Capítulo Vinte e Um

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Tinha recebido, como presente "só porque sim" da Mary, um bilhete para o concerto de Harry. Embora não fazendo parte de nenhuma das digressões, aquele concerto aparentemente já tinha sido planeado há alguns meses e, felizmente, seria na nossa cidade. Mary mandara-me mensagem a alegar que já não nos víamos há demasiado tempo, o que era verdade, e que precisava de saber as novidades pela minha boca e não pela do irmão mais velho. Eu aceitara o convite, apesar da ideia de ir a um concerto tão propício a confusão como o de Harry Styles me deixar um pouco ansiosa. Principalmente porque Mary me dissera que gostava de ver os concertos dos irmãos dentro da multidão, o que significava que eu também estaria dentro da multidão.

Eu iria voluntariamente colocar-me entre milhares de fãs do Harry quando, nos últimos três meses, tudo o que tinha aparecido nos sites e revistas desse género tinha sido fotos de nós os dois, a alegar uma relação. Relação essa que definitivamente existia, mas que mais ninguém além dos nossos amigos e familiares sabia; relação essa que eu tentava esconder ao máximo, apesar de ser difícil, quando estava com Harry, não agir como a sua namorada.

Às sete da tarde, estava eu à porta da casa de Harry, onde Mary me iria esperar, e seguimos juntas para a arena onde ele iria atuar. Na primeira, última e única vez que vira Harry ao vivo, tinha sido num contexto muito específico e íntimo, não me tinha preparado para uma experiência sensorial como vê-lo ao vivo numa arena enorme. Felizmente, existia uma coisa em comum em ambas as situações e isso era Mary, a bolinha de entusiasmo que pulava por todo o lado, adorando ver o irmão ao vivo sempre que tinha oportunidade para tal. Sempre que olhara para ela, eu sorria, porque, na realidade, eu estava tão entusiasmada como ela e só gostava de ter tanta energia para o mostrar tão fisicamente da mesma forma.

Não sabia até que ponto não seria errado eu ir a um concerto de Harry Styles com a sua irmã, depois de semanas – meses – a ignorar os rumores. Desde aquela primeira entrevista de rádio em que falara do meu livro e de Harry que nunca mais tinha dado a entender que sabia dos rumores que me circulavam. Tentava ao máximo ser ativa nas redes sociais como era anteriormente, embora com mais cuidado porque tinha sido descoberta por muitas fãs do cantor, para mostrar aos meus fãs que nada estava diferente. Não sabia se andava a suceder mas Anna não reclamara comigo ainda, portanto isso deveria significar que estava a fazer algo bem.

- Estás pronta? – Mary perguntou, enquanto entregávamos os nossos bilhetes e éramos revistadas. – Lizzie?

- Não sei bem. – admiti, numa voz fraca. Mary agarrou a minha mão e entrelaçou os nossos dedos, apertando-a na sua. Para isso, soltei um sorriso. – Não me vais largar a noite toda, certo?

- Não. – garantiu, assentindo. – Bem...quer dizer...eu vou eventualmente largar-te para saltar e dançar mas, tu sabes...durante o resto do concerto não.

- É o que chega.

Rodeadas por fãs que corriam por todo o lado, procurando os melhores lugares, eu não sabia para onde olhar. Mary garantiu-me que não tínhamos que nos apressar porque, apesar do seu gosto pelas multidões, ela sabia que não podia arriscar totalmente a sua segurança e, portanto, tinha arranjado dois bilhetes para a espécie de Golden Circle da arena. Eu ficara chocada com a existência de algo do género, principalmente porque já não ia a concertos em arenas há imensos anos, preferindo festivais com os meus amigos, mas calculava que fazia sentido. A indústria musical faria sempre tudo para conseguir mais dinheiro e se restringir um pequeno perímetro da arena por um preço acrescido era o que preferiam fazer, eu não era ninguém para opinar.

Atravessar a arena foi uma experiência no mínimo traumática. Embora Mary não me largasse, não tinham sido definitivamente poucas as pessoas a empurrarem-me, meterem-se à frente ou mesmo a agarrarem-me. A última acontecia sobretudo quando eu era reconhecida e, embora eu estivesse desejosa de entrar no tal perímetro seguro, não podia negar quando algumas pessoas me pediam autógrafos. Mary era paciente, sorrindo para as pessoas que também a reconheciam e sendo a pessoa simpática que era sempre. Eu, no entanto, estava a engolir todo o meu nervosismo, que só aumentava a cada pessoa que me reconhecia e falava comigo.

Caminhos Cruzados // harry stylesOnde histórias criam vida. Descubra agora