canto do olho, Mary a revirar os olhos. Ri um pouco, tossindo para disfarçar.

Harry limpou as mãos no avental preto que tinha no corpo e aproximou-se de mim, atravessando a cozinha em três ou quatro passos. De repente, voltei a ser envolvida nos abraços intoxicantes e protetores que eram a marca registada do cantor. Apertei-o de volta e, ao afastarmo-nos, comentei quão bem a cozinha cheirava. A Mary anunciou que eu tinha levado um bolo e, quando Harry olhou para mim, pronto para me repreender, abanei a cabeça e encolhi os ombros.